Transformar infâncias através do poder dos livros

Ontem, dia 1 de Julho, assinalou-se o Dia Mundial das Bibliotecas. Embora seja uma data que ainda não foi integrada pelas entidades nacionais e internacionais, foi adoptada pela sociedade e tornou-se num marco enraizado na cultura. Tal fenómeno explica, por si só, a importância que é atribuída às bibliotecas e a toda a riqueza que estas integram.

 

Por Filipa Pimentel, directora de Sustentabilidade e Impacto Local do Pingo Doce

 

As bibliotecas são um dos espaços mais fulcrais para uma comunidade e ultrapassam as fronteiras físicas de um espaço. Representam um local que acolhe o saber e todos aqueles que o procuram para lhe dedicar momentos de silêncio. José Saramago, reconhecido com o Prémio Nobel da Literatura em 1998, é uma prova ilustre ao ter afirmado, quando se referia às visitas frequentes a uma biblioteca pública, que foi nestas que o seu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou, «apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender». As bibliotecas são, acima de tudo, um ambiente agregador de diferentes gerações unidas por um gosto comum.

Mesmo sendo transversal a todas as idades, a leitura desempenha uma importância central no desenvolvimento cognitivo dos jovens. Importa explicar aos mais novos que os livros não se limitam a meros blocos de papel ou a um conjunto infindável de capítulos. A paixão pelos livros, que é formada gradualmente e a seu devido tempo, traduz uma força impulsionadora do raciocínio, da criatividade, da capacidade de formular pensamentos ou mesmo de um maior controlo da ansiedade, um ponto cada vez mais premente na gestão emocional das crianças.

Contudo, as bibliotecas e os livros não se cingem às palavras. Esta aprendizagem pode ser complementada por outras formas de arte, visto que qualquer modo de expressão da natureza humana é legítimo e merecedor de igual valor, não sendo limitada a livros complexos ou extensos. Atrevo-me a dizer, com toda a certeza, que um pequeno texto que uma criança oferece a uma mãe, pai ou a qualquer outro parente, amiúde acompanhado de um simples desenho, estampa nas suas vidas uma marca tão forte e indelével como uma obra de relevo dos grandes autores da história.

Apesar dessa relevância ser reconhecida, há um desafio que persiste: como incentivar o gosto pela leitura? Tal como refere a conhecida expressão, “se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé”. Nesse sentido, considero que um dos métodos mais eficazes para aumentar os hábitos de leitura e, consequentemente, os níveis de literacia é aproximar os livros das pessoas. Seja na biblioteca da escola, na estante do quarto ou na caixa do supermercado: um livro cabe em qualquer espaço. A distância física e a inacessibilidade financeira são fatores a colmatar, pois não podem tornar-se razões impeditivas do imprescindível contacto com a cultura. Por isso, no Pingo Doce, consideramos os livros como bens essenciais, tal como o pão, o arroz ou os cereais, vivendo harmoniosamente no mesmo espaço e a preços acessíveis a todos.

Várias iniciativas, como o Prémio de Literatura Infantil do Pingo Doce, emprestam a sua ajuda para incentivar a leitura, dando palco a novos escritores e ilustradores e assegurando uma maior acessibilidade em prol do gosto pelos livros entre os mais novos.

Numa fase precoce da vida, na qual os pensamentos são recheados por sonhos alcançáveis e ideias futuristas, um livro tem a capacidade de potenciar a expansão desses mesmos horizontes e ampliar todo o saber que um jovem ainda tem por desvendar. Porque, independentemente do local onde nasce ou vive, qualquer criança deve ter o direito a sonhar.

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