Fundador da Bolsa de Empregabilidade identifica tendências de recrutamento no Turismo para este ano
A maioria das empresas quer recrutar em 2023. E o sector do turismo não é excepção. Segundo um estudo desenvolvido pela Neves de Almeida HR Consulting e pelo ISCTE Junior Consulting, este é um dos que mais vai crescer. Aliás, em 2022, já recuperou os valores pré-pandémicos, com recordes de facturação face a 2019. Por isso, é natural que se precise investir em talento e Recursos Humanos que acompanhem o respectivo crescimento.
Por António Marto, Presidente do Fórum Turismo e Fundador da Bolsa de Empregabilidade
Ao mesmo tempo que se verifica a retoma do turismo, acentua-se ainda mais a falta de trabalhadores. Muitos deles abandonaram o sector durante a pandemia, rumo a áreas com melhores condições laborais.
Factores como esse estão a contribuir para que os salários se tornem cada vez mais competitivos, segundo o estudo anual realizado pela Michael Page. Essa é uma das tendências para o recrutamento no turismo em 2023. Na verdade, é quase um requisito para reconquistar, atrair e reter mão-de-obra. Mas é também uma dificuldade para a grande maioria das pequenas e médias empresas que compõem o sector.
Muitas das empresas e dos negócios locais, sobretudo na restauração e hotelaria, sofrem também com a natureza sazonal do turismo, o que as obriga a contratar, também sazonalmente, para atender à procura registada nas épocas altas. Por esse motivo, outra das tendências será uma maior aposta na contratação de trabalhadores flexíveis em certas áreas.
A par disso, prevê-se o aumento da contratação de Recursos Humanos locais. Antes de 2020, o turismo em Portugal já enfrentava escassez de mão-de-obra qualificada, especialmente em áreas como a cozinha e o atendimento ao cliente. No entanto, a pandemia aumentou a disponibilidade de trabalhadores, e as empresas estão cada vez mais focadas na contratação de talentos locais.
Os candidatos procuram actualmente melhores condições de trabalho no sector, tendência global do mercado. Procuram melhores salários, horários fixos, celebração de contratos, melhor gestão dos horários, mais tempo para conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar, mais regalias e, sobretudo, reconhecimento e perspectivas de crescimento. Face a isso, muitas empresas têm feito um maior investimento na formação e desenvolvimento humano, com o objectivo de oferecer melhores oportunidades de carreira aos seus colaboradores.
Quanto aos recrutadores, valorizam cada vez mais candidatos com formação académica e qualificações relevantes para os cargos anunciados. Contudo, é preciso recordar que apenas 13% dos profissionais que trabalham no turismo possuem um curso superior. Em contrapartida, 54% dos Rcursos Humanos em Portugal têm como habilitações literárias o 3º ciclo e 33% o ensino secundário, de acordo com dados revelados pelo IPDT – Turismo e Consultoria.
Estes valores constituem um desafio adicional para recrutadores e empresas: o aumento da contratação de perfis digitais. O turismo está a tornar-se cada vez mais tecnológico, e os últimos anos aceleraram a adopção de tecnologias digitais que visam aprimorar a experiência do cliente e automatizar processos. Como resultado, as empresas turísticas em Portugal pretendem aumentar a contratação de especialistas em marketing digital, gestores de redes sociais, programadores de software, entre outros.
Além disso, a evolução tecnológica está a mudar os próprios processos de recrutamento e selecção, com o aumento da utilização de tecnologias, como inteligência artificial, análise de dados e plataformas de recrutamento online.
As novas tendências de recrutamento no turismo para 2023 reflectem uma mudança que pressupõe uma abordagem mais centrada no colaborador, que valoriza competências digitais, diversidade e inclusão, trabalho remoto e a mentalidade global. As empresas que conseguirem adoptar essas tendências terão uma vantagem competitiva significativa na atracção e retenção de talentos, o que será crucial para o sucesso num mercado de turismo em constante evolução.