80% dos trabalhadores quer manter o actual emprego

Apesar das elevadas taxas de desemprego e da irregular recuperação económica global, a tendência de “enchente de currículos” parece serenar.

De acordo com o estudo “Talent 2020: Surveying the talent paradox from the employee perspective”, uma análise realizada pela Deloitte Consulting LLP Estados Unidos e a Forbes Insights, 4 em cada 5 empregados inquiridos (80%) planeia ficar nas organizações onde trabalha durante o próximo ano; uma mudança significativa em relação ao ano de 2011 onde quase 2 em cada 3 empregados inquiridos (65%) planeavam ao longo do ano seguinte mudar a organização onde trabalhavam.

No entanto, e de acordo com as conclusões do estudo, nos últimos 12 meses, 46% dos trabalhadores questionados mudaram para novos empregos (9%), foram promovidos (22 %) ou mudaram de cargo (15%) na empresa em que estão – factores que podem contribuir a reduzir a intenção de mudar de trabalho ao longo do próximo ano.

Ainda assim, um terço dos trabalhadores questionados (31%) afirma não estar satisfeito com o emprego que tem.

Esta contradição foi apontada pela Deloitte, pela primeira vez, em Janeiro de 2012, no artigo “The talent paradox: Critical skills, recession, and the illusion of plenitude”, publicado na Deloitte Review, aí na perspectiva dos empregadores.

Enquanto cada vez mais empregados se mantêm ligados às suas posições actuais, as empresas podem-se sentir tentadas a negligenciar as suas estratégias de gestão e retenção dos melhores talentos devido a uma falsa sensação de que os seus trabalhadores permanecerão nas organizações. No entanto, o relatório revela também que os trabalhadores mais críticos para a actividade das empresas são também aqueles que mais oportunidades têm para mudar de emprego.

“Desenvolver e reter os melhores talentos é essencial para manter a competitividade futura de uma empresa”, de acordo com Lisa Barry, líder global de Talent, Performance and Reward da Deloitte Touche Tohmatsu Limited (DTTL). “O investimento contínuo no crescimento pessoal e profissional dos seus colaboradores deve ser o foco principal de qualquer organização que pretenda ser líder de mercado”, acrescenta.

Com base nos resultados da pesquisa e análise do mercado de talentos, a Deloitte identifica três tendências emergentes:

• Envolver os colaboradores em trabalhos com valor significativo ou vê-los sair. Mais do que outras iniciativas de retenção, os funcionários valorizam o facto de estarem envolvidos em trabalhos com significado. A maioria dos inquiridos (42%) que procuram um novo emprego acreditam que o seu actual trabalho não aproveita da melhor forma as suas competências e habilidades.

• Criar foco nos colaboradores com elevado risco de sair da empresa – Os grupos de empregados com maior risco de sair (que correspondem às chamadas turnover red zones), são os colaboradores com menos de dois anos de trabalho ou que pertencem à geração Millennial (menos de 31 anos).

• Quando se trata de retenção, importa a liderança. Mais de seis em cada 10 funcionários (62%) que pretendem ficar com os empregadores actuais afirmam ter elevada confiança na liderança corporativa.

 

“À medida que as expectativas dos colaboradores continuam a crescer, as empresas devem-se manter atentas às mais recentes atitudes dos seus empregados, e tendências emergentes na gestão do talento”, de acordo com Brett Walsh, líder global de Human Capital da DTTL. “Mais concretamente, as empresas podem querer ajustar as suas políticas de gestão de talentos para se concentrarem em reter dois segmentos da força de trabalho: os colaboradores com qualificações muito específicas em risco eminente de sair, e os líderes capazes de alavancar as suas empresas, apesar da actual turbulência económica global”, acrescenta.

Esta edição do Talent 2020 revela mudanças significativas no mercado de talentos no último ano, especialmente quando se trata da intenção de rotatividade.

A fim de ajudar os líderes das empresas a reter os talentos de topo, a Deloitte recomenda que aumentem a utilização e o desenvolvimento das competências dos colaboradores, enfatizando e recompensando a liderança autêntica e promovendo um ambiente baseado na comunicação eficaz e transparente.

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