Rui Bairrada, CEO da Doutor Finanças: «Temos de ouvir e tratar as pessoas como pessoas. Esse vai ser o grande desafio no futuro»
Decorreu ontem o primeiro dia da 4.ª edição do Bootcamp de Recursos Humanos e Sustentabilidade, iniciativa promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. Ana Leonor Martins, directora de redacção da Human Resources Portugal esteve à conversa com Rui Bairrada, CEO da Doutor Finanças.
Numa conversa informal, Rui Bairrada partilhou um pouco do seu percurso que, em 2014, criou uma empresa com cinco pessoas, cujo propósito era ajudar os portugueses a gerir melhor as suas finanças, e hoje a equipa já atingiu os 234 colaboradores.
Ainda que o mundo tenha mudado muito na última década, revela que o processo de crescimento e aprendizagem é contínuo, nomeadamente com esta nova forma de trabalhar. Se o trabalho remoto trouxe vantagens, como a flexibilidade, também trouxe a perda de proximidade com as pessoas. Por isso, no Doutor Finanças, «o maior desafio é manter os colaboradores focados nos objectivos e no propósito», por isso quando recrutam em tecnologia, área por si já difícil, fazem questão de vender o sonho: mudar o mundo. Também fomentam a ligação interna semanalmente, com convidados e partilhas e com o “Bloco”, um local onde «não há reuniões após as cinco da tarde e onde todos podem ir jogar padel».
Para Rui Bairrada, gerir pessoas é definitivamente mais difícil do que gerir um negócio, «até porque sem pessoas não há negócio», por isso o maior desafio no futuro mais próximo será a comunicação, ouvir os colaboradores, criar condições para que eles possam dizer o que estão a sentir e as lideranças poderem agir. Tudo isto num contexto de teletrabalho, que pode agravar a solidão, a falta de empatia, de ligação com os outros, de envolvimento com a empresa, entre outros.
O segredo está em rodear-se de boas pessoas. «É um processo colaborativo, e todos são importantes.» Se todos «estiverem no mesmo patamar, vamos aprender a evoluir juntos», por isso não abdica de ter à sua volta pessoas que saibam mais do que ele.
«Temos de tratar as pessoas como pessoas e isso implica muita coisa», diz, acreditando que só assim será possível construir algo maior. «Gostava muito que os meus filhos, um dia, dissessem “O meu pai ajudou a tirar Portugal do último lugar no ranking de literacia financeira”.»