Todos os sectores em Portugal revelam uma quebra na projecção para a criação líquida de emprego face ao ano passado

As intenções de contratação das empresas portuguesas mantêm-se positivas, para o último trimestre deste ano, segundo dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, que revelam uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +19%.

 

De um universo de 525 empresas portuguesas inquiridas, 35% pretendem aumentar as suas equipas, 16% antevê reduzir e 48% planeia manter o seu número actual de colaboradores.

Este resultado traduz, assim, um crescimento continuado, mas menos acentuado, do mercado de trabalho em Portugal, com a projecção a subir um ponto percentual relativamente ao trimestre passado. Não obstante, revela igualmente uma acentuada descida de 16 pontos percentuais, face ao período homólogo de 2023, quando as expectativas dos empregadores atingiam o segundo valor mais elevado do pós-pandemia e intenções de contratação vigorosas apesar dos sinais de abrandamento no crescimento económico que já se faziam sentir.

Estes valores posicionam Portugal abaixo da média global no que respeita às Projecções de contratação, sendo o quarto país com o maior abrandamento relativamente ao mesmo período do ano passado.

Os empregadores de oito dos nove setores analisados em Portugal esperam aumentar as suas equipas no quarto trimestre do ano. No entanto, todos os sectores revelam uma quebra na Projecção para a Criação Líquida de Emprego, face ao período homólogo de 2023, e apenas dois sectores revelam crescimento nas intenções de contratação relativamente ao trimestre passado.

Com as intenções de contratação mais fortes, o sector dos Transportes, Logística e Automóvel apresenta uma Projecção de +28. Esta representa uma subida de três pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, mas uma descida de 21 pontos percentuais face ao período homólogo do ano passado.

Seguem-se os setores das Finanças e Imobiliário e da Energia e Utilities, com Projeções de +25% e +22%, respetivamente. Se no primeiro caso se regista um aumento moderado de sete pontos percentuais face ao trimestre passado, no caso das empresas de Energia e Utilities as intenções de contratação permanecem inalteradas quando comparadas com o trimestre anterior. Na evolução anual, ambos sectores mostram um abrandamento nas previsões de emprego.

Além destes, o sector da Indústria Pesada e Materiais regista uma Projecção para a Criação Líquida de emprego de +18%, o sector da Saúde e Ciências da Vida fixa-se nos +17%, e os Bens e Serviços de Consumo nos +16%.

A registar as reduções mais acentuadas nas intenções de contratação, encontram-se os sectores de Tecnologias de Informação e de Serviços de Comunicação, traduzindo assim o abrandamento na procura de perfis tecnológicos e digitais que se observou anteriormente a nível global e que se reflecte também no nosso país. O primeiro, com uma Projecção de +12%, diminui em cinco pontos percentuais entre trimestres e em 35 pontos percentuais na comparativa anual.

Já a Projecção das empresas de Comunicação e Media, que se fixa em 0%, revela uma redução de 16 e 38 pontos percentuais face ao declarado no trimestre passado e no período homólogo de 2023, respectivamente. Este é o terceiro trimestre consecutivo de abrandamento nas contratações, nestes sectores, com uma redução de 45 e 50 pontos percentuais, respetivamente face aos valores registados no primeiro trimestre deste ano.

De norte a sul de Portugal, os empregadores de todas as regiões avançam com previsões de contratação sólidas para o próximo trimestre. Não obstante, só duas regiões melhoram as suas Projecções relativamente aos três meses anteriores.

Com a Projecção para a Criação Líquida de Emprego mais optimista, a Grande Lisboa fixa-se nos +24%, o que reflecte um crescimento de sete pontos percentuais face ao período de Agosto a Setembro. Segue-se a Região Centro, com uma previsão de +17% e um aumento de 10 pontos percentuais face ao trimestre anterior.

O Grande Porto e a Região Sul registam ambos uma Projeção de +14% para o último trimestre do ano e, por fim, a Região Norte apresenta as intenções menos optimistas, estabelecendo-se nos +13%. É a norte do país que se observa o maior abrandamento no sentimento de contratação, com reduções de oito e seis pontos percentuais entre trimestres e de 25 e 20 pontos percentuais ano-a-ano, para o Grande Porto e para a Região Norte, respectivamente.

Em quatro das seis categorias de dimensão de empresa, os empregadores avançam com previsões de contratação positivas para o último trimestre de 2024.

São as Médias Empresas as que apresentam a previsão mais próspera, fixando-se nos +37%. Esta é a categoria de empresa que regista o maior crescimento entre trimestres e a única que revela um aumento das intenções face ao mesmo período do ano anterior. Seguem-se as Pequenas Empresas e as Grandes Empresas de até 1000 trabalhadores, ambas com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +22%. Já nas Microempresas as intenções de contratação alcançam os +19%.

A contraciclo, encontram-se as Grandes Empresas entre 1000 e 5000 trabalhadores e de mais de 5000 trabalhadores, com Projecções negativas, de -3% e -9% respectivamente, revelando assim uma previsível redução do emprego nestes segmentos.

A Projecção para a Criação Líquida de Emprego a nível global é de +25%, registando um crescimento de três pontos percentuais quando comparada com o trimestre passado, mas uma diminuição de cinco pontos percentuais face ao mesmo período do ano anterior. Todos os 41 países e territórios inquiridos apresentam perspetivas de contratação positivas.

A nível mundial, a Índia avança com a Projeção mais otimista, de +37%, seguida da Costa Rica a fixar-se nos +36% e dos EUA, que apresentam +34%. Por outro lado, é na Argentina que as previsões são mais conservadoras, com um valor de +4%.

Na Região EMEA, onde se situa Portugal, a Projecção para a Criação Líquida de Emprego é de +21%, situando-se dois pontos percentuais acima da registada no último trimestre. Não obstante, a região EMEA continua a ser a região analisada a registar as intenções de contratação mais baixas.

O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou mais de 40.340 empregadores, em 42 países e territórios. O próximo estudo será divulgado em Dezembro de 2024 e divulgará as expectativas de contratação para o primeiro trimestre de 2025.

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