O impacto das PME na criação de ambientes de trabalho de excelência

Num país onde as PME representam a maioria do tecido empresarial não é de estranhar que estas impactem também a excelência no local de trabalho.

 

Em 2022, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a esmagadora maioria das empresas nacionais é de pequena e média dimensão, observando-se ainda, dentro desta categoria, uma preponderância das microempresas. As grandes empresas são em muito maior número, mas não podemos ignorar o impacto que têm na economia.

Esta dinâmica, como seria expectável em qualquer estudo que se direccione às empresas, reflecte-se no número de empresas Certificadas pela Great Place to Work em 2023, em que 81% são empresas com menos de 250 colaboradores, ou seja, de pequena e média dimensão.

Sublinha-se que na lista dos Best WorkplacesTM em Portugal de 2024 são 35 as empresas com esta dimensão, correspondendo a 70% das reconhecidas. De notar que as dimensões em que se divide a lista é ligeiramente diferente desta abordagem, existindo a dimensão entre 101 e 200 colaboradores e 201 e 500 colaboradores, o que se justifica pelo alinhamento com outros países e com o número significativo e competitividade de empresas com estas características.

Estas empresas concentram 20% do total de colaboradores e abrangem um conjunto bastante diversificado de sectores de actividade (11), embora se observe uma maior representatividade dos sectores das Tecnologias da Informação e Biotecnologia & Farmacêutico.

Salienta-se, ainda, que mais de metade destas empresas são cariz nacional, o que evidencia a crescente preocupação destas empresas em criar um excelente lugar para trabalhar, onde as pessoas são colocadas no centro das organizações.

Os ambientes de trabalho dos Best Workplaces de pequena e média dimensão são marcados por uma elevada confiança e pela excelência. No Trust Index cos para criar um ambiente inclusivo e para promover a diversidade, que tanto se fala actualmente. A imparcialidade é a única dimensão com uma média global inferior a 89%, concentrando aqui as principais oportunidades de melhoria. As áreas de foco com os resultados globais mais baixos são a Igualdade e a Equidade, que se encontram debaixo do chapéu da Imparcialidade. Temas como a justiça na política salarial e na partilha de lucros, o reconhecimento e atribuição de promoções são os que registam a percepção mais negativa por parte dos colaboradores. registam, assim, mais de 10 pp que as empresas de grande dimensão, observando-se um gap igual na percepção global.

Estas empresas caracterizam-se pela camaradagem entre colegas, por uma liderança credível, o que se resulta num elevado sentimento de orgulho por parte dos seus colaboradores. Olhando pormenorizadamente para as áreas de foco observa-se que estes ambientes são marcados por senso de comunidade e espírito de equipa, pela familiaridade entre colegas e pela hospitalidade do lugar.

Salienta-se, ainda, a percepção de que os colaboradores, independentemente de quem são, das suas características pessoais ou da função que ocupam na organização, são respeitados e tratados de forma justa. Encontram-se estabelecidos nestas organizações os princípios básicos para criar um ambiente inclusivo e para promover a diversidade, que tanto se fala actualmente.

A imparcialidade é a única dimensão com uma média global inferior a 89%, concentrando aqui as principais oportunidades de melhoria. As áreas de foco com os resultados globais mais baixos são a Igualdade e a Equidade, que se encontram debaixo do chapéu da Imparcialidade. Temas como a justiça na política salarial e na partilha de lucros, o reconhecimento e atribuição de promoções são os que registam a percepção mais negativa por parte dos colaboradores.

Para além destes temas, é também visível que as políticas e práticas relacionadas com a colaboração podem ser melhoradas. Esta temática é bastante importante nos ambientes de trabalho actuais, uma vez que só através da colaboração é possível criar um ambiente em que a inovação vem de todos os lados e não está confinada a apenas um departamento. Esta colaboração é também importante para que a liderança destas organizações assuma um estilo de gestão cada mais participativo, uma ambição dos colaboradores.

Os números mostram a excelência dos Best WorkplacesTM de pequena e média dimensão, observando-se, até pelo seu número, uma enorme competitividade. Esta excelência dos ambientes de trabalho tem-se traduzido no reconhecimento de uma média de três empresas de pequena e média dimensão de raiz nacional nos Best WorkplacesTM Europe, para além das filiais que têm sido reconhecidas no conjunto das multinacionais.

 

Benchmarking: o que fazem os melhores do Mundo
A experiência de mais de 30 anos a aplicar questionários aos colaboradores levou à “criação” da maior base de dados de cultura organizacional no mundo. Anualmente, a Great Place to Work ouve mais de 12 milhões de colaboradores, num total de mais de 10 000 empresas. Com este volume de dados, construímos um benchmarking global e robusto não só de dados quantitativos relativos à cultura organizacional recolhidos através do survey aos colaboradores –, bem como de práticas de referência de mercado – recolhidas através de um questionário dirigido às empresas, denominado Culture Audit.

Os resultados do survey permitem identificar os pontos fortes e as oportunidades de melhoria e a partir destes criar e implementar um plano de acções. Este plano pode direccionar-se a fortalecer os pontos fortes ou a mitigar as oportunidades de melhoria. Caso as empresas não saibam o caminho a seguir a Great Place to Work ajuda-as a encontrá-lo, apoiando-as na criação do plano de acção e da respectiva monitorização.

Ter acesso a diferentes benchmarks é fundamental para colocar estes resultados em perspectiva e para se comparar com o mercado. Facilitando, assim, a contextualização e a análise dos resultados do survey, uma vez que é importante confrontá-los com os de outras empresas de características idênticas (dimensão, localização, sector de actividade, etc.), e com as empresas GPTW Certified ou Best WorkplacesTM; e permitindo, deste modo, à liderança olhar para dentro e para fora da organização.

O benchmarking pode ser utilizado para fazer a priorização das oportunidades de melhoria e para destacar a sua cultura do mercado. Exemplo: se uma empresa apresenta na afirmação que a quantia recebida como participação nos lucros é justa, se tiver um resultado de 61% não é mau, considerando que este valor é de 63% nos Best WorkplacesTM no nosso país. Porém, se a pontuação for de 85%, relacionada a segurança física do ambiente de trabalho, fica abaixo, porque a média dos Best WorkplacesTM foi de 97%.

Através da nossa experiência e da nossa biblioteca de práticas, ajudamos as empresas a implementar o que faz mais sentido para a sua cultura, de modo a fortalecer o seu employee experience e a sua marca empregadora. A nossa biblioteca permite a qualquer empresa de qualquer dimensão aceder às práticas mais comuns do seu sector, quer em Portugal, quer na Europa, quer no mundo, sendo nestes dois últimos casos fulcral no caso das empresas que pretendam internacionalizarem-se. Possibilita, também, por exemplo, saber quais os benefícios, que é sempre um hot topic, que mais estão a impactar a vida dos colaboradores. O nosso benchmarking de práticas permite às empresas alinharem com as expectativas dos colaboradores e com o que o mercado está a fazer.

O benchmarking é, assim, uma ferramenta importante para o desenvolvimento das organizações (exemplo disso são os estudos salariais, benefícios, etc). Com ele, as práticas bem-sucedidas são tidas como referência e tornam-se padrões a serem seguidos, por quem pretende progredir numa área semelhante. Com isto, os objectivos deixam de ser definidos por opiniões e passam a ser baseados em dados.

Por isso, fazer benchmarking é fundamental, na medida em que é utilizado para ajudar as empresas no seu processo de desenvolvimento organizacional e na sua jornada de ser ou de se tornar um excelente lugar para trabalhar.

 

Caso Prático
InnoTech
Com um crescimento de 55% no número de colaboradores em 2023, prevê contratar, em 2024, cerca de 100 colaboradores e atingir o marco dos 250 colaboradores em apenas quatro anos de vida. Este crescimento apenas tem sido possível através do elevado foco no bem-estar, satisfação e evolução contínua da equipa, o que tem impactado nas suas pessoas, traduzindo-se num aumento do Trust Index (7 pp).

E, para esta empresa, a melhor forma de manter elevado o nível de satisfação dos colaboradores é ouvindo-os. Uma das formas de auscultar os colaboradores é o survey da Great Place to Work Modelo, e tem sido desta forma que a empresa programa e planeia os próximos passos – eventos, parcerias, benefícios, políticas de recursos humanos. Esta empresa cultiva um ambiente estimulante e dinâmico, promovendo a colaboração e a criatividade, entre as suas políticas e práticas destacam: a flexibilidade de horário, a formação contínua e os programas de reconhecimento e recompensas.

Em 2023 a InnoTech criou a função de Employer Branding Manager para desenvolver e reforçar o seu posicionamento como Best Workplaces, com os colaboradores como fonte de inspiração para um ambiente de trabalho cada vez mais de excelência.

«Para a InnoTech, o estudo da GPTW e a consequente certificação representam reconhecimento externo pelo nosso trabalho e dedicação interna. Esses elementos são essenciais para fortalecer a reputação da empresa como um excelente empregador, garantindo o bem- -estar e o engagement dos colaboradores. Na prática, acreditamos que haja ligação directa com a atracção de mais e melhores talentos, bem como na redução da rotatividade, aumento da proactividade e criatividade», afirma José Padre Eterno, da InnoTech.

 

Este artigo faz parte do Especial “Great Place to Work” publicado na edição de Abril (n.º 160) da Human Resources.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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