Saúde Mental e Liderança

Por Vera Norte, Co-Founder & Managing Partner do Comunicatorium

A propósito da celebração do Dia Mundial da Saúde mental e apesar de cada vez serem mais as pessoas afetadas por depressão, e maiores os números dos que se suicidam, a saúde mental é um tema cada vez mais discutido de forma transparente e sem preconceito. Um estudo recente do Instituto Ricardo Jorge, aponta para um aumento pós pandemia das depressões e estados de ansiedade nomeadamente nos grupos mais afetados pela pandemia (rendimentos mais baixos e desempregados, profissionais de saúde). Aponta também para um aumento dos burnout. Dos inquiridos cerca de 25% apresenta sintomas moderados a graves de ansiedade depressão e stress pós-traumático.

As consequências de 2 anos de pandemia afetaram as pessoas de forma profunda. A vida alterou-se e algumas” tendências “foram subitamente aceleradas de forma extraordinária é o caso da digitalização; do “on line”, compras, escola, trabalho, lazer. As relações espaciais entre as pessoas alteraram-se, criando-se o chamado “distanciamento social”. O contacto mais próximo passou a ser apenas com um núcleo restrito de pessoas.

Outra tendência já discutida antes da pandemia é a importância do equilíbrio trabalho/família e amigos. A pandemia alterou muitas das relações familiares e com amigos e teve impacto na dimensão da importância que cada um dá a essas relações. Também aqui a alteração do espaço físico trouxe impacto nas relações retirando a experiência sensorial fundamental numa relação.

Do ponto de vista do trabalho a gestão do tempo (marcação de calls e reuniões) tornou o dia uma sequência quase sem intervalos ou pausas. O café e o cigarro deixaram de ser oportunidades de trocar ideias. Tudo mudou; para os que ficam em casa e para os que continuam a deslocar-se ao local de trabalho.

Diz-se que todas estas alterações trazidas pela pandemia afetaram a saúde mental das pessoas. Mais angústia mais introspeção, mais incertezas. Acentuaram -se as depressões, a ansiedade as tensões, mas em alguns casos, mas também houve evoluções positivas, mais equilíbrio familiar, mais exercício físico, mais tempo disponível para o agregado familiar. Não é claro por exemplo em relação ao teletrabalho, que todos queiram regressar ao local de trabalho. O mais provável é que no futuro haverá sempre que possível a criação de situações híbridas. Todas estas consequências têm impacto nas pessoas e tem claramente impacto na liderança dessas pessoas. A coordenação de equipes dispersas fisicamente, o aumento do on-line, a saúde mental dos indivíduos veio criar novos desafios aos líderes.

A pressão sobre os líderes vai ser ainda maior porque os contextos afetaram mais as pessoas.

Como responder? 5 aspetos fundamentais a ter em conta pelos líderes:

– Assumir a sua vulnerabilidade (não há heróis, todos globalmente foram afetados)

– Ser assertivo (não diretivo, não paternalista)

– Permitir o erro (criar um ambiente propicio á procura conjunta de soluções, errar faz parte do processo de tentar)

– Escutar (praticar a escuta ativa só assim consegue perceber o que se passa com a equipa)

– Comunicar, comunicar, comunicar ! (A comunicação é o elo que estabelece a ligação com os indivíduos).

Já sabemos que o ”difícil mesmo são as pessoas“. Pois as pessoas estão mais difíceis.

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