Microgestão? Sim. «A melhor liderança é a presença, não a ausência», afirma o CEO da Airbnb
O CEO da Airbnb, Brian Chesky, não tem receio de fazer double-check ao trabalho dos seus colaboradores, avança a Fortune.
Chesky começou há cerca de cinco anos a rever versões de todos os projectos do Airbnb, desde novas funcionalidades do site a anúncios de televisão. Alguns podem chamar a sua abordagem de microgestão, principalmente à escala do Airbnb, mas Chesky vê-se como alguém que define padrões para a empresa.
«Trata-se de uma mentalidade de que a grande liderança é presença, não ausência», afirma. «É preciso estar envolvido nos detalhes… É preciso, como CEO, definir não só a visão, mas o ritmo para a empresa. Agora revejo todo o trabalho antes de ser enviado.»
«Podes estar envolvido nos detalhes [com] as pessoas sem lhes dizer o que fazer, resolvendo os problemas com elas», acrescenta, referindo que agora só dá à maioria dos projectos uma única ronda de feedback.
Há cinco anos, o crescimento do Airbnb tinha abrandado e as despesas, principalmente custos tecnológicos e administrativos, estavam a aumentar. Os colaboradores sentiam-se como se estivessem a «trabalhar numa passadeira», dedicando «70 horas de esforço para obter 10 horas de [produtividade]», partilhou com a Fortune.
Meses depois, quando a Airbnb se preparava para entrar em bolsa, a pandemia veio e destruiu cerca de 80% do negócio global da empresa, recorda. Determinado a sobreviver, Chesky começou a formar pessoalmente colaboradores e gestores, recém-chegados ou não, para que a empresa tivesse uma «consciência partilhada».
O free cash flow do Airbnb — normalmente visto como um indicador de rentabilidade e saúde empresarial — cresceu para 3,4 mil milhões de dólares em 2023, face aos 97,3 milhões de dólares em 2019.
As nuances da microgestão
Regra, os colaboradores são inicialmente resistentes ao envolvimento de um gestor, disse Chesky, porque a estratégia “contradiz” a suposição de que, se contratar colaboradores excelentes, deve deixá-los fazer o seu trabalho sozinhos.
Em vez disso, Chesky comparou a estratégia a treinar o seu swing de golfe com um treinador: aprende-se com um especialista, sem inadvertidamente desenvolver maus hábitos quando se aprende sozinho. «Mesmo que [o trabalhador] saiba mais do que tu sobre a sua função, não sabe mais do que tu sobre a empresa, os seus padrões ou o seu ritmo», explicou.
A recompensa pelo trabalho extra de Chesky é a eficiência. Inicialmente, trabalhava até 100 horas por semana para reconstruir os processos da Airbnb, mas agora tem mais tempo livre porque a empresa tem menos reuniões sobre temas que correram mal.
«Se não [entrares nos detalhes], acabas por ter líderes que não terão sucesso. Têm receio de vir ter contigo. Envolves-te mais tarde e minas a confiança deles… Acabas por ter 10 equipas diferentes, ou 100 equipas diferentes a ir em 100 direcções diferentes.»