O futuro do trabalho… Com a IA em co-piloto
Como deverá ser o futuro do trabalho? Acredito que todos gostaríamos de ter uma bola de cristal que ajudasse a responder a esta pergunta.
Por Catarina Queiroz Marketing manager da Seidor
A pandemia marcou um ponto de viragem, desencadeando a dispersão generalizada da força de trabalho, colocando milhões de pessoas a trabalhar a partir de casa. Dois anos depois, muitas empresas queriam que se voltasse a ocupar os escritórios. A posição mais comummente aceite, sobretudo pelos colaboradores, é a abordagem do trabalho híbrido e remoto, que acarreta os desafios de manter acesa a cultura organizacional e de aumentar a colaboração, transferida para as plataformas digitais, entre todos.
Há quem se foque na experiência do colaborador, outros na automatização (com níveis mais ou menos avançados de implementação de soluções RPA, onde estas façam sentido) e, claro, a última tendência: a incorporação da inteligência artificial (IA) no local de trabalho. Estamos, portanto, a apostar em trabalhar melhor, aportando mais valor e produtividade de uma forma mais inteligente e a partir de qualquer lugar.
Mas será que os colaboradores têm formação nas novas competências digitais? De acordo com o estudo A Europa rumo à transição digital, do Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP), a maioria da mão-de-obra europeia não possui competências digitais. Mas Portugal é um dos países onde se regista um maior interesse pela formação: 49% dos trabalhadores procuram melhorar as suas competências no geral, e 34% desenvolveram competências digitais entre 2020-21, acima da média europeia (26%). Os números têm vindo a subir ano após ano.
A transformação digital das organizações não se deve reduzir a uma simples mudança de sistemas informáticos, à adopção de novas ferramentas de software (o que, evidentemente, tem de ser feito), ou à criação de casos de utilização e à sua resolução um a um, para fazer as mesmas coisas utilizando a tecnologia. Sem dúvida que devemos concentrar-nos na aplicação de outras abordagens, como repensar os fluxos de trabalho ou redesenhar a experiência de trabalho para se alcançar uma maior agilidade e acrescentar valor. Passar de uma transformação progressiva, mas pontual, para uma inovação contínua, centrando- nos no ser humano e, dessa forma, transformando a própria organização.
A aplicação da IA ajudar-nos-á a mudar o nosso comportamento, entrando num ciclo de constante evolução e inovação, porque a IA é um co-piloto para os profissionais do futuro, ajudando-os nas suas tarefas em vez de os substituir. E, à medida que progride e os nossos comportamentos mudam, a força de trabalho entrará num estado de melhoria contínua, de evolução constante.
Gostaria de concluir falando na importância do “interpessoal” como um ingrediente necessário quando imaginamos o futuro do trabalho. Concordo totalmente com o que Satya Nadella, presidente e director-executivo da Microsoft, disse no Fórum Económico Anual Davos 2023: não se trata apenas de nos concentrarmos em aumentar as competências tecnológicas dos nossos colaboradores, mas de ir mais além.
Incentivar as relações interpessoais, reforçar as nossas soft skills e dedicar tempo para isso, porque enquanto as pessoas não se sentirem satisfeitas no seu trabalho, em termos de novas competências adquiridas ou reforçadas, não serão leais por muito tempo à organização a que pertencem. É isso que significa investir, de facto, no seu desenvolvimento pessoal.
Numa altura em que se fala tanto de IA, estas são competências profissionais que não poderão ser automatizadas ou geradas por qualquer tipo de IA, pelo menos assim acredito!
Este artigo foi publicado na edição de Julho (nº. 163) da Human Resources, nas bancas.
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