Entrevista a Rossana Gama, Grupo Boticário: Amor pela beleza e pelas pessoas
O fundador do Grupo Boticário afirmou: «Se vamos deixar uma marca no planeta, que ela seja positiva.» Rossana Gama, country manager em Portugal, acrescenta: «Vamos deixar uma marca positiva nas pessoas.» Isso inclui as mais de 500 que tem “ao seu cuidado”. Reconhece que «gerir pessoas não é fácil», mas acredita que «a magia das relações é o que nos faz trabalhar com mais afinco». Tal como trabalhar numa empresa que tem como missão “transformar o mundo através da beleza”.
Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho
Filha de pai português, Rossana Gama sempre teve um vínculo especial a Portugal. E esse factor emocional pesou na decisão de aceitar liderar a actividade do Grupo Boticário no mercado nacional. Com cerca de ano e meio no cargo, tem bem definidos os objectivos de negócio – estar atenta às inovações e ao que os consumidores procuram, desenvolvendo estratégias de marketing e comunicação eficazes e culturalmente sensíveis, e ainda enfrentar as diferentes regulamentações e exigências legais –, e também de Gestão de Pessoas, com uma certeza: «as pessoas são o mais importante em qualquer estratégia». Em Portugal, são já mais de 500 colaboradores (e 40 mil revendedores), e a gestão é feita com a consciência de que «as pessoas não são máquinas» e que «diferentes equipas exigem uma abordagem adaptada às particularidades de cada uma».
Integrou o Grupo Boticário em 2013 e, em 2019, veio para Portugal. Que empresa encontrou? O que mais a fascinou?
O meu percurso no Grupo Boticário começou na marca Quem Disse, Berenice?, e foi um percurso natural dentro da combinação de amar o que eu faço com as oportunidades apresentadas pela empresa. Já a jornada como international senior growth manager para as marcas O Boticário e Quem Disse, Berenice? na Europa deu-me oportunidade de liderar a estratégia de expansão dos canais de venda, focando-me tanto no crescimento digital como no fortalecimento da presença física das marcas. Uma das conquistas mais marcantes foi a entrada em novos mercados europeus, o que trouxe um aumento significativo na visibilidade e na penetração das marcas, especialmente em Portugal, onde desenvolvi um profundo conhecimento sobre o comportamento e as necessidades dos consumidores locais.
Foi assim que surgiu a oportunidade de assumir o cargo de country manager no País…?
A oportunidade surgiu em Março de 2023 e representou um novo desafio e uma etapa importante na minha trajectória. Desde então, tenho tido o privilégio de liderar projectos estratégicos focados na consolidação das marcas no mercado português, garantindo que continuem a ser referência em inovação e sustentabilidade. Uma das minhas maiores conquistas nesse cargo foi a implementação de campanhas que não só fortaleceram a presença das nossas marcas, mas também geraram um impacto positivo em termos de responsabilidade social e ambiental, algo que está no coração da nossa estratégia, assim como o cuidado com as nossas pessoas.
Já conhecia o País? Quais as primeiras impressões? É muito diferente trabalhar em Portugal e no Brasil?
O convite para me tornar responsável pelo mercado português foi um grande marco na minha carreira, e uma decisão que não tomei de ânimo leve. No entanto, houve um factor emocional muito forte: o meu pai é português e sempre tive um vínculo especial com o País. Costumo dizer que metade do meu coração é brasileiro e a outra metade é português, o que tornou a mudança ainda mais significativa. Além disso, toda a minha família veio comigo, o que facilitou imenso o processo de adaptação, tornando essa transição mais suave e mais enriquecedora.
Em termos pessoais e profissionais, a mudança trouxe novos desafios e aprendizagens. Sair do Brasil significou não apenas adaptar-me a um novo mercado, mas também compreender as particularidades culturais e de consumo do público português, para quem a marca é tão querida.
Portugal tem sido uma verdadeira descoberta, em muitos sentidos. Em termos de negócios, o que mais me surpreendeu foi a abertura e o espírito inovador dos portugueses. Existe uma curiosidade genuína e uma vontade de explorar novas tendências, especialmente no sector da beleza e cosmética. Isso tem permitido ao Grupo Boticário crescer de forma sólida e encontrar grande receptividade para iniciativas que combinam tradição com inovação.
No que diz respeito às pessoas, fiquei encantada com a hospitalidade e a proximidade dos portugueses. Existe um calor humano que, de certa forma, me faz lembrar o Brasil, mas também com uma profundidade e respeito pelas tradições que é muito inspirador. Essa mistura de simpatia e resiliência tem sido uma fonte de motivação no meu dia-a-dia.
Culturalmente, Portugal é um país riquíssimo, com uma história que nos toca a cada esquina. A capacidade de conciliar o moderno e o histórico é algo que admiro imenso, e que também reflecte a forma como queremos posicionar as nossas marcas – respeitando o passado, mas sempre com os olhos no futuro.
Antes de assumir a liderança da marca, era responsável pela expansão dos canais de venda. Os desafios agora são outros…
Ao longo da minha carreira, sempre fui atraída por áreas que combinam inovação com um impacto directo no dia-a-dia das pessoas. Quando fiz a transição para o sector de cosmética, percebi que a beleza tem um poder transformador – não só na auto-estima e no bem-estar, mas também na forma como as pessoas se expressam e se conectam com o mundo. O Grupo Boticário, em particular, chamou a minha atenção pela sua abordagem pioneira, compromisso com a sustentabilidade e foco em inovação.
Encarei a oportunidade com um misto de entusiasmo e responsabilidade. Estar à frente da expansão dos canais de venda deu-me uma visão estratégica profunda do mercado e dos diferentes perfis de consumidores. No entanto, a transição para uma liderança mais abrangente trouxe de facto novos desafios, como a necessidade de alinhar a inovação e a eficiência operacional com a cultura de proximidade e qualidade que a marca sempre preservou. A adaptação a um mercado em constante transformação e a busca por equilibrar a expansão com a sustentabilidade foram, sem dúvida, os principais desafios que enfrentei.
Que objectivos e prioridades de acção definiu para o primeiro ano?
O Grupo Boticário coloca sempre o cliente no centro de todos os projectos, nunca esquecendo que temos um compromisso real em deixar uma marca positiva no planeta, actuando de forma ética em relação ao meio ambiente, à diversidade ou à equidade de género. Acreditamos que as nossas decisões como pessoas e como empresa influenciam toda a nossa cadeia de valor. A proximidade está no nosso ADN e sente-se em todos os touch points da marca, passando pelo cuidado com os nossos colaboradores, onde toda a história – de já 38 anos em Portugal – começa.
Assim, enquanto country manager do Grupo Boticário em Portugal, a minha missão é garantir que estes valores e compromissos são colocados em prática e, acima de tudo, transformar o mundo através da beleza. Identifico-me muito com a essência e os valores da marca e tento transmiti-los de forma genuína, sendo o principal exemplo para todos os colaboradores do Grupo Boticário.
Leia o artigo na íntegra na edição de Outubro (nº. 166) da Human Resources, nas bancas.
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