Sónia Sousa, Grupo Rego: «O sector dos Seguros tem vindo a reinventar-se e são imensas as oportunidades profissionais existentes»

Extremamente burocrático e pouco atractivo, é assim que o mundo dos Seguros é visto pela maioria. Segundo Sónia Sousa, directora de Recursos Humanos do Grupo Rego, tal não podia estar mais longe da realidade e o novo programa de estágios do grupo pretende precisamente desmistificar essa ideia.

Por Tânia Reis

 

Para fazer face às exigências externas e internas, o sector segurador tem vindo a reinventar-se, seja na adopção de novas tecnologias quer no investimento na transformação digital. As oportunidades de carreira, onde os jovens têm um papel fundamental, são muitas, mas para isso é necessário que conheçam bem a realidade do sector.

 

Em que consiste o programa de estágios do Grupo Rego?

O programa de estágios que o Grupo REGO vai promover este ano, dirigido a jovens talentos e recém-licenciados, consiste na atracção de jovens talentos. Procuraremos uma aproximação às instituições de ensino para dar a conhecer o que é o ramo segurador nos dias de hoje, de modo a contrariar a ideia de um sector pouco atractivo, burocrático e que “parou” algures no tempo. Não é a realidade actual, este é um sector com muitas oportunidades de carreira, onde os jovens podem realmente ter um papel fundamental e uma carreira profissional de sucesso.

 

Por que sentiram necessidade de o “criar”?

Exactamente para desmistificar a ideia de ser um sector extremamente burocrático e pouco atractivo. Na realidade, tem havido bastante investimento tecnológico, evolução e optimização de processos, adopção de novas tecnologias e um investimento bastante significativo na transformação digital. É um sector que se tem vindo a reinventar para fazer face às exigências não só do cliente externo como das pessoas que optam por fazer carreira profissional nesta área. São imensas as oportunidades profissionais existentes, mas é necessário que os jovens conheçam mais profundamente a nossa realidade para se sentirem com vontade de abraçar os projectos disponíveis. Num sector onde os dados actuais apontam para uma média de idade de 50 anos, conseguir uma mescla geracional seguramente só trará benefícios para as empresas, onde o know-how e a inovação se complementam – todos saem a ganhar.

 

Que objectivos definiram?

Pretendemos, principalmente, criar uma oportunidade de interesse nos jovens, para que percebam que o ramo segurador acompanha as tendências de mercado e de Gestão de Pessoas. Que reunimos as condições de trabalho, de remuneração e de benefícios que correspondem às aspirações das novas gerações. Esta é uma iniciativa que faz parte de um caminho estratégico que a empresa pretende colocar em prática, a par de muitas outras boas iniciativas que já estão implementadas e outras tantas que se esperam num futuro próximo.

 

Que outros desafios enfrenta a área de Gestão de Pessoas no sector?

Os desafios são imensos, quer pela elevada exigência dos clientes, quer pela necessidade de correspondermos às expectativas das nossas pessoas, quer pela diversidade geracional dos dias de hoje, e que é uma realidade na nossa organização, quer por todo o processo de transformação digital que não podemos descurar.

Conseguir corresponder às expectativas de um variado leque geracional, aliando uma estratégia de Gestão de Pessoas aos valores e à missão da empresa, tem sido o nosso foco e ao mesmo tempo um enorme desafio. É a partir daí que certificações como a certificação efr – Entidade Familiarmente Responsável – fazem todo o sentido para nós e que felizmente alcançámos este ano.

 

Acredita que esta iniciativa também promove o Grupo Rego como empresa atractiva para trabalhar?

É mais uma medida que faz parte do nosso plano estratégico de Gestão de Pessoas. É mais uma ferramenta que temos ao nosso alcance para nos posicionarmos no mercado. Somos uma empresa muito estável, com um percurso idóneo, um crescimento consolidado e sabemos que o foco tem de estar na Gestão de Pessoas, portanto as nossas acções e iniciativas terão um determinado impacto. Este é um caminho em que acreditamos. Semear agora para colhermos mais à frente, despertando o interesse nos jovens por este mundo que parece pouco atractivo, mas que na realidade não o é. É um mundo de pessoas, cuidamos das pessoas e dos seus bens, e isso é muito importante e desafiante.

 

Que outras iniciativas desenvolvem para atrair e reter talento?

As nossas prioridades têm de passar por manter níveis elevados de satisfação dos nossos colaboradores, mantendo-os alinhados e motivados. Com este propósito, entre as iniciativas, algumas das mais relevantes consistem na disponibilização de uma plataforma de benefícios com opções que procuram corresponder às necessidades de todos, a PeopleInBest; a realização de eventos corporativos e sessões de teambuilding que permitem a união do grupo; oferta de seguro de saúde, acidentes pessoais e plano complementar de reforma, dada a inerência à nossa actividade; bem como outros regimes e ofertas com elevados níveis de adesão, nomeadamente as sessões de quick massage presencial de trinta minutos.

Somos uma empresa que sabe que o caminho passa por apostar na sua marca enquanto entidade empregadora forte, permitindo, assim, uma maior atracção de candidatos qualificados. Na realidade, não precisamos de inventar nada, precisamos de estar atentos e saber ouvir as pessoas.

Neste sentido, só temos de continuar a reunir todos os esforços com vista a melhorar e optimizar a experiência das nossas pessoas. Só assim existirá um real comprometimento.

 

Com os rápidos avanços tecnológicos, que principais desafios vê na Inteligência Artificial?

A IA sem dúvida que veio para ficar e, se soubermos tirar partido do que nos pode oferecer, teremos muito a ganhar. Daí a importância de conseguirmos atrair os mais jovens, pois já estão familiarizados com este avanço tecnológico.

Não podemos ser meros espectadores desta revolução tecnológica e o principal desafio será conseguirmos enfrentar as limitações na capacidade computacional e de processamento que são precisas para uma utilização eficaz de soluções de IA avançadas.

A par, outro ponto problemático passa pela análise, interpretação de dados e informação que prevê a necessidade de termos profissionais com competências e especializados em ciências de dados. O acompanhamento humano é, portanto, fundamental, pois a “máquina” pode tomar decisões a partir das programações, mas é preciso existir um controlo humano para decisões críticas.

 

Mas também traz oportunidades. Quais destaca?

A integração da IA no mundo corporativo, com os seus algoritmos avançados, permite-nos analisar grandes volumes de dados e informação – conseguimos identificar padrões de sucesso e prever uma melhor adaptabilidade ao mundo que nos rodeia, garantindo, assim, uma resposta mais proactiva às mudanças.

Além disso, permite uma automatização de processos e tarefas rotineiras, libertando tempo para uma maior concentração em actividades mais complexas e estratégicas. Outro grande destaque, na minha opinião, é a personalização da experiência do cliente, seja externo ou interno, pois apura a capacidade de compreender e responder às necessidades individuais dos clientes, aprimorando a satisfação e a retenção.

 

E para o futuro na Gestão de Pessoas, que tendências prevê?

A tendência passará por conseguir corresponder cada vez mais às expectativas individuais das pessoas. Manter os colaboradores felizes tem de ser o foco e é isto que nos vai ajudar a atrair e fidelizar os colaboradores.

No mundo corporativo actual, precisamos de nos destacar dos demais. As pessoas procuram vantagens que reflictam os seus valores, que promovam o equilíbrio entre a vida familiar e profissional, e proporcionem crescimento e impacto positivo na sociedade. Portanto, teremos de ir além dos benefícios considerados tradicionais e pensar um pouco “fora da caixa”, para nos reinventarmos continuamente.

Se tivermos uma estratégia onde a nossa cultura organizacional seja autêntica reflectindo os nossos valores, se praticarmos a transparência nos processos, respeitando as expectativas e dando oportunidades de crescimento, aliado a um bom programa de desenvolvimento e de benefícios onde investimos na formação e em programas de bem-estar, conseguiremos seguramente manter as pessoas motivadas, comprometidas e felizes.

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