Esta profissão criada pela Inteligência Artificial (e que não exige experiência em tecnologia) paga até 300 mil euros ano
Os receios de que a inteligência artificial (IA) vai substituir os empregos de milhões de pessoas em diversos sectores são cada vez maiores, contudo a verdade é que esta evolução científica está também a trazer vantagens.
Ainda que as máquinas possam executar tarefas complexas, nem sempre são capazes de funcionar correctamente de forma independente. Como tal, a IA criou um emprego cuja remuneração vai até 300 mil euros por ano e não exige experiência em tecnologia, segundo a Euronews.
A nova profissão, impulsionada pelo surgimento de chatbots – como o GPT-4, a versão mais recente do ChatGPT da OpenAI -, chama-se engenharia de ‘prompt’ de IA e envolve aproveitar todo o potencial desta tecnologia, comunicando com o algoritmo, ensinando-o a responder e a seguir directrizes específicas.
Estas competências são essenciais para a Anthropic, startup de IA com sede em San Francisco, nos Estados Unidos da América (EUA), que está a recrutar um ‘prompt engineer and librarian’ com um salário anual que pode ir de 175.000 a 335.000 dólares, o equivalente a aproximadamente 160.000 a 308.000 euros.
“A engenharia de ‘prompt’ é como ensinar um robô a ter uma conversa, tal como usamos palavras para comunicar uns com os outros”, explicou o engenheiro de ‘prompt’ de IA e front-end developer, Michael Delcore, à Euronews Next, ao salientar: “Precisamos de dar ao robô as palavras (os ‘prompts’) certas para que entenda o que queremos que faça. Para fazer isso, temos de pensar bem nas palavras que usamos”.
Quais são as competências exigidas para este trabalho?
Apesar de a engenharia de ‘prompt’ ser uma forma de se comunicação desenvolvida através de algoritmos de IA, não exige nenhuma linguagem de programação: os engenheiros especializados apenas precisam de um nível suficiente de competências linguísticas e gramaticais, saber analisar dados e ter pensamento crítico, de acordo com Delcore.
Acredita-se que esta nova forma de interagir possa evoluir significativamente nos próximos anos. Andrej Karpathy, ex-chefe de IA da Tesla, escreveu numa publicação feita no Twitter, em janeiro, que “a nova linguagem de programação mais popular é o inglês”.
Para que esta engenharia tenha sucesso, importa ter em consideração não só o contexto como a intenção do utilizador, assim como o uso de linguagem direta, relevante e inequívoca, esclareceu a engenheira de “prompt” baseada no Reino Unido e investigadora de IA da AutogenAI, Mairi Bruce.
A tecnologia é cada vez mais encarada como uma forma de arte, defende a investigadora, ao alertar que embora existam algoritmos capazes de guiar alguém na direção certa, não existe uma fórmula específica, daí a crescente procura por engenheiros de ‘prompt’.
O que fazer para se tornar um engenheiro de ‘prompt’ de IA?
Os recursos de linguagem, a literacia tecnológica e o interesse em IA são os principais requisitos para se tornar um engenheiro de ‘prompt’, independentemente da formação ou experiência profissional, notou Bruce ao revelar: “Estudei política na universidade e não tenho experiência em tecnologia. Se tem interesse nesta área, é basicamente disso que precisa”.
Caso tenha uma experiência profissional anterior numa área completamente distinta não há problema, visto que é mais valorizada a inteligência e capacidade de cada um do que propriamente a sua formação académica ou trabalhos antigos.
Esta nova possibilidade mostra que a IA acabará por criar empregos, contrapondo assim o que se previa com a evolução desta tecnologia, com cientistas, tal como Bruce, a argumentar que a IA pode reestruturar a forma como os trabalhadores exercem as suas funções e ainda aumentar a sua produtividade.
“Acho que a engenharia de ‘prompt’ mostra, de certa forma, que a nova tecnologia não vai acabar com as carreiras das pessoas. Vai criar profissões que nunca pensamos serem possíveis”, rematou a investigadora de IA.