E se uma entrevista de emprego incluísse um “detector de mentiras”? Este grupo do sector da saúde foi processado por isso

A CVS Health Corp. e a CVS Pharmacy chegaram a um acordo provisório numa proposta de acção colectiva que acusa a empresa de submeter os candidatos a emprego a testes de detector de mentiras, durante o processo de entrevista, sem aviso prévio, noticia o HR Dive.

As ferramentas de avaliação baseadas em IA estão cada vez mais sob escrutínio. O acordo é o mais recente numa saga legal que envolve ferramentas baseadas em IA nos processos de recrutamento.

Um candidato a emprego alegou que a CVS violou a lei do estado norte-americano do Massachusetts, pois não lhe foi dada a opção de escolha de não participar na entrevista sem recurso a ferramentas de IA como a HireVue (vídeo) ou da Affectiva (análise), e nem teve oportunidade de contestar a avaliação.

De acordo com a reclamação de 2023, o requerente candidatou-se a uma vaga de supply chain na CVS em Janeiro de 2021, mas não foi escolhido. Mais tarde, soube que a sua entrevista foi analisada pela HireVue, através da tecnologia Affectiva, para rastrear expressões faciais como “sorriso, surpresa, desprezo e aversão”, que atribuía aos candidatos uma “pontuação de empregabilidade”.

Parte dessa “pontuação de empregabilidade” incluía a análise do nível de “consciência e responsabilidade” de um candidato, incluindo o seu “sentido inato de integridade e honra”, constava na reclamação. O aviso do acordo, publicado pelo tribunal federal de Massachusetts, não divulgou detalhes específicos sobre compensação financeira ou mudanças nas práticas da CVS.

Um outro candidato alegou que a ferramenta de IA de software de triagem da tecnológica Workday é tendenciosa e discriminatória. Embora a empresa tenha apresentado uma contestação ao processo, um juiz do tribunal distrital federal indeferiu, uma vez que «as ferramentas da Workday estão envolvidas em conduta que está no cerne do acesso igualitário às oportunidades de emprego».

Adicionalmente, a American Civil Liberties Union pediu à Federal Trade Commission para rever as ferramentas de IA de avaliação de emprego da Aon, alegando que contêm vieses contra pessoas com autismo ou deficiências de saúde mental e discriminam com base na etnia. A Aon reiterou que as ferramentas atendem às melhores práticas do sector.

Por enquanto, os empregadores continuam divididos sobre o uso da IA generativa nas práticas de RH, particularmente neste cenário de riscos legais, revela uma pesquisa da Littler Mendelson. Cerca de 51% disseram que a sua organização não usa as ferramentas, enquanto 49% confirmaram o seu uso. A maioria dos entrevistados — incluindo advogados, executivos e profissionais de RH — disse que estava pelo menos moderadamente preocupada em cumprir as leis estaduais, federais e internacionais de protecção de dados e segurança da informação.

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