O seu local de trabalho é tóxico? Se não sabe responder, veja os sinais de alarme (e saiba o que fazer)

Quando se trabalha num ambiente tóxico, os sinais podem ser bastante fáceis de reconhecer: gritos e bullying, conversas de corredor e cargas de trabalho insustentáveis são algumas características comuns. 

Num estudo recente, foram analisadas mais de 1,3 milhões de avaliações da Glassdoor e identificados cinco sinais de uma cultura corporativa tóxica: são desrespeitosas, não inclusivas, antiéticas, cruéis e abusivas.

Identificar a toxicidade numa organização para a qual não trabalha actualmente pode ser complicado. Se está a tentar deixar um local de trabalho tóxico, mas não faz as devidas diligências junto dos futuros empregadores, pode acabar por ver-se noutro ambiente semelhante. A Harvard Business Review partilha três sinais a observar para evitar entrar num ambiente de trabalho tóxico.

Um processo de entrevista negativo

«Uma experiência negativa de um candidato é uma janela para a cultura da empresa», diz Joel Lalgee, fundador do The Realest Recruiter. «Má comunicação por parte do recrutador, ghosting e rondas de entrevistas intermináveis são apenas alguns dos sinais de alerta de que pode haver mau funcionamento na empresa.» Outros sinais incluem iniciar e interromper o processo de entrevista; ser inflexível nas datas e horários das entrevistas; alterar substancialmente a descrição da função a meio do processo; e pressionar os candidatos a aceitar o emprego no próprio dia.

Também pode haver sinais de alerta durante as entrevistas, como interromper ou ignorar respostas, falar mais do que ouvir, chegar tarde sem pedir desculpas. Lembre-se de que as entrevistas são uma oportunidade para o candidato e o recrutador se avaliarem. Se os seus entrevistadores não estão a comportar-se da melhor maneira possível, pode ser um sinal do que está para vir se entrar na empresa.

O que os actuais colaboradores (não) dizem

Ouça atentamente as respostas que os actuais colaboradores dão quando faz perguntas sobre a função, a equipa e a organização como um todo.

Algumas pessoas podem contar-lhe exactamente como foi a sua experiência, incluindo o bom e o mau. Mas a maioria dos profissionais que ainda trabalham na organização não serão tão sinceros quanto a trabalhar num ambiente tóxico. Ainda assim, pode estudar e ler nas entrelinhas o que dizem e o que não dizem.

Atente à linguagem, como exemplificado abaixo, e não tenha receio de fazer perguntas complementares para obter mais detalhes:

• «Sim, a equipa é pequena. Mas há oportunidades de gerir e causar impacto.» Isso pode ser um sinal de que a equipa está com falta de pessoal, poucos recursos e sobrecarregada, especialmente se estiverem a preencher funções quando outros já saíram. Aproveite para perguntar: «Como é que o orçamento e recursos mudaram nos últimos três anos? O número de membros da equipa aumentou ou diminuiu?»
• «Somos bastante informais e não damos importância aos títulos.» Isto pode ser um sinal de que os profissionais não têm formação suficiente e/ou são mal pagos em relação ao mercado. Aproveite para perguntar: «De que forma recompensam e compensam os colaboradores numa organização informal?»
• «Acreditamos na meritocracia. Os nossos colaboradores são avaliados apenas pelo desempenho. Todos têm a hipótese de ter sucesso aqui.» Isto pode ser um sinal de que, dada a reacção negativa da DEI no mercado, a organização não investe mais em esforços de DEI ou valoriza a inclusão como um impulsionador do negócio. Aproveite para perguntar: «Que papel desempenham a diversidade, a equidade e a inclusão na organização para garantir que todos sejam tratados de forma justa e equitativa?»
• «No último ano houve muitas mudanças para levar a organização a um patamar superior.» Isso pode ser um sinal de que ainda falta visão da administração sobre o rumo da empresa, o que pode gerar maior turbulência e rotatividade. Aproveite para perguntar: «Pode falar-me mais sobre a mudança que viveram no ano passado e como isso ajudou a organização a chegar a um patamar melhor?»
• «Acreditamos que os colaboradores são donos do seu próprio desenvolvimento de carreira.» Isto pode ser um sinal de que não há muito apoio em termos de progressão de carreira ou recursos para aprendizagem e desenvolvimento. Aproveite para perguntar: «Pode dar alguns exemplos de como viu colaboradores assumirem com sucesso as suas carreiras na organização?»

Colaboradores a sair, não a entrar

Muitas vagas podem ser um sinal de crescimento, incluindo a expansão de produtos ou serviços actuais ou a entrada em novas linhas de negócios. Contudo, também pode sinalizar uma rotatividade significativa devido à toxicidade, especialmente se as mesmas vagas continuarem a aparecer num departamento ou divisão específica. Se as organizações não conseguem reter talentos e os profissionais mudam com frequência e rapidez, isso pode ser um sinal de que algo mais está a acontecer dentro da empresa.

Se quer saber se uma empresa tem altas taxas de rotatividade, pode verificar que vagas estão publicadas actualmente e configurar alertas de vagas por empresa em sites como o LinkedIn. Se as mesmas funções forem publicadas regularmente, isso pode ser outro sinal de alerta de que a cultura da empresa é tóxica.

Também pode enviar mensagens para pessoas da sua rede no LinkedIn, que trabalharam na organização, e perguntar se estariam dispostas a partilhar as suas experiências. Assim como muitas organizações fazem verificações de referências de candidatos, esta é a sua oportunidade de fazer verificações de referências do seu futuro empregador.

Pode estar animado para avançar para a sua próxima oportunidade, especialmente se estiver a tentar sair de um ambiente de trabalho pouco saudável, mas não ignore o que pode estar mesmo à sua frente. Identificar sinais de alerta pode ajudar a evitar um ambiente de trabalho tóxico e orientá-lo para um mais saudável e colaborativo.