Tendência para a Gestão de Pessoas em 2025. BCG foca três palavras: adaptação, flexibilidade e aprendizagem
Manuel Luiz, Managing director & partner da Boston Consulting Group em Lisboa, identificou três tendências que vão marcar o mundo do trabalho e da Gestão de Pessoas em 2025.
Nos últimos anos, o mundo do trabalho tem sido marcado pelo rápido desenvolvimento de tecnologias disruptivas, nomeadamente a Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa), por mudanças no funcionamento das organizações e por alterações nas necessidades dos profissionais, que valorizam mais o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
Num mercado de trabalho dinâmico, a BCG acredita na constante evolução destas transformações, e que as três principais tendências que marcarão o mundo da gestão de pessoas em 2025 serão:
Adaptação às necessidades e valores dos profissionais
Na última década, factores como “Segurança do posto de trabalho”, “Equilíbrio entre a vida pessoal e a exigência profissional” e “Benefícios económicos”, ganharam importância na avaliação de oportunidades profissionais pela força de trabalho, traduzindo-se nas três principais necessidades dos trabalhadores actualmente, segundo um estudo da BCG intitulado “How Work Preferences Are Shifting in the Age of GenAI”.
A segurança do posto de trabalho reflecte a incerteza decorrente do potencial impacto da adopção de novas tecnologias, como a IA. O equilíbrio entre a vida pessoal e a exigência profissional ganhou importância adicional nos anos pós pandemia da COVID-19, e, aliado a oportunidades de desenvolvimento contínuo e progressão de carreira, tornou-se um diferencial competitivo para as organizações. Finalmente os benefícios económicos subiram substancialmente no ranking de importância manifestada pelos trabalhadores.
Há dez anos, em 2014, os factores que hoje ocupam o top 3 de preferências dos trabalhadores estavam respectivamente nas posições 7, 3 e 8.
Mobilidade global do talento e flexibilidade no local de trabalho
Um outro estudo recente publicado pela BCG revelou que um terço dos portugueses (32%) equaciona emigrar. Esta percentagem diminui com a idade e aumenta com o nível de formação, sendo que os jovens entre os 18 e 24 anos (64%) e indivíduos com ensino universitário (34%) são os mais propensos a emigrar face à população activa entre os 55 e os 64 anos (17%), e sem formação universitária (29%). O desfasamento entre as expectativas e ambição destes dois grupos (mais novos e mais formados) e aquilo que o mercado nacional tem para oferecer foi identificado como um elemento preponderante para o sentimento manifestado pelos inquiridos.
Ao nível de factores intrínsecos da profissão, destaca-se a flexibilidade de horário e a autonomia e responsabilidade, que cresceram em importância nos últimos anos. Paralelamente, o trabalho remoto também está a redefinir as possibilidades da mobilidade laboral, permitindo que os profissionais explorem carreiras globais sem necessidade de uma realocação física.
Promoção da requalificação e aprendizagem contínua na era da IA
Com a rápida evolução tecnológica, temos assistido a uma necessidade crescente de requalificar os profissionais e adaptá-los às exigências de um mercado de trabalho cada vez mais digital e competitivo. De forma a garantir que os colaboradores se mantêm competitivos e aptos para acompanhar estas transformações, as empresas já estão, e continuarão a adoptar novos modelos de formação contínua orientados para a qualificação e requalificação profissional. Dentro destes programas, é importante que promovam a adopção da IA Generativa, permitindo aos profissionais desenvolver tarefas com o auxílio da tecnologia, potenciando as suas capacidades.