Susana Silva, El Corte Inglés: «A possibilidade de desenvolvimento dentro da empresa não tem limites»

Sabendo que as suas pessoas são distintivas e determinantes na qualidade do serviço que presta, o El Corte Inglés tem na formação uma forte aposta, fazendo ainda questão de assegurar a inclusão, diversidade e igualdade de oportunidades para todos, não descurando a responsabilidade social.

 

Por Sandra M. Pinto

 

Presente em Portugal há duas décadas, quando inaugurou a sua loja de Lisboa, o El Corte Inglés conta hoje com dois grandes armazéns – um na capital portuguesa e outro em Vila Nova de Gaia – e seis Supercor, contabilizando no total mais de 3500 colaboradores. Olhando para o percurso feito e para o sucesso obtido ao longo dos 20 anos de presença em território português, a directora de Pessoas Susana Silva destaca que, num mercado tão concorrencial como aquele em que actuam, «o que, de facto, distingue o El Corte Inglés é o serviço personalizado, a garantia, a qualidade, o sortido e a confiança. São valores fundacionais que se perpetuam até aos dias de hoje.»

Para assegurar esses factores distintivos, fazendo com que eles se mantenham, há consciência de que é fundamental ter uma força de trabalho capaz de responder aos inúmeros desafios que o sector do retalho actualmente enfrenta. Mas um deles passa precisamente pela escassez de profissionais e pela dificuldade da sua atracção e retenção. Não obstante, no caso do El Corte Inglés, Susana Silva revela que, durante os últimos anos, já tiveram «fases em que era mais difícil contratar, mas a verdade é que, com mais algum esforço e criatividade, temos conseguido cumprir os nossos objectivos». Claro que há algumas áreas onde as dificuldades são mais evidentes, «e aqui falamos de áreas onde o talento é bem remunerado, mas de difícil atracção, como por exemplo as áreas de data analitics e customer experience omnicanal», identifica.

Com vista a colmatar a dificuldade em contratar mão-de-obra qualificada, o El Corte Inglés tem implementado uma série de iniciativas, nomeadamente o reforço da aposta na comunicação da Proposta de Valor ao Colaborador (Employee Value Proposition), de forma a dar a conhecer aos candidatos o propósito e as boas práticas da empresa, ao mesmo tempo que se encontram «a trabalhar mais de perto com as universidades, atraindo desde logo os possíveis candidatos».

 

Da diversidade e inclusão à responsabilidade social, passando pela formação
Como prioridade, o El Corte Inglés tem trabalhado temas como a igualdade, a inclusão, a diversidade, a formação profissional, a educação, a sustentabilidade e o ambiente.

Ao nível específico da diversidade e inclusão, a sua política de inclusão assenta num pilar principal que é o compromisso da organização com a sociedade, fazendo por isso «questão de manter uma relação de proximidade com as pessoas e com a comunidade onde estamos inseridos», sublinha a directora de Pessoas do El Corte Inglés, esclarecendo que este trabalho é feito em conjunto com várias entidades parceiras, com o intuito de criar impacto positivo na vida das pessoas. «Como exemplo de alguns projectos deste último ano, destaco a capacitação da população imigrante, pessoas em situação de vulnerabilidade social, mulheres em situação de desemprego ou vítimas de violência doméstica, jovens em risco de abandono escolar e exclusão social, empregabilidade de pessoas com mais de 50 anos e, muito recentemente, a integração socioprofissional de refugiados.»

Mas esta não é uma preocupação recente. Foi em 2017 que o El Corte Inglés recebeu, pela primeira vez em Portugal, o selo Marca Entidade Empregadora Inclusiva, do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), selo esse que renovou em 2019 e também este ano. De acordo com o IEFP, é uma “distinção” conferida a entidades empregadoras que implementem práticas de gestão abertas e inclusivas de pessoas com deficiência e incapacidade. Estas entidades devem contribuir para a implementação de um mercado de trabalho inclusivo e distinguir- se por práticas de referência num dos seguintes domínios: recrutamento, desenvolvimento e progressão, manutenção e retoma, acessibilidades e serviço e relação com a comunidade.

O El Corte Inglés distingue-se em todos os domínios, com provas feitas, tendo recebido a Menção Excelência, salienta Susana Silva. À pergunta sobre o que significa esta distinção para a organização, destaca que «é um orgulho, sobretudo porque foi a primeira vez que este prémio foi atribuído em Portugal». No seguimento deste reconhecimento, a responsável revela que reforçaram «a equipa de forma a continuar estas boas práticas que já fazem parte da cultura organizacional, pois queremos continuar a fazer mais e melhor», garante. «No El Corte Inglés, as boas práticas de gestão de pessoas e de formação, e a promoção da diversidade e inclusão, são permanentemente valorizadas, pelo que esta distinção reflecte o trabalho que tem sido desenvolvido ao longo de vários anos pelos departamentos de Gestão de Pessoas e de Responsabilidade Social Corporativa», realça.

A responsabilidade social corporativa também faz parta da estratégia de gestão do El Corte Inglés, sendo este «um factor de competitividade e um elemento fundamental na política de vinculação com a sociedade» que a organização tem vindo a manter desde as suas origens. Desta forma, todas as empresas do grupo assumiram o seu compromisso como empresas socialmente responsáveis, procurando uma relação constante e fluída com todos os grupos de interesse com os quais mantêm ligação.

Este compromisso não se esgota na sociedade. Foi também no âmbito da sua política de responsabilidade social corporativa que o El Corte Inglés anunciou um apoio aos colaboradores com filhos portadores de deficiência. «Criámos um programa de apoio financeiro aos colaboradores com filhos portadores de deficiência, igual ou superior a 60%, apoio justificado com despesas de educação e saúde, apoiando cada progenitor com o valor mínimo anual de 600 euros.»

A formação é outra vertente bastante valorizada no El Corte Inglés, sendo encarada como um factor fundamental na estratégia da empresa e vista como tendo um valor diferencial na preparação dos seus profissionais, mas não só. «Enquanto organização focada numa forte responsabilidade social, temos investido de forma crescente na formação, não só dos nossos colaboradores, como dos seus filhos», partilha Susana Silva. «Começamos desde cedo a incentivar os estudos, logo no início do primeiro ano de escolaridade, em que os filhos dos colaboradores recebem um kit escolar com apoio de algum material.» Depois, atribuem para os 6.º, 9.º e 12.º anos bolsas de mérito – no ano de 2021 foram entregues 7400 euros –, sendo que, mais recentemente, foram criada outras bolsas que englobam todos os anos escolares, desde o 9.º ano até ao 2.º ano do mestrado. Em Janeiro passado, foi atribuído um valor de mais de 78 mil euros.

Já no que respeita aos seus colaboradores, o El Corte Inglés incentiva a aprendizagem ao longo da vida. Para isso, implementaram nas suas instalações o Programa Qualifica, «permitindo às nossas pessoas a conclusão dos 6.º, 9.º e 12.º anos de escolaridade, além de apoiarmos anualmente 10 licenciaturas e termos vários protocolos com instituições de formação com preços bastante acessíveis», partilha a responsável.

 

O colaborador enquanto alicerce
A aposta na valorização das suas pessoas tem por base o desígnio assumido desde o início pelo Grupo El Corte Inglés: garantir que as suas pessoas vivem com mais dignidade, utilizando todo o seu potencial e cultivando a sua responsabilidade enquanto cidadãos. Desta forma, Susana Silva acredita que «as mais-valias de trabalhar na organização passam, e muito, pelo trabalho em equipa, a formação, a inclusão, a diversidade e igualdade de oportunidades para todos os colaboradores que fazem parte da nossa identidade». Isto sem nunca deixar de ter no horizonte os seus princípios, que se regem pela «ética e responsabilidade, garantia e serviço ao cliente, relação com os stakeholders e o compromisso com o meio ambiente».

Depois de dois anos de pandemia, em que os desafios foram muitos e as incertezas uma constante, no El Corte Inglés olha-se para o futuro com confiança, num caminho que é para ser feito «lado a lado com os colaboradores. Por isso, somos uma boa empresa para se trabalhar, mas não só por isso», ressalva Susana Silva, fazendo questão de reiterar que é «uma empresa reconhecida pela formação » que disponibiliza aos colaboradores, tendo «a especialização das nossas pessoas como foco», garante, assegurando ainda que a possibilidade de desenvolvimento profissional dentro da empresa não tem limites. «Vejam o meu exemplo, que iniciei a minha carreira como administrativa, há mais de 20 anos. Temos, sem dúvida, o melhor capital humano, um bom ambiente de trabalho e uma união de equipa que é indescritível», afirma.

O ano de 2022 está a ser encarado de forma muito positiva. A directora de Pessoas explica porquê: «Temos muitos projectos em desenvolvimento e uma equipa de profissionais altamente alinhada com a empresa, com o objectivo comum de impulsionar o crescimento do nosso negócio.»

 

Este artigo foi publicado na edição de Abril (nº.136) da Human Resources, nas bancas.

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