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Estarão as lideranças preparadas para lidar com a disrupção? Parece que não
A maioria dos executivos seniores (85%) tem falta de confiança nos seus líderes para responderem com sucesso às causas da disrupção, nomeadamente os avanços exponenciais de tecnologia, as alterações profundas das expectativas dos consumidores, a emergência de novos modelos de negócio ou a entrada de novos tipos de concorrentes. Os dados são do Índice de Confiança na Liderança da Odgers Berndtson.
O estudo, conduzido em colaboração com a Harvard Business Review Analytic Services, revela também que, apenas 15% dos inquiridos estão confiantes nas capacidades dos seus CEO’s para lidarem com a disrupção.
As razões indicadas para a falta de confiança nos líderes centram-se em dois pontos, a resistência à mudança, não reconhecendo o impacto da disrupção nos seus sectores e modelos de negócio, e a falta de uma visão clara para as suas organizações sobre o futuro.
O mesmo estudo mostra, ainda, que os inquiridos reconhecem a disrupção como um tema impactante e que é vital que seja bem gerida para se atingir o sucesso, opinião confirmada por 95% dos executivos seniores entrevistados. E 88% acreditam que a disrupção aumentará nos próximos cinco anos.
Já 85% dos participantes no estudo, consideram que é o CEO quem tem o papel mais crítico na gestão da disrupção. É nesta posição que se concentra a responsabilidade e o poder de decisão para adaptar e preparar as organizações para as novas realidades.
Luís Sítima, managing partner do Grupo Odgers Berndtson, sublinha a importância do estudo para compreender o mundo dos negócios em tempos disruptivos: «Assistimos a uma crise transversal de confiança nas lideranças das organizações, numa altura em que o mundo dos negócios entrou numa rota de incertezas profundas à escala global com a crise da COVID – 19. As conclusões do estudo do Índice de Confiança na Liderança tornam-se, hoje, ainda mais relevantes para compreender as causas da desconfiança e perceber como é que as empresas podem fazer face a estes desafios».
Uma nova definição de liderança e o caminho para o futuro das empresas
Para as organizações competirem num mundo de negócios em constante mudança é fundamental terem líderes que promovam a inovação. O Índice de Confiança na Liderança sugere que as empresas devem desenvolver líderes com as características necessárias para prosperar num mundo dotado de incerteza. Entre as suas características mais apontadas estão a determinação, a coragem, o pensamento estratégico, a curiosidade, a resiliência, ter capacidade de adaptação e inteligência emocional.
Um dos principais desafios apontados para as organizações prende-se com a escassez deste tipo de talento. O estudo mostra que encontrar e reter talento deve ser uma prioridade para todas as organizações.
Para encarar a disrupção, o estudo da Odgers Berndtson deixa, ainda, alguns indicadores-chave para as empresas atingirem o sucesso, que Luís Sítima realça: «As organizações devem conseguir redefinir a liderança, concentrando-se nas competências críticas para enfrentar a disrupção e, para isso, é fundamental desenvolver uma estratégia de liderança e talento que permita atrair os melhores».
Para este trabalho, o CEO, que tem um papel central na gestão da disrupção, necessita de dois parceiros, o chief Technology officer (CTO) e o chief People officer (CPO). O CTO para aconselhar sobre as disrupções mais críticas que vão acontecer nas suas áreas de negócio e o CPO que desempenha um papel fundamental, como especialista e agente de transformação, que apoia o CEO a colocar a Leadership and Talent Agenda entre as prioridades da organização. «Para alavancar a estratégia de priorizar e reter o talento, os departamentos de recursos humanos terão de adquirir novas experiências e competências e assim evoluírem para os advisors estratégicos», sublinha Luís Sítima.
O Índice de Confiança na Liderança da Odgers Berndtson perguntou a 1890 executivos seniores à escala global se acreditam que as suas empresas estão preparadas para enfrentar os tempos disruptivos e se estão confiantes nos seus líderes.
Foram inquiridos representantes de empresas norte americanas, da América Latina, África e médio oriente, Ásia e europeias com receitas que variam entre os 45 milhões e os 4,5 mil milhões de euros, incluindo executivos portugueses de algumas das maiores empresas nacionais.