Regresso ao escritório. Será essa a questão?

O “regresso ao escritório” continua a ser um tema muito presente, e certamente muitos de nós já perguntámos a amigos ou familiares: “já regressaste ao escritório?” A pergunta é, em si, reveladora. Será o tema principal a retoma da rotina de antigamente, ou deveríamos colocar a pergunta como “Qual o modelo de trabalho em que te encontras?” ou “Qual o modelo de trabalho que preferes?”.

 

Por Margarida Calado, head of People at everis NTT DATA Portugal

 

Após mais de ano e meio de trabalho à distância (para alguns de nós), a dúvida parece, em muitos casos, permanecer: será que vamos voltar aos modelos de trabalho de sempre? Ou a pandemia veio realmente alterar as regras do jogo?

Estamos a assistir a uma evolução a diferentes níveis. Umas organizações, alicerçadas na sua actividade e reforçando a sua cultura organizacional, podem ter assumido modelos remotos em definitivo. Outras organizações aproveitaram as aprendizagens do último ano e meio para transformarem o seu modelo de trabalho, adoptando modelos flexíveis, híbridos e dinâmicos. Outras ainda, porventura devido à particularidade da sua actividade, estão a regressar à rotina prévia, com os colaboradores a voltarem progressivamente ao local de trabalho.

Todas elas estão em processo de evolução e nenhuma se pode excluir da necessidade de adaptar a sua actividade aos novos tempos. A pandemia tornou evidente que o trabalho remoto não compromete a produtividade – excepção feita a actividades que não o permitem –, que as pessoas valorizam a flexibilidade para equilibrarem as suas vidas pessoais e profissionais e que a tecnologia facilita a adopção destas novas formas de trabalhar.

Tanto a nível pessoal como a nível das organizações, haverá quem, por natureza, valorize mais modelos de trabalho remoto, de trabalho flexível ou de trabalho presencial.

Por outro lado, ficou também claro que os espaços de trabalho físicos podem ter um papel fundamental para a socialização entre colegas, o desenvolvimento profissional individual e o fortalecimento da cultura das organizações. Por tudo isto, é certo que o espaço físico de trabalho não vai acabar, pelo menos, para já. Vai certamente transformar-se. A tecnologia vai acrescentar dinamismo e flexibilidade, e os espaços em si tornar-se-ão ainda mais lugares de colaboração e convívio, multiplicando os espaços de reunião, os espaços para videochamadas, as zonas de silêncio e criando outros que ainda nem conseguimos descortinar.

Esta minha percepção decorre também da experiência que temos vivido na empresa. Na everis NTT DATA acreditamos num modelo de trabalho flexível, híbrido, dinâmico e assíncrono, no qual as equipas se organizam de acordo com um modelo de flexibilidade e confiança, em função das necessidades dos clientes e da preferência de cada um. Neste modelo, o trabalho colaborativo é uma constante, mas a presença física tem de ter um sentido claro, que a justifique.

Em suma, estamos a viver um momento ímpar em termos de mudança nos modelos de trabalho e talvez deixe de fazer sentido falarmos em “regresso ao escritório”, dado que a conversa pode e deve ser muito mais lata.

Talvez deixe também de fazer sentido falarmos em modelos de trabalho estanques ou definitivos, dado que estes modelos podem bem estar em constante evolução, a diferentes velocidades, em função da natureza das organizações, das pessoas e das mentalidades.

 

Este artigo foi publicado na edição de Novembro (nº.131)  da Human Resources, nas bancas.

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