Por que é tão difícil mudar os nossos hábitos e comportamentos?

Por André Rosa, consultor e formador em Liderança / mestre em Gestão de Recursos Humanos

 

Recentemente, li uma noticia que dizia “os adultos estão sentados cerca de 10 horas. Uma corrida pode salvar-lhe a vida: menos de 25 minutos de actividade física diária podem evitar a morte devido ao sedentarismo”. Acredito que muitas pessoas já conheçam estas informações, tal como sabemos que o tabaco faz mal ou o consumo excessivo de álcool ou drogas. Ou… o tempo que passamos agarrados ao telemóvel e nas redes sociais. Mas por que continuamos a fazê-lo, quando sabemos que o oposto nos faria melhor?

A resposta é simples: porque não temos disciplina necessária para alterar o comportamento. Mas se fosse, de facto, assim tão simples, seria simples alterar estes comportamentos. E, na verdade, não é.

Assim, é importante analisar o que acontece e o que dificulta estas alterações comportamentais. A dificuldade da mudança comportamental passa essencialmente pela complexidade do comportamento humano. Ora vejamos:

– fazemos parte do sistema (ambiente em que estamos inseridos), somos influenciados por ele e pelos outros;

– também influenciamos o sistema e os outros;

– as nossas experiências de vida e educação influenciam a nossa visão do mundo, aquilo em que acreditamos e aquilo que valorizamos;

– o nosso estado emocional é influenciado pelo sono, alimentação e exercício;

– estamos a ser influenciamos a toda a hora;

– a nossa forma de gerir emoções e acontecimentos é influenciada pela nossa educação, experiências e genética;

– o dia é imprevisível;

– a vida é imprevisível;

– o ser humano é previsivelmente irracional;

– a nossa mente traz-nos pensamentos que achamos ser nossos, mas que são apenas pensamentos gerados de forma automática;

– as nossas emoções são apenas reacções automáticas ao que acontece ou ao que achamos que vai acontecer (fazemos e adoramos adivinhar o futuro);

– somos enganados pela nossa mente, através de heurísticas mentais (pensamento rápido e pensamento lento);

– não sei se continuo a escrever mais sobre isto… mas sim, vamos lá: detestamos desconforto e a nossa mente também; por isso é que nos protege nos momentos de mudança e/ou perigo;

– adoramos ter prazer (vá-se lá perceber porquê). E adoramos ainda mais, quando o prazer é imediato. A famosa dopamina;

– todo o comportamento tem uma intenção positiva, por muito “maléfico” que seja esse comportamento.

Bem, acho que já chega. Agora, será que por esta complexidade existir não podemos mudar comportamentos? Claro que sim. E como? É preciso ter a disciplina necessária para alterar o comportamento. E que disciplina é esta? Como refere o autor Jorge Araújo, uma referência no Treino Comportamental, devemos:

– reconhecer a importância de aceitarmos individualmente que precisamos de mudar (no fundo, termos claro “o que ganhamos com a mudança?);

– e também a importância (fundamental!) de termos quem, vendo-nos agir, cuide, observe, aja, comunique com impacto e nos ajude de forma continuada a uma decisiva melhoria comportamental continuada.

Assim, o acompanhamento de um mentor ou de um coach pode ter um impacto brutal no seu desenvolvimento, da mesma forma que os melhores atletas do mundo têm um treinador para lhes dar feedback de melhoria e para os apoiarem no seu crescimento.

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