IA está a avançar demasiado depressa? São os líderes das tecnológicas que alertam e apelam a uma pausa

Numa carta aberta, publicada recentemente no site do The Future of Life Institute, conhecidos empresários e académicos alertam para «os elevados riscos para a sociedade e a humanidade» que os sistemas de inteligência artificial (IA) representam e pedem que os laboratórios de IA parem o desenvolvimento da tecnologia por pelo menos seis meses, avança o Euronews Next. 

 

O CEO do Twitter, Elon Musk, e o cofundador da Apple, Steve Wozniak, estão entre vários signatários da carta, na qual afirmam que os laboratórios de IA estão «presos numa corrida fora de controlo para desenvolver e implantar mentes digitais cada vez mais poderosas que ninguém – nem mesmo os seus criadores – pode entender, prever ou controlar».

Assim, pedem uma pausa nos testes de qualquer sistema de IA mais poderoso do que o GPT-4, o mais recente Large Language Model (LLM) da OpenAI, que detém o popular chatbot ChatGPT. A carta coincidiu com o lançamento de um relatório da Goldman Sachs, que estima que, globalmente, a IA poderá colocar em risco 300 milhões de empregos full-time.

O recente êxito de programas como o ChatGPT e DALL-E, um criador de imagens, tem levantado inúmeras questões sobre ética e o impacto destas novas poderosas ferramentas. Até mesmo Sam Altman, CEO da OpenAI, fez soar o alarme várias vezes, afirmando que o mundo se aproxima a passos largos de tecnologia de IA «potencialmente assustadora».

Também alguns especialistas em IA alertam para o «presente distópico» no qual vivemos actualmente. Sarah Myers West, directora-gerente do AI Now Institute, exemplificou com o facto de a IA já estar a agravar alguns «padrões de desigualdade», especialmente em áreas como o recrutamento e a educação.

O documento, prestes a atingir as duas mil assinaturas, afirma que a IA pode estar prestes a mudar profundamente a trajectória da vida na Terra e «deve ser planeada e gerida com cuidado e recursos adequados» – algo que os autores argumentam não estar a acontecer.

Advertindo que as máquinas podem «inundar os nossos canais de informação com propaganda» ou acabar com «todos os empregos», tornando os seres humanos «obsoletos», os autores perguntam: «Devemos arriscar perder o controlo da civilização?».

Assim, pedem supervisão para que essas decisões não sejam deixadas nas mãos dos líderes tecnológicos. Essa supervisão deve incluir protocolos de segurança partilhados e supervisionados por especialistas independentes, e os AI developers devem trabalhar com os decisores políticos para «acelerarem rapidamente o desenvolvimento de sistemas de governança de IA robustos».

 

300 milhões de empregos em risco

Enquanto isso, um memorando do banco de investimentos Goldman Sachs revelou o impacto económico em larga escala da IA, estimando que esta poderia assumir até um quarto de todo o trabalho actual, o que colocaria em risco o equivalente a 300 milhões de empregos full-time, que seriam eliminados pela automação.

A boa notícia, de acordo com o memorando, é que «a substituição de trabalhadores devido à automação tem sido historicamente compensada com a criação de novos empregos, e o surgimento dessas novas funções explica grande parte do crescimento do emprego a longo prazo». Também a poupança de gastos e uma maior produtividade dos trabalhadores não substituídos podem significar «um boom de produtividade que aumentará substancialmente o crescimento económico», acrescenta.

Ler Mais