Comunicação e Reconhecimento igual a Well-being

Por Luís Roberto, Managing Partner da Comunicatorium e Professor convidado do ISCSP-ULisboa

 

Numa altura em que Portugal atinge a meta de vacinação, de 70% da população com uma dose, as empresas  esperam gradualmente a normalidade da vida dos seus colaboradores, acreditando estarem no caminho certo para o bem estar de todos.

Quando falamos com os responsáveis e gestores das empresas sobre o momento que continuamos a viver, e o seu impacto no negócio, a opinião é comum.

O impacto é claramente negativo,  a registar quebras de faturação de 30% na terceira fase do desconfinamento, face aos resultados de 2019.

Segundo o relatório da Nova SBE Economics for Policy Knowledge Centre, o despedimento foi a principal causa para se deixar de trabalhar, no primeiro trimestre de 2021.

A vida mudou para sempre, e o grau de incerteza com que nos adaptamos vai continuar.

Nos últimos meses, tenho sido frequentemente consultado sobre o que os líderes podem fazer para que as pessoas se sintam bem no local de trabalho.

Voltemos a março de 2020. A maioria das empresas não estavam preparadas para a pandemia nem possuiam um plano de gestão de crise. Decorrido um ano e meio sobre o inicio da pandemia, muitas empresas  possuem apenas um simples procedimento de resposta a emergências.

Depois de tudo o que já vivemos e experimentámos, criar um plano de gestão de crise mais robusto, é importante para que os colaboradores se sintam confortáveis, e mais confiantes na sua empresa.

Certamente todos terão aprendido que para manter a ligação com os colaboradores, a comunicação é absolutamente vital.

A comunicação pode ser tão simples quanto o envio de uma mensagem ou, criar contactos regulares com cada colaborador, com o objetivo de promover a comunicação entre todos.

É importante ter presente que as pessoas precisam falar e serem ouvidas.   Perceber quais as suas dúvidas e incertezas, as suas expetativas e o que sentem, é crucial.

Só desta forma, a gestão e a comunicação, poderão responder de forma efetiva ás necessidades das equipas.

Criar um plano de comunicação  ajuda a manter-nos organizados, permitindo ainda que os colaboradores saibam o que se espera deles.

Garantir que a equipa  possui as ferramentas necessárias para comunicarem adequadamente, é fundamental. Se estão em teletrabalho, suportar os custos da internet é no mínimo, justo.

Uma coisa é pedir aos nossos colaboradores  que façam o seu melhor,  outra coisa, é dar-lhes as condições para que isso aconteça, e no timing certo.

Pensar em campanhas internas recorrendo ao digital, tendo como objetivo o envolvimento e a colaboração entre as pessoas, orientadas por temas que integrem os valores e o propósito da empresa, é uma das formas de reforçar a cultura organizativa, à qual o well-being está indissociavelmente ligado.

Uma palmada nas costas, ou dar os parabéns no dia do aniversário, pode ser uma forma de reconhecimento, mas o reconhecimento é muito mais do que isso.

Sabemos que no ultimo ano e meio, o trabalho e o esforço  desenvolvido por todos, permitiu  assegurar a atividade das empresas, por vezes em condições muito excecionais. Trabalhar num banco de cozinha, com o portátil apoiado no micro-ondas, poderá ser uma imagem que se torna viral, mas não nos parece que estas sejam as condições de trabalho que desejamos para as nossas pessoas, e para o seu bem estar.

Algumas tecnológicas, ofereceram  um bónus aos seus colaboradores e outros planeiam fazê-lo,  como forma de reconhecimento pelo trabalho em pandemia, existindo sempre espaço para pensar em formas diferentes  de reconhecer o esforço das equipas.

Um programa de benefícios de saúde também se enquadra neste capítulo. Todos nós precisamos de assistência médica ou ter acesso a programas de assistência ao colaborador que garantam o equilíbrio emocional, uma boa saúde mental, ou ser resistente ao stress.

Compreender como interagir, apoiar e colaborar com os outros, ser capaz de resolver conflitos e adaptar-se à mudança, é também uma outra dimensão do well-being que importa considerar.

A (ainda) obrigatoriedade do teletrabalho em concelhos de risco elevado, e a transição para um modelo de trabalho híbrido, como aposta mútua das empresas e pessoas, faz com que o nível de ligação com as equipas e entre equipas, seja determinante para o sucesso do negócio.

Segundo alguns estudos realizados, é possível concluir que as empresas com níveis mais  elevados de well-being apresentam melhores resultados, alcançando duas vezes mais o envolvimento dos colaboradores, menos dias de ausência, e menos colaboradores em estado de stress.

Trabalhar para o well-being mostra que a empresa se preocupa com as suas pessoas, sobretudo em tempos em que as incertezas são constantes, e em que os hábitos criados pela pandemia mudaram a maneira como cada um de nós se relaciona com os outros.

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