Já ouviu falar em “fadiga de Zoom”? É uma realidade. Cientistas revelam a causa
Segundo cientistas de Singapura, os fundos de ecrã em reuniões virtuais podem aumentar o cansaço mental, enquanto os cenários com temas da natureza “podem ser a escolha ideal”, avança o The Independent.
Uma investigação recente sugere que utilizar vídeo ou fundos de ecrã em movimento durante as chamadas Zoom pode aumentar o cansaço mental e físico durante as reuniões virtuais. Isto acontece porque, ao contrário das imagens estáticas ou desfocadas, os fundos dos vídeos apresentam continuamente novas informações que exigem a atenção e a capacidade intelectual de uma pessoa. Consequentemente, pode aumentar a “fadiga de Zoom” do trabalhador – uma forma de exaustão física e mental que advém da participação frequente em videoconferências.
As descobertas, publicadas na revista “Frontiers in Psychology”, indicam que as pessoas que utilizam fundos de ecrã com temas da natureza ou mais alegres relatam ter níveis mais baixos de fadiga após reuniões online, em comparação com aquelas que utilizam outros tipos de cenários virtuais ou não utilizam nenhum.
O autor principal, Heng Zhang, investigador da Nanyang Technological University, em Singapura, afirmou: «As imagens de fundo de ecrã apresentam inicialmente novas informações, mas os utilizadores podem gradualmente desviar a sua atenção para outro lugar.»
Já os fundos de ecrã desfocados «não introduzem novas informações, mas ocasionalmente os utilizadores podem vislumbrar o ambiente real, que apresenta novas informações. Os fundos de vídeo, no entanto, introduzem continuamente novas informações, interrompendo constantemente a atenção dos utilizadores e exigindo recursos cognitivos.»
Pesquisas anteriores mostraram que, nas videochamadas, as pessoas passam muito tempo a olhar para si próprias e a analisar como estão a comportar-se durante as reuniões, o que pode levar à exaustão mental.
Para o presente estudo, os investigadores realizaram um inquérito a mais de 600 trabalhadores com idades compreendidas entre os 22 e os 76 anos, que trabalhavam a partir de casa cerca de três dias por semana.
Os participantes foram questionados se utilizavam fundos virtuais e, em caso afirmativo, se utilizavam uma imagem estática, uma imagem desfocada ou fundos de vídeo. Foi utilizada uma escala de cinco pontos para medir a fadiga geral, visual, social, motivacional e emocional.
A equipa descobriu que mais de sete em cada 10 pessoas utilizaram um fundo virtual durante as videochamadas, sendo as imagens estáticas a escolha preferida. Entre os que utilizam imagens estáticas, as com temas da natureza foram as mais populares, seguidas dos espaços interiores e das fotos dos locais de trabalho.
Uma minoria de pessoas optou por imagens abstractas e fundos alegres, disseram os investigadores. Aqueles que disseram usar fundos “engraçados” relataram menor fadiga nas videochamadas do que as pessoas que usaram fundos baseados na natureza. Segundo os investigadores, isto pode ocorrer porque estes tipos de fundos Zoom não são utilizados para impressionar os colegas.
Os autores escreveram: «Os indivíduos que os utilizam não se importam com a forma como estes antecedentes os retratam, ou usam-nos simplesmente como uma forma de ocultar o seu ambiente físico real. A resultante falta de stress associada à gestão de imagem leva a uma menor fadiga.»
Zhang acrescentou: «Outros backgrounds como ambientes de escritório ou espaços públicos, podem aumentar a pressão dos utilizadores para se apresentarem como se estivessem realmente num desses ambientes, levando a um aumento da fadiga. Num ambiente de trabalho, uma imagem de fundo com um tema natural pode ser a escolha ideal.»