Trabalho temporário aumenta devido à crise
O recrutamento de trabalhadores com recurso a agências de trabalho temporário tem vindo a subir nos últimos anos, apesar de haver milhares de empresas a fechar e do desemprego estar a aumentar, disse à Lusa fonte da associação do sector.
As entidades patronais recorrem cada vez mais às agências de trabalho temporário, até porque há mais informação e fiscalização, explicou à Lusa o presidente da Associação das Empresas do Setor Privado de emprego (APESPE), Joaquim Adegas. «Perante as restrições às contratações e a inexistência de ofertas de emprego, o papel das empresas privadas de emprego é fulcral para inverter a situação e combater o desemprego», defendeu. Situação que Joaquim Adegas acredita ser possível porque as empresas de recrutamento têm melhorado a sua imagem.
«Nos anos 80 o trabalho temporário era mal visto, muito conotado com trabalho precário e recibos verdes. Hoje, com uma maior informação sobre o sector e numa situação de crise, o trabalho temporário permite um regresso mais célere das pessoas ao mercado laboral», nomeadamente dos trabalhadores com menos formação e dos desempregados de longa duração, disse. «Agora, por um lado, temos empresas que já perceberam as vantagens de recorrerem a nós para arranjar trabalhadores e, por outro, serviços privados de emprego que oferecem esperança às pessoas, providenciando-lhes uma porta de entrada no mercado de trabalho, funcionando como um trampolim para um contrato permanente», disse.
Apesar de ainda não ter disponíveis dados actualizados relativos a 2012, Joaquim Adegas lembrou que, em 2010, as empresas de trabalho temporário empregaram «mais do dobro das pessoas [do conseguido pelo] Instituto do Emprego e da Formação Profissional».
Em Portugal existem actualmente 193 empresas de trabalho temporário com alvará, muitas delas com várias delegações. De acordo com dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), em 2010 registou-se a cedência de 279.924 trabalhadores, o que corresponde a uma média de 767 trabalhadores colocados diariamente. No primeiro semestre de 2011, foram registadas 146.975 cedências para um total de 95.986 trabalhadores, o que significa um aumento de 8,5% do recurso ao trabalho temporário face ao período homólogo de 2010 e uma média de 803 colocados diariamente.
Em Outubro deste ano, a APESPE contabilizava no seu site 6.058 candidatos, um número que significa um acréscimo de 1.211 utilizadores, comparativamente ao final do primeiro semestre de 2012. Em relação às ofertas de emprego disponíveis, a maior parte destina-se a vendas e comerciais, seguindo-se ‘call center’ e serviços de apoio ao cliente, bem como técnicos de saúde e auxiliares. A APESPE conta actualmente com 50 empresas do sector privado de emprego associadas, que representam 75 mil postos de trabalho e uma facturação anual de 600 milhões de euros.