Protásio Leão, Grupo Rangel. Uma nova visão da área Logística, que a torna atractiva para trabalhar

Com mais de quatro décadas de existência, o Grupo Rangel tem na sua génese a cultura de mudança e inovação. O seu percurso evolutivo, a consistência organizacional, a lógica de crescimento e a nota clara da visão de futuro contribuem de modo significativo para a sua atractividade enquanto empregador.

Por Ana Leonor Martins

 

Protásio Leão, director de Recursos Humanos do Grupo Rangel acredita que «as funções que são construídas à volta das soft skills trazem mais satisfação e produtividade às pessoas e organizações». Sendo «o conteúdo do trabalho cada vez mais uma gestão permanente de interesses em função da estratégia das organizações», defende que «temos por isso o desafio de encararmos o desenho funcional numa lógica o mais colaborativa possível e previsional para as empresas». E resume: «O conteúdo funcional é algo que se estuda permanentemente, entre o desenho estratégico da empresa, as formas mais adequadas de fazer e a satisfação proporcionada na realização do trabalho».

 

A Rangel Logistics Solutions foi fundada em 1980. Como têm adaptado a vossa actividade à evolução do mercado nestas mais de quatro décadas de existência?

Nestas últimas décadas a evolução da actividade foi bastante significativa, o que se traduziu para as empresas portuguesas em grandes desafios relacionados, sobretudo, com a dimensão tecnológica e cultural, bem como as alterações profundas do mercado. A Rangel tem na sua génese a cultura de mudança e inovação, pilares fundamentais para uma adaptação facilitada a novos contextos e novas exigências de mercado.

 

Considera que o sector em que actuam é atractivo para trabalhar? Porquê?

As áreas relacionadas com a Logística têm um papel absolutamente determinante numa perspectiva abrangente, atravessando os negócios em geral, impactando os fluxos de abastecimento, produção e informação. O operador logístico, enquanto parceiro de negócio, agrega elevado valor acrescentado, sobretudo enquanto entidade dinamizadora da mudança e implementadora de soluções.

A visão do operador logístico, neste âmbito, deixa para trás a imagem de uma entidade que apenas presta o serviço (de/para) para uma entidade que colaboradora e contribui para o desenvolvimento desse cliente ou do mercado. Nesta perspectiva, entendemos que a nossa área de actuação é cada vez mais atractiva.

 

Ao longo dos anos foram diversificando a vossa actividade, quer em termos de abrangência (expansão internacional), quer de áreas de especialização (da saúde à moda, passando pelos vinhos). Qual a importância que isso assumiu em termos de atractividade do vosso grupo?

A Rangel Logistics Solutions cresceu de forma estruturada e seguindo uma linha estratégica consistente, tendo apostado, sobretudo, nas duas primeiras décadas, na diversificação de serviços, na especialização técnica das nossa equipas, bem como na capacidade de desenvolver soluções de elevado valor para o mercado.

Nos anos 2000 projecta-se a nível internacional, com a abertura de plataformas em outras geografias. Consolida as actividades, desenvolve ofertas especializadas, integra serviços e complementa a oferta com a capacidade de customização e desenvolvimentos (sistemas, processos, operações, resultados) para uma gestão mais integrada com o cliente.

Este percurso evolutivo, a consistência organizacional, a lógica de crescimento e a nota clara da visão de futuro contribuem de modo significativo para atractividade da Rangel.

 

Qual é a vossa proposta de valor enquanto empregador, nomeadamente para atrair o talento mais jovem?

A proposta de valor da Rangel assenta nos seguintes pontos:

  • Colaborar numa empresa líder de mercado, foco no futuro e na modernização;
  • Integrar equipas entusiastas e onde prevalece um ambiente de trabalho descontraído e de cooperação;
  • Oportunidade de integrar diferentes desafios profissionais a nível nacional ou internacional;
  • Integração num contexto dinâmico e desafiante;
  • Ser parte integrante de um grupo em crescimento, com objectivos claros e ambiciosos;
  • Trabalhar para um operador logístico com uma ampla oferta de serviços integrados.

 

Têm uma academia que proporciona oportunidades de estágios profissionais. Tem elevada procura? É uma forma de mostrar aos jovens a diversidade e interesse da vossa oferta para uma desenvolver a carreira?

A Academia de Jovens Talentos da Rangel tem como objectivo principal a integração de jovens/ profissionais qualificados, dinâmicos e fortemente orientados para a inovação e melhoria contínua. A Academia proporciona condições para seu desenvolvimento técnico, pessoal e profissional, através da participação activa em projectos relevantes, acompanhamento das actividades e resposta a desafios que a empresa lhes coloca.

Temos verificado um interesse crescente dos jovens para integrar a Academia e fazer parte desta equipa. Entendemos que o benefício é mútuo, contando a empresa com o conhecimento que trazem das instituições de ensino – mais actual, com competências tecnológicas e com perfis que se enquadram na cultura Rangel.

Felizmente, contamos com muitos exemplos de sucesso, que desenvolveram os estágios, efectuaram os seus projectos académicos e que, à data, assumem, funções de elevada responsabilidade na organização. A possibilidade de crescimento e desenvolvimento profissional implica estrutura, condições e desafios, que proporcionamos. Associando a esta dimensão os perfis certos e a motivação adequada, teremos reunidas as condições fundamentais para que este enriquecimento e evolução possam acontecer.

 

O que acredita que os profissionais que estão agora a entrar no mercado de trabalho procuram? Acha que se focam mais no conteúdo do trabalho ou na empresa e na sua cultura?

Vários são os estudos que analisam os factores que mais contribuem para a atractividade de uma organização. Estes podem variar de acordo com idade, grupos profissionais, enquadramento sociológico, nacionalidade, entre tantos outros. Para a Rangel, entendemos como relevantes:

– Possibilidade de aprendizagem contínua;

– Pertencer a uma organização com valores com que se identifiquem;

– Work life balance;

– Clima organizacional positivo, onde se promove o trabalho em equipa;

– Sentido/ objetivo comum.

 

Diria que o conteúdo do trabalho pode sempre ser considerando interessante, independentemente de ter uma maior ou menos componente de rotina? Pode fazer-se, digamos, function branding?

As funções que são construídas à volta das soft skills trazem mais satisfação e produtividade às pessoas e organizações. O conteúdo do trabalho é cada vez mais uma gestão permanente de interesses em função da estratégia das organizações, temos por isso o desafio de encararmos o desenho funcional numa lógica o mais colaborativa possível e previsional para as empresas.

Outra dimensão que devemos privilegiar é a capacidade que a gestão do conhecimento organizacional tem nas actividades e tarefas, pelo que existe um esforço por parte da Rangel na disseminação do mesmo, proporcionando que as pessoas possam ter suportes rápidos de apoio à gestão das suas actividades diárias e resolução de problemas, evitando o erro e aumentando a produtividade, contribuindo por isso conforme referi para a satisfação organizacional.

Não nos podemos esquecer das funções repetitivas, e aqui a tecnologia já tem impacto na tomada de decisão dentro das empresas e caminha a passos largos para realizar actividades cognitivas. Embora a automação seja vista como elemento fundamental para empresas cujas funções tenham tarefas bastante repetitivas e um grande volume de dados para analisar, em todas as áreas existe interacção humana crucial a ser potenciada. A inteligência emocional do ser humano não pode ser descartada, já que é preciso interpretar e lidar com as informações disponíveis.

Em resumo, o conteúdo funcional é algo que se estuda permanentemente, entre o desenho estratégico da empresa, as formas mais adequadas de fazer e a satisfação proporcionada na realização do trabalho.

 

Como mantêm os vossos colaboradores motivados?

Entendemos que o envolvimento das pessoas com a empresa traduzir-se-á em resultados, pelo que valorizamos a sua integração plena nas equipas, o fit cultural e o ajustamento funcional adequado. A motivação é algo intrínseco à pessoa e corresponde a uma energia dirigida à acção que acontece quando os factores referidos estão, por norma, presentes.

Enquanto empresa, reforçamos, através de iniciativas variadas, a cultura e clima organizacional e procuramos proporcionar as condições necessárias para esse efeito.

 

Quais as vossas prioridades em termos de Gestão de Pessoas?

A Gestão de Pessoas na Rangel assenta em quatro grandes pilares:

– Atração e retenção de colaboradores com potencial de crescimento e comprometidos com a nossa missão e valores;

– Gestão e desenvolvimento de talento, recorrendo a planos de desenvolvimento ajustados, projectos e carreiras consistentes com a dinâmica de entidades em rápido crescimento, em constante adaptação e orientados para a internacionalização;

– Gestão por competências e desempenho, valorizando o know-how, as capacidades e aptidões demonstradas e desenvolvidas, bem como a performance traduzida no alcance dos objectivos;

– Dinamização da cultura, dos valores e princípios que balizam a actuação dos nossos colaboradores.

 

Quantas pessoas integra o Grupo Rangel e quais são os principais desafios na sua gestão?

Actualmente, o Grupo tem 2300 pessoas, distribuídas por várias geografias. Os principais desafios estratégicos que se colocam à sua gestão são:

– O envolvimento cultural, necessário para uma empresa que actua em ambientes diferenciados do ponto de vista cultural;

– Potenciar o talento através de acções de permanente aprendizagem, sejam elas quais forem;

– A transformação digital, impactada pelos desafios tecnológicos;

– Os desafios da Logística em contexto de desafio global;

– Acompanhar e potenciar crescimento internacional.

Em termos mais imediatos, temos claramente a referir a gestão das pessoas em contexto de pandemia, nomeadamente na gestão da transição para sistemas de teletrabalho ou regimes híbridos, assegurando os níveis de envolvimento e produtividade.

 

Que tendências perspectivas para o futuro, para o vosso sector e o mundo do trabalho? A pandemia veio acelerar algumas delas?

Sim. A transformação digital é uma das dinâmicas que, por via, destes condicionalismos, foi acelerada. As empresas ainda estão a reagir e outras a trabalhar já de forma proativa a preparar o regresso à normalidade de uma forma diferente, mais moderna, mais rápida, mais ágil e mais flexível. Estamos a trabalhar neste sentido com as nossas equipas e estamos confiantes que, a breve prazo, estas alterações e melhorias entrem no seu quotidiano.

 

Nota: A entrevista foi originalmente publicada na newsletter Tendências 360º, um projecto da Randstad em parceria com a Human Resources

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