Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma emergência de hoje!
Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy
A 1 de janeiro de 2016 entrou em vigor a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) designada de “Transformar o nosso Mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”, constituída por 17 objetivos, desdobrados em 169 metas, aprovada pelos líderes mundiais em setembro de 2015.
Como referia o então Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, “os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) são a nossa visão comum para a Humanidade e um contrato social entre os líderes mundiais e os povos”, acrescentando, ainda, “são uma lista das coisas a fazer em nome dos povos e do planeta, e um plano para o sucesso”. António Guterres, o atual Secretário-Geral, considera que a Agenda 2030 aponta o caminho para o desenvolvimento e que se trata de uma plataforma para responder às verdadeiras necessidades das pessoas e dos respetivos governos.
A sua aprovação unânime, mesmo tratando-se de uma agenda alargada e e ambiciosa, fornecia a esperança de resolução de muitos dos problemas que afetam a Humanidade, do ponto de vista social, económico, ambiental e, igualmente, promovendo a paz, a justiça e indiciando instituições eficazes. E será que essa esperança se mantém? Podemos dizer que “apenas” passaram 6 anos e que “ainda” faltam 8 anos. Mas quando percorremos a listagem dos 17 objetivos e respetivas metas, no mínimo ficamos preocupados. Sem entrarmos numa lógica pessimista, dá claramente para perceber que o caminho é muito longo, em particular quando verificamos que algumas das metas, em vez de progredirem… regrediram.
O mais simples será sempre atribuir responsabilidades a fatores inesperados, como a pandemia e a guerra na Europa. Há a consciência que a avaliação de qualquer progresso tem de ser regular e contínua. Tem de ter um envolvimento profundo de todos – governos, a designada sociedade civil, empresas e associações diversas.
Mas será que a comunicação tem funcionado? Quem sabe verdadeiramente o que são ODS? E que papel devem assumir na concretização das metas de cada um? Será que pela sua importância – “transformar o Mundo em nome dos Povos e do Planeta” – não deveriam ter sido desenhados planos mais concretos e específicos? Não deviam os mesmos fazer parte, por exemplo, de uma preocupação dos currícula educativos? E inscritos, com planos de ação associados, na responsabilidade corporativa das Organizações?
Sem sombra de dúvida que existe trabalho realizado e que existe esforço e dedicação dos embaixadores identificados para este âmbito. Por outro lado, alguns dos programas de governo dos diversos Estados tentam espelhar as preocupações pelas metas a atingir. Mas até que ponto, a mobilização dos meios necessários – recursos financeiros, tecnologias, capacitação – são devidamente acautelados e programados. Transformar uma visão em realidade exige que cada um entenda o seu papel e que o execute. Que o faça não isoladamente, mas numa lógica de forte agregação, seja por via de parcerias, seja por via de um forte envolvimento de solidariedade transnacional.
Pelo impacto dos tempos que correm, a erradicação da pobreza, saúde de qualidade, paz, justiça e instituições eficazes, ação climática, são apenas alguns exemplos de ODS que exigem atenção imediata. 2030 é apenas uma data e que parece ainda distante, mas a emergência é… HOJE!