Grupo Egor: O futuro das empresas passa pela saúde mental
A saúde mental tem vindo a ganhar uma importância crescente no contexto empresarial. Deixou de ser uma questão apenas pessoal para se tornar uma preocupação organizacional que impacta diretamente a produtividade, o bem-estar dos colaboradores e, por consequência, o sucesso das empresas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a depressão afecta cerca de 50 milhões de pessoas na União Europeia, com 11% da população a passar por um episódio depressivo ao longo da vida. Portugal, por sua vez, ocupa o quinto lugar entre os países com maior prevalência de depressão, com cerca de 8% da população diagnosticada. Estes números são alarmantes e exigem uma reflexão profunda sobre o papel das empresas na promoção da saúde mental.
A nova era do trabalho, marcada por uma digitalização acelerada, pressões constantes e um crescente isolamento, tem vindo a afectar o equilíbrio mental dos colaboradores. Cada vez mais, as pessoas sentem-se solitárias, com pouca interacção social e sobrecarregadas por uma elevada quantidade de informações, que limita a sua capacidade de análise crítica. Este excesso de estímulos transforma muitos colaboradores em indivíduos reactivos, num estado de sonolência mental, onde perdem a proactividade.
Estudos confirmam que a ansiedade também é um dos distúrbios mais prevalentes, afectando mais de 34% da população portuguesa com 16 ou mais anos, de acordo com o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento. As condições actuais, como crises económicas, conflitos globais, pandemias e o aumento do custo de vida, apenas agravam este cenário, colocando uma pressão adicional sobre a saúde mental da população.
Neste contexto, as empresas têm um papel essencial na resposta a esta nova realidade. Ignorar a saúde mental dos colaboradores é comprometer o futuro da própria organização. As novas gerações de trabalhadores são muito mais exigentes no que concerne à conciliação entre vida pessoal e profissional e à sua saúde psicológica. As empresas precisam de reconhecer as especificidades deste “novo mercado de trabalho”, que apresenta colaboradores marcados pela solidão, burnout e ansiedade. Assim, é fundamental que se criem modelos de integração e adaptação que respeitem estas vulnerabilidades.
A criação de ambientes de trabalho que promovam o bem-estar psicológico e a saúde mental deve ser uma prioridade para qualquer organização. Este compromisso com a segurança psicológica não se constrói da noite para o dia; é necessário tempo e, acima de tudo, constância. Não basta implementar programas pontuais de gestão de stress ou criar espaços físicos agradáveis. A segurança psicológica nasce de uma cultura organizacional onde o diálogo aberto sobre problemas emocionais é incentivado, onde o erro é visto como parte do processo de aprendizagem e onde o bem-estar dos colaboradores é uma preocupação real.
Uma organização que investe no bem-estar dos seus colaboradores terá, inevitavelmente, melhores resultados. Não só ao nível da produtividade, como também na retenção de talento, na redução do absentismo e no aumento da satisfação no trabalho. Investir na saúde mental é investir no futuro da organização.
O teletrabalho, que inicialmente se revelou uma solução durante a pandemia, é um bom exemplo das complexidades envolvidas. Na primeira semana, parecia uma solução perfeita para todos. Contudo, à medida que o tempo passava, muitos colaboradores começaram a sentir o impacto negativo do isolamento, o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional e a falta de interações sociais. Embora o teletrabalho ofereça inúmeras vantagens, é fundamental encontrar um equilíbrio que responda às necessidades emocionais dos trabalhadores.
O futuro das organizações de sucesso será alicerçado em três pilares: o bem-estar, a produtividade e a priorização da jornada do colaborador. As empresas que não abordem estas novas exigências correm o risco de se tornarem obsoletas. Um colaborador mentalmente saudável é mais produtivo, criativo e leal. Portanto, é essencial que as empresas compreendam a urgência de colocar a saúde mental no topo das suas prioridades. Só assim poderão contribuir para uma melhor qualidade de vida dos seus colaboradores e garantir o seu próprio sucesso a longo prazo.
» Fátima Machado, directora de Recursos Humanos do Grupo Egor
Este artigo foi publicado na edição de Outubro (n.º 166) da Human Resources.
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