Três tendências que vão mudar a indústria transformadora em 2020
A quarta revolução industrial está a ganhar ritmo à medida que as empresas recorrem à digitalização para melhorar os seus processos. Isto dá o mote a uma conjunto de mudanças sociais, políticas, culturais e económicas, que terão um grande impacto nas sociedades.
A Sage destaca que, neste contexto, a indústria transformadora está a tomar a iniciativa de se equipar com as tecnologias necessárias para se adaptar às mudanças que aí vêm, o que inclui novas competências de Inteligência Artificial (IA), a Internet das Coisas (IoT), o Machine Learning (ML) e ferramentas automatizadas. O sector atravessou um ano complicado, já que os volumes de produção sofreram uma redução, em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados apresentados pelo Eurostat. Num mundo cada vez mais digitalizado, os produtores precisam de encontrar novas formas de optimizar as operações e continuar competitivos.
«Apesar das incertezas, as previsões para 2020 continuam a ser positivas», defendem. «Muitos fabricantes estão a descobrir novas razões para inovar, impulsionados pela pressão macroeconómica, pela concorrência, por mudanças na cadeia de distribuição, pelos esforços de sustentabilidade e, claro, pelas exigências dos clientes.»
Assim, a Sage, apresenta as três tendências-chave que vão impulsionar a indústria no próximo ano.
1. A sustentabilidade acelera a economia circular
As preocupações com o meio ambiente estão a afetar todas as camadas sociais e empresariais. Os consumidores estão a utilizar cada vez menos plástico, de forma consciente, exigindo às marcas que reduzam o embalamento desnecessário e se tornem mais inteligentes em termos energéticos no seu quotidiano. As gerações mais jovens são cada vez menos materialistas, reciclam roupas, alugam bicicletas e partilham boleias em carros elétricos híbridos.
Este comportamento está a alterar as expectativas dos clientes em relação aos produtos que recebem. Procuram melhor qualidade e longevidade do ciclo de vida dos produtos, para que possam ser reutilizados ou reciclados.
Em 2020, a transição da economia linear (comprar, fazer, eliminar) para a economia circular (reutilizar, reparar e reciclar) vai prevalecer na indústria. Não sendo um conceito novo, a economia circular vai poder alcançar o seu potencial.
De acordo com o estudo mais recente da Sage, quase todas as empresas afetadas pelas tendências de produção sustentável (61%) já adoptaram uma estratégia de economia circular (97%). A conservação de recursos e os benefícios em termos de receitas e custos estão a impulsionar a adopção dessas práticas, o que pode também ser considerado uma boa estratégia para promover a imagem das marcas.
2. Observância das normas, “do prado ao prato”
Um sistema alimentar inclui todos os pontos do processo, desde o fabrico até ao consumidor – “do prado ao prato”. Desde a produção de alimentos ao seu processamento, passando pela distribuição, até ao consumo, todas as fases são integradas e podem melhorar, ou danificar a saúde ambiental, económica, social e nutricional do ecossistema.
A rastreabilidade alimentar encontra-se no cerne desta questão, abrange todas as fases do ecossistema, desde os produtores aos fabricantes, ao longo de toda a cadeia de distribuição, até ao distribuidor ou fornecedor. A rastreabilidade alimentar tem sido uma das principais prioridades para os produtores e retalhistas alimentares durante décadas, mas os consumidores continuam a ser afetados pela incoerência dos padrões de qualidade dos alimentos. Em alguns casos, a negligência das intolerâncias e alergias alimentares resultou até em situações que implicaram risco de vida.
A exigência por uma maior transparência e controlo de qualidade alcançou novos níveis e a crescente popularidade dos alimentos naturais só aumenta a complexidade deste processo. Os fabricantes precisam de adoptar medidas adicionais para garantir que os seus processos de fabrico são da mais elevada qualidade e correspondem aos mais recentes padrões alimentares. A observância das normas e os controlos de qualidade melhorados, juntamente com regulamentos mais rígidos, vão garantir uma atenção renovada aos padrões alimentares em 2020.
3. Criação de playlists de aplicações próprias
A Gartner prevê que, em 2023, 40% dos profissionais vai organizar as suas aplicações de negócios da mesma forma que o faz com os serviços de streaming de música.
Nos últimos anos, pudemos observar uma mudança na forma como as organizações estão a alterar a oferta de serviços Tecnologias de inoformação (TI) aos utilizadores, muito mais moduláveis e personalizáveis. Hoje em dia, muitas empresas oferecem serviços TI através de uma abordagem uniformizada. Esperam que os colaboradores adaptem o seu trabalho às opções disponíveis e, como resultado, vemos o aumento da chamada ‘shadow IT’, em que os colaboradores trazem os seus próprios dispositivos e aplicações para o local de trabalho. Esta pode também ser uma das razões para os níveis de produtividade reduzidos de que se fala há tanto tempo e, para além disso, este modelo teve ainda a consequência não intencional de aumentar cada vez mais o risco de segurança dos dados das organizações. O efeito dominó perturba o fluxo de trabalho. Em vez de limitar os colaboradores na escolha da sua própria forma de trabalhar, as empresas têm de encontrar novas formas de lhes oferecer serviços TI eficazes. Ao mesmo tempo, precisam também de reforçar a sua segurança e acessibilidade.
As tecnologias de Enterprise Resource Planning (ERP) permitem às empresas consolidar os seus dados e aplicações de negócio, bem como proporcionar às equipas de TI a competência para oferecerem os seus serviços de forma modular. Como resultado, os utilizadores podem criar as suas próprias ‘playlists’ individuais de aplicações, personalizadas de acordo com as suas necessidades, o que os capacita para trabalhar de forma mais produtiva.