Acha que o seu escritório é divertido? Mas tem uma montanha-russa indoor? Esta agência sueca tem
Alguns escritórios oferecem café gratuito, fruta e snacks e outros até têm matraquilhos, sala de jogos ou ginásio. Esta empresa tem uma montanha-russa interior em pleno funcionamento, revela a Fast Company.
O estúdio fica em Estocolmo, na Suécia, e alberga o recentemente renomeado estúdio criativo The Great Exhibition. Nos últimos 15 anos, o estúdio (anteriormente conhecido como PJADAD) tem trabalhado na criação de experiências diferenciadoras, como um parque infantil feito de têxteis para a IKEA e uma cidade de cubos geométricos de alimentos para o Atelier Food.
Em 25 de Outubro, o estúdio reabriu com o novo nome, com a liderança do fundador Petter Kukacka e do seu co-director criativo, Per Cromwell Eriksson. Para Kukacka, a reabertura representa também a concretização de um sonho de décadas: construir a sua própria montanha-russa coberta.
«Não sei dizer se foi há 15 ou 20 anos que comecei a sonhar com isto», diz Kukacka. “Era um sonho impossível. Não consegui descobrir como fazer uma, e todos com quem falava diziam o mesmo: “Tens de esquecer a montanha-russa, não só é impossível, como é impraticável, perigoso e muito caro.” Quanto mais impossível parecia, mais forte se tornava o desejo de construir uma. Mesmo que houvesse muitos contras – e compreendo isso perfeitamente – há uma grande vantagem: é divertido.»
A montanha-russa, chamada The Frontal Lobe, tem cerca de 60 metros de comprimento e uma elevação máxima de pouco menos de 3 metros. É feita de quatro toneladas de aço lacado vermelho e percorre um caminho sinuoso por todo o espaço: o passeio começa na sala das máquinas, passa pelo departamento de redes sociais, vai até à cozinha, passa depois pela entrada principal e desce pela sala de maquilhagem e pelo estúdio.
A montanha-russa não fica apenas dentro do escritório, é literalmente parte dele: passa por cima das mesas onde os colaboradores planeiam o seu próximo projecto experimental, conversam com os colegas e preparam as refeições no micro-ondas.
Poderá uma montanha-russa ser um acto de resistência à IA?
Os fundadores do estúdio dizem que o Frontal Lobe tem um triplo objectivo. Primeiro, obviamente, é para pura diversão. Em segundo lugar, é uma representação visual do foco do estúdio em «projectos que se afastam dos padrões previsíveis de conteúdo orientado para a tecnologia e, em vez disso, visam criar experiências que ressoem emocionalmente». E, em terceiro lugar, como diz Eriksson, é uma espécie de metáfora para o percurso da indústria criativa em geral. «A revolução tecnológica está a matar a criatividade e queremos trazer de volta o que parece real – algo que um algoritmo nunca poderia propor», escreveu Eriksson num comunicado de imprensa.
Eriksson chama à montanha-russa um “acto de resistência” contra a recente explosão da tecnologia de IA, e Kukacka assume uma posição semelhante. Embora acredite que a IA terá alguns benefícios práticos, como melhorar a infra-estrutura e fazer avanços médicos, a sua opinião é que o conteúdo gerado por IA terá um impacto líquido negativo nas actividades criativas.
«Brevemente teremos conteúdo gerado por IA em tempo real com base nos dados de utilizadores. Serão investidos milhões para nos fornecer o conteúdo mais apelativo e a corrida será para encontrar o melhor modelo de previsibilidade», afirma Kukacka. «Teremos um tsunami gigante de conteúdo sem alma. Isso vai tornar o mundo um lugar mais aborrecido.»
Para Kukacka, a solução para este problema passa por uma montanha-russa. «Por isso é importante construir uma montanha-russa», realça. «Porque uma montanha-russa não faz realmente sentido. Não é uma solução convencional ou esperada para um problema definido. Um computador nunca iria sugerir uma montanha-russa num escritório, porque é divertido. O factor humano está hoje associado a um descuido ou a um erro. Espero que o factor humano comece a representar algo valioso, e talvez isso aconteça mais cedo do que pensamos.»
Os desafios de construir uma montanha-russa num escritório
Escusado será dizer que a construção de uma montanha-russa funcional dentro de um escritório apresenta desafios de design significativos. O primeiro «e talvez maior» factor, diz Kukacka, «foi a total falta de conhecimento de engenharia sobre coisas como raio, forças G e outros detalhes técnicos». A aperceberam-se que muito poucas pessoas sabem alguma coisa sobre montanhas-russas.
Isso não impediria a equipa de dar vida ao Frontal Lobe. Kukacka e Eriksson consultaram várias empresas especializadas na construção de montanhas-russas, para orientação a nível de engenharia. Também tentaram obter informações de uma «comunidade de montanhas-russas mais pequenas», diz Kukacka, mas «principalmente alertaram-nos para os riscos e recomendaram tubos de PVC. Quem quer andar numa montanha-russa feita de plástico?»
Por fim, encontraram o maior apoio em Niklas Karlsson, um engenheiro que normalmente se especializa em projectar pontes. Viktor Andersson, designer da The Great Exhibition, desempenhou as funções de lead designer. Após obter um conhecimento sólido da parte de engenharia, o próximo obstáculo foi encaixar a montanha-russa num escritório pequeno.
«Subir num carril para chegar à casa de banho? Rastejar sob a pista para ir buscar mais café? Combinar a física da gravidade com a vida quotidiana de um escritório foi complicado. Mas não desistimos», recorda Kukacka.
Cerca de 200 reuniões depois, a equipa tinha finalmente um plano para tornar a montanha-russa realidade. Uma empresa especializada na construção de rodas gigantes concordou em oferecer a curvatura de tubos 3D especializada necessária para o projecto. Ao todo, demorou pouco mais de um ano desde o início da produção até à conclusão da montagem da montanha-russa.
Depois surgiu outro tema: a segurança dos viajantes. Os construtores tiveram de remover todas as lâmpadas e canos que estivessem no caminho e também implementaram um sistema de travagem duplo para evitar problemas com travagens bruscas. O toque final foi instalar uma sirene que toca sempre que alguém está prestes a andar na montanha-russa (e, sim, é um de cada vez).
Ao todo, Eriksson estima que os materiais e equipamentos para o projecto tenham custado cerca de 150 mil dólares. A instalação na montanha-russa foi concluída há uns dias e, até agora, diz Kukacka, cada um tem uma abordagem diferente. Alguns colaboradores estão a incorporá-la como um ritual matinal e outros optam por um último passeio antes de sair da empresa.
«Um facto interessante que notámos é que existe uma espécie de estigma em torno de desfrutar de montanhas-russas. Muitas pessoas adoram-nas realmente, mas não falam sobre isso. É quase como um guilty pleasure. Algumas pessoas até disseram que as montanhas-russas são “sexy”. Estamos muito felizes por ter uma e realmente mudou a vida no estúdio», conclui Kukacka.