Ser ou não ser empreendedor, eis a questão

O empreendedorismo está na agenda do dia. A vinda de grandes eventos para o território nacional ajudou a economia a encontrar um novo “motor” e isso tem-se revelado muito importante.

 

Por Marta Melo, directora de Carreiras do The Lisbon MBA

 

 

 

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), foram criadas mais de 20 mil empresas só no primeiro semestre de 2018. As regiões que mais contribuem para esta estatística são a Grande Lisboa, Porto e Algarve, e as áreas em que mais empresas são criadas são no Comércio, Alojamento, Restauração e Imobiliário. Este número representa um crescimento de 14% face a igual período do ano passado. Contudo, não basta querer ser empreendedor. É preciso saber ser empreendedor.

Sendo encarado muitas vezes como um caminho possível para combater o desemprego ou mesmo para dar um novo rumo à nossa carreira profissional, esta é uma decisão na maioria das vezes de reconduzir a carreira para um caminho completamente diferente do desenvolvido até ao momento. E é essa muitas vezes a motivação de quem vem à procura de formação executiva avançada. Adquirir um conhecimento holístico da gestão nas suas mais diferentes componentes, mas sem deixar de conhecer as ferramentas e as tácticas para aplicar esse conhecimento na prática. A aprendizagem é feita no dia-a-dia com colegas de diferentes perfis profissionais, nacionalidades, idades, formas de estar perante o trabalho e na vida, e essa diversidade traz uma ainda maior riqueza de conhecimento. Todo esse conhecimento acumulado ao longo de um ou dois anos fomenta a vontade (mesmo para quem não a tenha) de se tornar empreendedor. Por vezes, é também o contexto apropriado para encontrar o parceiro de negócio ideal, conciliando vontades e interesses comuns.

Se tomar a decisão de reconduzir a sua carreira investindo no seu próprio negócio, não se esqueça, porém, de avaliar se tem as competências necessárias para seguir uma carreira de empreendedor. Não é apenas uma questão de escolha, mas sim de humildade para reconhecer se tem ou não o perfil.

O conceito empreendedorismo está na moda. Todavia, a maioria dos projectos falham, não porque o projecto não tenha viabilidade, mas sim porque quem o lidera nem sempre tem as características necessárias para ser empreendedor. É importante conciliar o perfil de líder com o perfil operacional hands on. Um empreendedor tem de saber fazer, dando o exemplo, arregaçando as mangas. No entanto, tem também de saber ser, liderando, influenciando e inspirando os que o rodeiam num propósito comum. Algumas destas competências de liderança são inatas, nascendo connosco, mas muitas outras podem ser desenvolvidas através das nossas vivências e relações interpessoais que vamos criando ao longo da vida.

Um verdadeiro empreendedor é uma pessoa resiliente e que se move pelo risco. Tem a resiliência para lidar com contextos de incerteza, a flexibilidade para aceitar que o óptimo é inimigo do bom, a criatividade para pensar em caminhos alternativos e, acima de tudo, deverá fazer um bom marketing de si próprio, dando visibilidade a si e ao seu projecto pelos canais mais adequados para o efeito. Encara o seu projecto com entusiasmo contagiante e com uma paixão que o faz viver intensamente os desafios que se apresentam. Deve ambicionar ter sucesso e ter um espírito positivo e optimista, mas também não deve recear falhar. Errar faz parte do processo de aprendizagem e é deveras importante saber quando fechar a porta e partir para o próximo passo.

Por isso, se pensar dar um novo impulso à sua carreira tornando-se empreendedor, não se esqueça de responder com humildade: sou ou não sou empreendedor, eis a questão.

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