Construir o futuro: A urgência de reforçar o talento na Engenharia
Por Sílvia Nunes, directora de Recursos Humanos da Tecnoplano
O sector da engenharia é um dos pilares da inovação e do desenvolvimento económico do país. No entanto, encontra-se num impasse que é urgente resolver. Se, por um lado, nunca se assistiu a uma procura tão grande por engenheiros, por outro, o talento disponível nunca foi tão escasso.
O período pós-pandemia reactivou o investimento na Arquitectura, Engenharia e Construção, mas a verdade é que, passados tantos anos, as consequências da crise do “subprime” em 2008 ainda se fazem sentir, uma vez que foram muitos os profissionais que se viram obrigados a emigrar, enfraquecendo a estabilidade financeira das empresas e criando uma percepção entre os jovens de que o sector não tinha futuro.
É, por isso, vital olharmos para a Gestão de Pessoas de uma forma holística, exigindo uma mudança de paradigma que nos permita uma maior adaptação às mudanças e garanta que as empresas se mantêm competitivas num mercado em constante evolução. Na Tecnoplano, temos assistido em primeira mão aos desafios crescentes que o sector enfrenta no que diz respeito aos recursos humanos. Na sua base, acreditamos que estará um enorme e preocupante desfasamento entre a academia e o mercado e um relevante desafio no recrutamento e retenção de talento.
É urgente que as universidades desenvolvam relações mais robustas com as ordens profissionais, à semelhança do que acontece noutros países da Europa, e que integrem e invistam em estágios e experiências práticas. Só assim é possível assegurar que os recém-licenciados estão prontos para enfrentar os desafios reais do sector e que dão respostas mais rápida às necessidades das empresas.
Para além disso, é também necessário reflectirmos sobre o que se passa internamente nas empresas e entendermos que não basta apenas recrutar os melhores talentos. É preciso encontrar formas de os manter. É imperativo dar prioridade a um ambiente de trabalho que reconheça o esforço dos colaboradores, que promova a formação contínua, e que garanta uma progressão na carreira e uma política salarial justa e alinhada com as expectativas.
Estamos convictos de que a política da Tecnoplano, assente numa cultura de formação e aprendizagem, é essencial para reter talento e evitar a fuga de know-how, uma vez que os colaboradores se sentem valorizados e motivados. Incentivamos também um estilo de vida saudável, alinhado com a nossa cultura de wellbeing, através da oferta de actividades físicas em grupo, de seguros de saúde e de soluções de mobilidade sustentável. A diversidade é também uma prioridade para nós e orgulhamo-nos de, num sector maioritariamente constituído por homens, contarmos com um quadro composto actualmente por 37% de mulheres e colaboradores de sete países diferentes com uma amplitude etária que começa nos 23 e termina nos 75 anos.
Os profissionais de Recursos Humanos, empresas do sector e instituições de ensino precisam de trabalhar em conjunto na construção de um futuro mais sólido e sustentável para a engenharia em Portugal. Ao adoptar uma postura colaborativa e inovadora, garantimos que o sector continuará a prosperar e a contribuir para o desenvolvimento do país. Na Tecnoplano, acreditamos que é possível transformar estes desafios em oportunidades, e estamos empenhados em contribuir para um sector mais resiliente, diversificado e preparado para o futuro de Portugal, resolvendo o impasse em que nos encontramos actualmente.