Tendências para a Gestão de Pessoas em 2025: Mercer defende que «é fundamental assegurar a consistência entre palavras e acções, nomeadamente na transparência salarial e reconhecimento do desempenho»

Joana Fernandes, Career Country Business leader da Mercer Portugal, identificou três tendências que vão marcar o mundo do trabalho e da Gestão de Pessoas em 2025.

 

Os últimos anos mostraram de forma inequívoca que os desafios de pessoas são, na verdade, desafios de negócio. As organizações procuram aumentar a agilidade do talento, de modo a responder a realidades complexas e imprevisíveis. O objectivo é construir um modelo sustentável que permita que os negócios, as pessoas e a sociedade prosperem em conjunto.

Simultaneamente, os colaboradores continuam a procurar realização, reconhecimento e crescimento, mas a forma como querem trabalhar está a evoluir. Neste contexto de mudança, é crucial que as empresas se adaptem às novas expectativas e necessidades das suas pessoas.

Apesar da ambiguidade e complexidade, há uma certa estabilidade nas tendências que parecem marcar o próximo ano em termos de gestão de pessoas: conhecer o talento, reforçar a performance e restabelecer a confiança.

Um em cada dois executivos acredita que a Inteligência Artificial irá alterar profundamente o seu modelo de negócio (Global Talent Trends, 2024). Apesar dos ganhos de produtividade esperados e da clareza de que as funções, e não as pessoas, se podem tornar redundantes, alerta para a necessidade de conhecer bem o talento interno. Isso pode ser feito através de assessments, por exemplo, permitindo antecipar melhor as necessidades de requalificação, garantir a diversidade nas equipas e realizar um planeamento mais estratégico da força de trabalho.

Num contexto de desaceleração do crescimento de algumas empresas e de uma aparente quebra na produtividade das equipas, o foco na performance assume uma relevância crescente. De acordo com o nosso estudo Global Talent Trends (2024), 98% das empresas estão a planear uma transformação do trabalho com o intuito de aumentar a produtividade da força do trabalho. Este impulso para a produtividade leva-nos a reflectir sobre o papel das tecnologias emergentes e da inteligência artificial e a repensar o desenho do trabalho, promovendo modelos de talento que sejam cada vez mais ágeis e centrados nas pessoas.

É uma oportunidade única para revisitar os sistemas de gestão de desempenho, avaliando como podem contribuir de forma mais eficaz para o alcance dos objectivos estratégicos da organização e para o fortalecimento da sua cultura. Hoje, a avaliação da produtividade vai muito além do simples cumprimento de indicadores de actividade; abrange também dimensões cruciais, como o impacto do trabalho na saúde e no bem-estar das equipas.

Em tempos de mudança e incerteza, espera-se que os líderes transmitam uma direcção clara, transparência e agilidade. A confiança nas organizações atingiu o seu auge em 2022, com os colaboradores a sentirem-se seguros, especialmente num período pós-pandemia em que os processos de escuta e empatia estavam em destaque. Contudo, actualmente, assistimos a uma diminuição dessa confiança, o que torna imperativo compreender como podemos reforçá-la. É fundamental assegurar a consistência entre palavras e acções, nomeadamente, na transparência salarial e reconhecimento do desempenho. Além disso, fomentar a empatia, escutando os colaboradores, compreendendo as suas preocupações e incluindo-os no processo de criação de soluções, torna-se essencial.

Embora não enderece todos os desafios que 2025 nos trará, conhecer o talento, potenciar a performance e fomentar uma liderança próxima e empática certamente nos permitirá enfrentar o futuro com maior confiança.

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