Tem cuidado com a sua actividade nas redes sociais? Uma colaboradora foi despedida por causa de um “Like” no Linkedin

Um post recente de uma colaboradora no Reddit tornou-se viral, ao revelar que foi despedida de uma startup de saúde mental por simplesmente gostar de uma publicação no LinkedIn que criticava locais de trabalho tóxicos, noticiou o The Times of India.

 

Ela expressou a sua própria frustração, explicando que a publicação mexeu com ela a nível pessoal, contudo, o CEO da empresa considerou a sua acção prejudicial para a reputação da organização, e despediu-a.

Com as empresas a tornarem-se cada vez mais conscientes da sua imagem digital, os empregadores começaram a estar atentos às actividades dos seus colaboradores nas redes sociais, utilizando enquadramento jurídico para tomar decisões sobre contratações e despedimentos.

Veja como o uso inadequado das redes sociais pode custar o emprego.

 

Conteúdo inapropriado e comentários ofensivos

Uma das formas mais comuns através das quais as redes sociais podem ter um impacto negativo na vida profissional é através da publicação de conteúdo impróprio, como comentários ofensivos, discurso de ódio ou comentários discriminatórios.

Embora a liberdade de expressão seja um direito fundamental na maioria dos países, não é absoluta. Os empregadores têm o direito de manter um ambiente de trabalho positivo e inclusivo, e o comportamento online inadequado pode violar as políticas ou padrões éticos da empresa.

Aos olhos da lei

Foram implementadas várias leis para impedir a circulação de conteúdos ofensivos e inapropriados nas plataformas de redes sociais e também para proteger a liberdade de expressão dos internautas. Eis algumas leis praticadas nos EUA e na UE no que diz respeito a comportamento nas redes sociais.

  • Estados Unidos: A Primeira Emenda protege a liberdade de expressão, mas não protege os colaboradores das consequências das suas publicações nas redes sociais. Os empregadores privados não estão vinculados a esta protecção e podem despedir os colaboradores por comportamentos online que tenham um impacto negativo na empresa.
  • União Europeia: Ao abrigo da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, os indivíduos têm direito à liberdade de expressão, mas este direito está sujeito a restrições quando entra em conflito com os direitos de outrem ou com os interesses da empresa. Os tribunais têm defendido os direitos dos empregadores de despedirem os trabalhadores que se envolvam em discurso de ódio ou em comportamentos discriminatórios online.

 

Violação das políticas de confidencialidade e da empresa

Partilhar informações confidenciais da empresa nas redes sociais pode ser uma grave violação de confiança, levando muitas vezes ao despedimento imediato. Muitos colaboradores, consciente ou inconscientemente, divulgam informações confidenciais sobre as operações da empresa, detalhes de clientes ou estratégias de negócio. Isto não só é pouco profissional, como também pode resultar em acções legais, especialmente se tiver sido assinado um acordo de confidencialidade.

Aos olhos da lei

Existem inúmeras leis e regulamentos para salvaguardar a confidencialidade dos dados e segredos comerciais.

  • Estados Unidos: O Defend Trade Secrets Act permite aos empregadores processar os colaboradores por revelarem informações confidenciais online, especialmente se existir um acordo de confidencialidade (NDA).
  • União Europeia: O Regulamento Geral sobre a Protecção de Dados (RGPD) garante que os colaboradores que divulguem dados pessoais ou segredos comerciais podem enfrentar penalizações, incluindo despedimento.

 

Comentários negativos sobre o empregador

Embora expor queixas ou desabafar sobre o local de trabalho nas redes sociais possa parecer inofensivo, pode comprometer seriamente o seu trabalho. Publicar comentários negativos sobre o empregador ou colegas de trabalho pode levar ao despedimento, especialmente se tais publicações se tornarem virais e prejudicarem a reputação da empresa.

 

Uso das redes sociais durante o horário de trabalho

Utilizar as redes sociais em excesso durante o horário de trabalho pode sinalizar aos empregadores que não está focado no seu trabalho. Embora algumas empresas tenham flexibilizado as políticas de redes sociais, muitas monitorizam a actividade online dos colaboradores e podem tomar medidas se sentirem que a produtividade está a ser prejudicada.

Aos olhos da lei

Utilizar as redes sociais durante o horário de trabalho pode causar problemas aos colaboradores.

  • Estados Unidos: Os empregadores podem monitorizar legalmente os dispositivos propriedade da empresa e despedir trabalhadores por uso excessivo das redes sociais durante o horário de trabalho.
  • União Europeia: Embora a RGPD exija que os empregadores respeitem a privacidade dos trabalhadores, podem ainda monitorizar a actividade online se esta violar a política da empresa ou afectar a produtividade.

 

Imagens pouco profissionais ou inadequadas

Posting unprofessional or inappropriate images whether related to drug use, partying, or other activities can reflect poorly on your character and lead to job loss. Employers may view such behavior as a risk to the company’s image, especially if clients or customers see the content.

Publicar imagens pouco profissionais ou inadequadas, relacionadas com consumo de drogas, festas ou outras actividades, pode reflectir-se negativamente no seu carácter e levar à perda do emprego. Os empregadores podem ver tal comportamento como um risco para a imagem da empresa, especialmente se os clientes virem o conteúdo.

Aos olhos da lei

Os colaboradores não devem utilizar imagens pouco profissionais que influenciem negativamente a reputação da empresa.

  • Estados Unidos e Canadá: Os empregadores têm o direito de despedir os colaboradores por comportamento online inadequado que manche a sua imagem ou viole as políticas da empresa.
  • União Europeia: Embora a privacidade seja protegida, se uma imagem for pública e pouco profissional, os empregadores podem agir para proteger a reputação da empresa.

 

Em suma, a lei abrange tanto os trabalhadores como os empregadores, impedindo-os de exercer pressão indevida ou de abusar dos seus direitos e insta-os a cumprir as suas responsabilidades fundamentais no local de trabalho.

Direitos dos colaboradores: Os colaboradores têm alguma protecção legal em relação ao uso das redes sociais. Em muitos países, como Portugal, as leis de privacidade protegem os trabalhadores de uma monitorização demasiado intrusiva e as leis laborais oferecem salvaguardas contra o despedimento sem justa causa. No entanto, os colaboradores devem familiarizar-se com as políticas da empresa e a lei laboral para evitar ultrapassar limites.

Direitos do empregador: Os empregadores têm o direito legal de proteger a sua reputação, o seu ambiente de trabalho e os seus segredos comerciais. Na maioria dos países, têm o direito de despedir colaboradores cuja actividade nas redes sociais viole as políticas da empresa, quebre a confidencialidade ou crie um ambiente de trabalho tóxico. No entanto, os empregadores devem garantir que a sua monitorização e acções nas redes sociais cumprem as leis de privacidade e a legislação laboral.

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