Veículos a conduzir sozinhos vai ser uma realidade a curto prazo? Saiba o que dizem os especialistas

A integração da condução autónoma em contexto urbano e o estado de evolução desta tecnologia em veículos foram os principais temas em debate na primeira CTW Talk, organizada pela tecnológica Critical TechWorks. Esta foi a interacção inaugural de uma iniciativa que tem como objectivo discutir vários ângulos sobre o futuro da mobilidade. A primeira sessão contou com a participação da Câmara Municipal de Lisboa, da Bosch e da Intellias.
A João Esteves, Chief Technical Titan na Critical TechWorks, juntaram-se no painel Fernando Rosa, chefe da Divisão de Estudos e Planeamento da Direcção Municipal da Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa (CML); Rui Cardoso, director da área de Cross-Domain Computing Solutions and ADAS System na Bosch, e ainda Pedro Braga, C++ architect na Intellias.
 
O painel abriu com uma reflexão sobre a evolução da condução autónoma nos últimos anos, a cargo do orador da Critical TechWorks, João Esteves, que destacou: «entrámos numa fase que se pode chamar de “pós-hype”. O entusiasmo inicial é agora visto com maior pragmatismo e realismo, em que a introdução de tecnologia nos veículos vai ao encontro dos desafios enfrentados no desenvolvimento do carro do futuro».
O tema seguinte em discussão teve como foco o impacto da condução autónoma na mobilidade urbana, em que Fernando Rosa, da CML, referiu: «neste momento estamos numa fase de testes e continuaremos neste processo. É necessário testar a tecnologia e retirar ilações, sendo que a utilidade da tecnologia para a gestão de tráfego depende do nível de automação e da sua maturidade.» O especialista de mobilidade urbana indicou ainda «que a automação só estará concluída no fim do século, e que o processo de regulamentação será tão longo quanto o de inovação». «Por exemplo, no caso do sistema de transportes, poderemos demorar cerca 20 anos a equacionar uma resposta de condução autónoma.»
Já Rui Cardoso, especialista da Bosch, deu a sua visão sobre o uso dos sistemas de condução autónoma e a importância da conectividade em contexto urbano, em que afirma que «o ambiente urbano neste contexto é o maior desafio do ponto de vista tecnológico e, no futuro, os veículos irão necessariamente comunicar entre si e a infraestrutura». Noutra perspectiva, afirmou ainda: «precisamos de introduzir sistemas de automação de ajuda ao condutor de uma forma gradual, de forma a conseguirmos ganhar confiança num ambiente urbano.»
No último tema de conversa da primeira CTW Talk, relativamente às questões de segurança com introdução da condução autónoma, Pedro Braga, C++ Architect na Intellias, sublinhou que «os desafios de segurança são altamente exigentes, e para isso é necessário gerar dados com qualidade para serem usados com precisão e tomar as decisões correctas». «Por outro lado, temos as questões legais e éticas, que vão ter de ser consideradas cuidadosamente para garantir a segurança e a aceitação social destas tecnologias.»
A Critical TechWorks é a joint-venture entre a Critical Software e o BMW Group e foi fundada em 2018 com o objectivo de apoiar a marca alemã na transformação digital da sua actividade e da experiência dos condutores e passageiros dos seus veículos, entre outros projectos para o BMW Group. Actualmente, a empresa conta com mais de 2400 colaboradores, prevendo contratar mais 500 pessoas em 2024, distribuídos pelos três escritórios de Lisboa, Porto e Braga.