Vítor Virgínia, MSD Portugal: «Liderar (pela confiança) pessoas com brilho nos olhos»
Desde que assumiu a liderança na MSD Portugal, Vítor Virgínia tem procurado «potenciar o valor das pessoas e das equipas, o sentido da conquista colectiva, a comunicação transparente e abertura ao diálogo», tudo assente numa liderança pela confiança. E ainda acrescenta outra ambição: que todos vivam a empresa «com um brilho nos olhos».
Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho
Vítor Virgínia está na MSD há mais de três décadas. Já liderou os destinos da farmacêutica na Bulgária (com responsabilidades também na Macedónia, Albânia e Kosovo) e desempenhou funções de direcção de Marketing no Brasil e Estados Unidos da América. Ao longo desse percurso, fez inúmeras formações de liderança, mas são os três anos como oficial fuzileiro que identifica como «a melhor escola de liderança que podia ter tido». Foi aí que aprendeu a «colocar sempre o colectivo acima do individual», a «escutar todos para servir todos» e a «influenciar em vez de mandar», pois só assim se desenvolve lealdade e confiança, palavra que repete amiúde ao longo da entrevista. Há nove anos como director-geral da MSD Portugal, ambiciona que o somatório do que faz seja algo que adiciona valor não só à empresa, mas à sociedade. E continuar a aprender. Sempre.
Está na MSD há quase 34 anos, o que hoje é uma raridade. Foi onde fez todo o seu o percurso profissional, de delegado de Informação Médica a director-geral. Como tem visto a evolução da empresa nestas três décadas? Persiste alguma semelhança da empresa que conheceu em 1989?
Tem sido um percurso muito gratificante, de permanente desenvolvimento pessoal e profissional. A permanente sensação de poder evoluir e aprender mais, e que tenho estado no local certo para que isso aconteça, explica a longevidade da ligação. Acompanhar a evolução da MSD ao longo de mais de 30 anos, é um orgulho, ilustrado pela forma como temos desafiado os limites da Ciência para continuar a inovar, oferecendo opções terapêuticas para flagelos da nossa sociedade.
A MSD tem também sido para mim uma inspiração, na transformação de modelo operacional, capacidade de inovação e antecipação, moldando proactivamente o modelo de negócio às previsíveis exigências do mercado, incorporando competências digitais e de análise de dados, sem nunca perder o foco no doente. Em paralelo, a parceria com os profissionais de saúde e a procura de co-construção de soluções sustentáveis com os decisores em saúde, são também factores diferenciadores.
Destaque também para a tremenda evolução no modelo de Gestão de Pessoas, desenvolvimento de talento, foco na permanente aprendizagem e constante desenvolvimento do modelo de liderança e formas de trabalhar.
Não só a empresa, mas o mundo do trabalho, mudou muito. O que destacaria?
Este é mais um dos ângulos em que a transformação teve vários ciclos ao longo do tempo que levo de carreira, sendo o ciclo mais recente o mais acelerado e disruptivo. Vivemos no mundo do presente em directo, da permanente exposição das pessoas e das empresas, nos seus comportamentos, nas suas práticas e, consequentemente, na sua reputação, com predominância de modelos de comunicação atomizados, embora globais, que exigem culturas organizacionais fortes. Adicionalmente, os desafios estabelecidos com os novos modelos de trabalho e a fusão – por vezes completa sobreposição – entre a vida pessoal e profissional, fizeram com que o tema da saúde e bem-estar das pessoas ganhasse ainda maior relevância no mundo das organizações, com atenção redobrada à saúde mental, tantas vezes esquecida e outras tantas ocultada.
Referiria ainda a enorme evolução em termos de diversidade e inclusão, do respeito entre todos, para que cada um possa sentir que pode levar a melhor versão de si próprio para o seu local de trabalho. É uma matéria com margem de progressão, mas com largos passos dados.
E o sector farmacêutico, também tem passado por uma grande transformação?
Sem dúvida. A Indústria Farmacêutica é sempre uma indústria do futuro, e tem feito um percurso acelerado na transição de um certo formalismo e conservadorismo que a caracterizaram ao longo de décadas, para uma postura mais colaborativa, mais aberta, mais próxima das pessoas, sem esquecer que é um sector altamente regulado. Se dúvidas houvesse, a pandemia mostrou o quão essencial é esta indústria e a sua aposta na ciência e na inovação.
O que definiu como prioridades quando assumiu a liderança da MSD Portugal?
Ao longo da sua presença em Portugal, que passa já os 50 anos, a MSD sempre teve uma presença sólida, que a consolidou na opinião generalizada, como uma empresa séria, para levar a sério. Por isso, quando assumi estas funções tinha a vida facilitada, dada a herança que recebi, à qual foi minha missão dar continuidade no imediato.
No entanto, como todos temos a nossa visão das coisas, procurei também potenciar o valor das pessoas e das equipas, o sentido da conquista colectiva, a comunicação transparente na procura de soluções, a abertura ao diálogo na construção conjunta de rumos, a adopção daquilo que à data era designado como evolução tecnológica; e tudo isto assente no estímulo a uma liderança pela confiança.
A estas ideias que procurei transmitir acrescentei um pedido – que fôssemos uma empresa em que todos vivêssemos com brilho nos olhos.
Quais são agora os principais desafios?
Naturalmente, por sermos uma empresa onde estamos constantemente a aprender, temos uma abordagem holística: estamos focados em inovar na forma como abordamos o negócio, trabalhando diariamente para a introdução de novos medicamentos e vacinas no mercado, e para o desenvolvimento das nossas pessoas. O desafio passa por continuar atento às necessidades do mercado e dos colaboradores, a par com outras matérias, como, por exemplo, as actualmente discutidas alterações à legislação europeia no que à indústria farmacêutica se refere, as quais exigirão os necessários ajustes.
Que objectivos pretendem alcançar, a curto/médio prazo?
Na vida e na carreira, sempre tive como objectivo fazer o melhor possível todos os dias, para que o somatório seja algo que adiciona valor à empresa e à sociedade, sem protagonismos fúteis, com humildade, com resiliência, procurando construir equipas sólidas, feitas de pessoas e profissionais também sólidos.
Acredito que são estes os pilares que nos levam a concretizar todos os objectivos, sejam eles de que prazo forem, e certamente nos permitirão continuar a cumprir a missão da MSD, entregar à sociedade soluções terapêuticas e vacinas que salvem e prolonguem vidas, e que cheguem de forma rápida e equitativa a todos quantos delas precisam.
Qual a importância que as vossas pessoas assumem nesse caminho?
São essenciais. Somos uma empresa de pessoas e para pessoas. E é com enorme satisfação que constatamos, anualmente, nos nossos inquéritos de opinião internos, que uma percentagem muito expressiva de colaboradores da MSD se identifica com os valores da empresa, que revela sentido de pertença e que se sente motivados em contribuir para o sucesso colectivo. Queremos que a MSD continue a ser uma grande empresa para trabalhar. Nesse sentido, temos feito uma forte aposta na retenção.
Leia a entrevista na íntegra na edição de Julho (nº. 151) da Human Resources, nas bancas.
Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.