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Sete estratégias para melhorar a saúde e o bem-estar dos seus colaboradores
Uma empresa pode orgulhar-se de ser um bom empregador. Mas mesmo com a melhor das intenções, ela pode estar a prejudicar a saúde e o bem-estar dos colaboradores devido à forma como o trabalho está organizado. Como reformular o trabalho para apoiar o bem-estar dos colaboradores?
As condições de trabalho e as exigências do ambiente de trabalho são uma fonte significativa de stress para muitos colaboradores. A boa notícia para os gestores é que existem formas de reformular o trabalho para apoiar o bem-estar e produzir benefícios a longo prazo para a organização. Estudos recentes sugerem que alterar estrategicamente as condições do local de trabalho para promover o bem-estar dos trabalhadores não só melhora a saúde dos mesmos, como também pode produzir resultados comerciais benéficos, tais como um melhor desempenho profissional (incluindo o aumento da produtividade) e níveis mais baixos de burnout.
Com o apoio da Fundação Robert Wood Johnson, analisámos e sintetizámos pesquisas sobre as condições de trabalho específicas que afectam o bem-estar dos trabalhadores e desenvolvemos uma estrutura e um conjunto de sete ferramentas de “planeamento do trabalho para a saúde” que podem beneficiar os trabalhadores e, sobretudo, a organização.
1. Dê aos trabalhadores mais controlo sobre o modo de realizar o seu trabalho
Pesquisas indicam que ter pouco controlo sobre a maneira como o trabalho é realizado está associado a taxas mais elevadas de doenças cardíacas. Além disso, a combinação de elevadas exigências do trabalho com um baixo controlo sobre ele aumenta significativamente o risco de diabetes. Mesmo mudanças relativamente pequenas na autonomia do trabalhador podem fazer a diferença no seu bem-estar. Um estudo realizado num call center concluiu que dar mais formação aos seus colaboradores para assumirem novas tarefas e resolver mais queixas dos clientes por si próprios melhorou o seu bem-estar e o seu desempenho no trabalho.
2. Dê aos colaboradores mais flexibilidade sobre quando e onde trabalhar
Vários estudos concluíram que dar aos trabalhadores mais escolha ou controlo sobre os seus horários de trabalho melhora a sua saúde mental. Isto pode implicar simplesmente a autorização de horários de início e de fim de trabalho diferentes e uma troca mais fácil de turnos nos trabalhos que têm de ser efectuados no local.
3. Aumente a estabilidade dos horários dos trabalhadores
Os horários erráticos e imprevisíveis dificultam a gestão da vida pessoal e das responsabilidades familiares dos trabalhadores da linha da frente. Pesquisas revelam que os trabalhadores com este tipo de horário de trabalho errático têm diversos resultados negativos, incluindo uma pior qualidade do sono e um maior desgaste emocional.
Por outro lado, um estudo nas lojas da Gap concluiu que uma maior estabilidade de horários pode beneficiar empresas e trabalhadores. O aumento da estabilidade dos horários dos trabalhadores conduziu a um aumento de 7% nas vendas médias das lojas participantes e a um aumento de 5% na produtividade do trabalho. A estabilidade adicional também melhorou a qualidade do sono e reduziu o stress entre os trabalhadores com filhos.
4. Proporcione aos trabalhadores oportunidades para identificarem e resolverem problemas no local de trabalho
Dar aos trabalhadores a oportunidade de participarem em melhorias no local de trabalho pode ser uma abordagem eficaz para promover o seu bem-estar. Um estudo realizado com médicos, assistentes médicos e enfermeiros concluiu que aqueles que foram convidados a participar num processo estruturado de identificação e resolução de problemas no seu local de trabalho registaram uma diminuição das taxas de burnout e um aumento da satisfação profissional.
5. Mantenha a sua organização com pessoal adequado, para que as cargas de trabalho sejam razoáveis
As pesquisas indicam que as elevadas exigências de trabalho – por exemplo, longas horas ou pressão para trabalhar muito ou depressa – podem afectar a saúde dos trabalhadores. De facto, numerosos estudos concluem que exigências elevadas associadas a um baixo controlo criam riscos para a saúde, incluindo taxas mais elevadas de sintomas de depressão, tensão arterial elevada e doenças cardiovasculares. A contratação de pessoal para distribuir as exigências pode parecer dispendiosa, mas os empregadores também pagam um preço real quando os colaboradores exaustos ou doentes se esgotam, faltam ou se despedem.
6. Incentive os gestores da sua organização a apoiarem as necessidades pessoais dos colaboradores
Muitos trabalhadores são também prestadores de cuidados a crianças ou pais idosos e beneficiam de supervisores que os apoiam mais nos desafios que enfrentam ao tentarem equilibrar a vida profissional e pessoal. Um estudo realizado em lares de idosos revelou que os trabalhadores cujos gestores eram mais receptivos às suas necessidades familiares apresentavam menos factores de risco de doenças cardiovasculares e dormiam melhor. Estudos realizados em estabelecimentos de saúde e supermercados examinaram programas de formação para gestores visando aumentar os comportamentos de apoio à família. As entidades patronais também beneficiaram, uma vez que os trabalhadores cujos directores receberam esta formação relataram maior satisfação, melhor desempenho e menos interesse em abandonar o emprego.
7. Tome medidas para promover um sentimento de ligação social entre os trabalhadores
A criação de uma cultura de trabalho onde os trabalhadores possam desenvolver relações de apoio com os seus colegas pode ser uma estratégia importante para aumentar o bem-estar dos colaboradores. Pesquisas demonstraram que essas relações no trabalho estão associadas a uma menor angústia psicológica, um indicador de má saúde mental.
Promover um sentimento de ligação social não tem de ser uma proposta complexa ou dispendiosa. Um estudo realizado com colaboradores do 112, que têm empregos stressantes e elevadas taxas de burnout e de rotatividade, levou os supervisores a enviarem um email por semana, pedindo aos colaboradores que se apoiassem mutuamente, partilhando histórias positivas sobre o seu trabalho. Por exemplo, um email partilhou a história de um colaborador que conseguiu salvar a vida de uma pessoa que ligou para o 112, ligando-a aos recursos adequados. Os colaboradores que receberam os emails que os encorajavam a partilhar essas histórias entre si registaram uma diminuição significativa do burnout e tinham menos 50% de probabilidades de se despedirem.
Como estes exemplos demonstram, muitas práticas de gestão que melhoram o bem-estar dos trabalhadores também beneficiam os empregadores. A longo prazo, as empresas que se preocupam com a saúde e o bem-estar dos seus colaboradores terão mais probabilidades de terem colaboradores que se preocupam também com a saúde e o bem-estar da empresa.
Texto: Erin L. Kelly, professora no MIT; Lisa F. Berkman e Laura D. Kubzansky, professoras em Harvard; e Meg Lovejoy, directora de um programa de investigação de Harvard, na Harvard Business Review