As lições para a Gestão de Pessoas (e não só) escondidas na longa metragem “A Million Miles Away”

“A Million Miles Away”, da realizadora Alejandra Marques Abella, e que conta com as interpretações de Michael Peña e Rosa Salazar nos principais papéis, é um filme baseado na história de José Hernández, o primeiro emigrante mexicano astronauta da NASA.

 

Por Paulo Miguel Martins, professor da AESE Business School e investigador nas áreas de Cinema, História, Comunicação e Mass Media

 

Ainda em criança, com os seus pais e irmãos, José Hernández entra legalmente nos Estados Unidos da América (EUA). A família trabalha na apanha de produtos agrícolas e supera mil e uma dificuldades.

Um dia, uma das professoras vai falar com os pais do menino, agora conhecido por Joe, e sugere que deixem de andar de terra em terra, para que os pequenos não mudem tanto de escola. O conselho é aceite, ao constatarem que não ganhariam assim tanto com as sucessivas mudanças e vendo que seria o melhor para os filhos.

Joe torna-se um bom aluno e, anos depois, termina a faculdade. Sonha em ser astronauta e empenha-se nos estudos, seguindo o que o pai lhe dissera – e que é uma primeira lição para todos: define um objectivo e foca-te nele! Assim o fez. E consegue licenciar-se!

Vai trabalhar para uma empresa aeronáutica, mas não o valorizam por ser um emigrante latino-americano. A recepcionista até o considerava um empregado das limpezas. Joe lança-se ao trabalho e prova o que vale, efectuando cálculos que confirmam as suas competências. Pouco a pouco, vai alcançando funções de maior responsabilidade, revelando as suas qualidades. Entretanto, a nível pessoal, casa com uma emigrante mexicana e forma uma família feliz, com vários filhos. No entanto, o sonho de ser astronauta não avança, pois a NASA (National Aeronautics and Space Administration) recusa sistematicamente a sua candidatura.

Numa conversa franca e frontal com a sua mulher, ela sugere uma estratégia eficaz, indicando pontos a melhorar e traçando um plano claro para alcançar os objectivos: exercícios de preparação física; aprendizagem de novas línguas – como o russo –, mas, acima de tudo, ir pessoalmente à sede da NASA para apresentar de viva-voz a sua candidatura. Ele assim faz, e o êxito é imediato. A sua conversa perante o responsável é convincente e esclarecedora sobre o tipo de pessoa que ele é. Concretiza assim a segunda lição: seguir uma estratégia clara, definida passo a passo.

Já na NASA, Joe põe em prática uma terceira lição útil para todos: esforçar-se. E continuar a esforçar-se sempre um pouco mais em cada dia. Os desafios vão surgindo, em especial quando explode a nave “Columbia”, em 2003. Ele não desiste e continua com os treinos e toda a preparação. Contudo, pensa além de si próprio e quer ir retribuindo pelos familiares e amigos próximos todo o sucesso que vai conquistando.

Por isso, proporciona à mulher dirigir um restaurante típico mexicano, concretizando um dos seus sonhos, e onde ele próprio irá trabalhar, às vezes, “para dar uma mão”. Por fim, chega o dia de integrar uma missão espacial. É a primeira, após o desastre do Columbia. Tudo corre bem e é um êxito! Mas o que torna esta missão espacial mesmo extraordinária é o factor “gratidão” por parte de Joe. Esse foi o verdadeiro legado da sua “realização pessoal”: não esquecer o apoio que recebera e retribuir por todos o bem alcançado, desde a família aos amigos, e até para com a sua antiga professora da escola primária. Ele bem sabe – e nós devemos aprender com ele – que só sendo agradecidos se consegue progredir e chegar a metas altas.

 

Este artigo foi publicado na edição de Setembro (nº. 165) da Human Resources.

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