Europa tem 35 mil startups (mais que qualquer outra região do mundo)

A Europa conta com 35 mil startups actualmente, «mais do que» em qualquer outra região, e tem mais fundadores que os Estados Unidos, segundo o relatório Estado da Tecnologia Europeia elaborado pela capital de risco Atomico divulgado.

O estudo State of European Tech – SoET (nome em inglês) cumpre 10 anos em 2024 e assinala este marco com uma edição especial que faz um balanço de uma década do crescimento tecnológico europeu e destaca o potencial e desafios do sector.

Um das conclusões do estudo é que «os alicerces para as startups em fase inicial são fortes e, alguns aspectos, estão à frente dos Estados Unidos», refere o relatório.

Por exemplo, em 2015, «Londres foi a única cidade europeia na lista mundial dos 10 principais centros de financiamento angariados para startups em fase inicial (rondas inferiores a cerca de 14 milhões de euros)».

Este ano, Londres «subiu para o segundo lugar a nível mundial, com Berlim e Paris a juntarem-se a ela entre as 10 primeiras».

Outro dos destaques é que a Europa «tem mais fundadores de startups do que os Estados Unidos, algo que se tem vindo a repetir todos os últimos», na última década. Actualmente, existem 35 mil startups na Europa, «mais do que em qualquer outra região do mundo».

O relatório indica ainda que o «ecossistema deve colmatar um défice crítico de financiamento presente na fase de crescimento».

Na Europa, existem oito vezes mais empresas em fase de crescimento do que há 10 anos, «apesar das condições de concorrência serem desiguais», lê-se no documento.

Ou seja, «apesar da Europa e os Estados Unidos começaram em pé de igualdade, com o mesmo número de empresas constituídas em ambos os lados do oceano, as startups dos Estados Unidos têm duas vezes mais probabilidades de angariar rondas superiores a cerca de 14 milhões de euros do que as suas concorrentes europeias».

Uma em cada duas empresas europeias de grande dimensão recorreu a um investidor americano para obter financiamento.

Esta situação «cria um afastamento da Europa, o que pode levar a uma fuga de talentos, de conhecimentos e de recursos económicos».

Segundo o relatório «tem de ser resolvida a nível institucional, os fundos de pensões europeus investem, actualmente, apenas 0,01% do capital em capital de risco global – um valor que parece um erro de arredondamento para os cerca de 8.000 milhões de euros de activos que geram».

Já no sul da Europa, 0,014% dos fundos de pensões são destinados ao capital de risco, «o segundo valor mais elevado de qualquer região europeia, mas ainda assim apenas uma gota no oceano».

O estudo conclui ainda que hoje em dia há «sete vez mais pessoas a trabalhar em empresas de tecnologia financiadas na Europa do que em 2015».

O sector tecnológico na Europa emprega actualmente 3,5 milhões de pessoas, o «mesmo número que os Estados Unidos em 2020». Mais de 2,5 milhões destes empregos foram criados desde 2015, um «aumento de 24% da taxa de crescimento anual composta», a par dos EUA.

Relativamente à deeptech [tecnologia mais sofisticada], que inclui a IA, captou 33% do financiamento total da Europa este ano.

«Nos últimos 10 anos, as empresas europeias de deeptech angariaram mais de 87 mil milhões de euros, face aos 114 milhões de euros na Ásia e mais de 270 mil milhões de euros nos Estados Unidos», refere o relatório.

Com o aumento da adopção da IA na Europa, «o número de funções relacionadas com a mesma na Europa aumentou seis vezes – com 30 mil funções de IA activas só em Espanha», adianta.

O SoET reúne dados quantitativos de 41 países europeus e um inquérito feito a milhares de fundadores, operadores e investidores, tendo como objectivo compreender o que está a acontecer na Europa no sector tecnológico.

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