Psicólogo explica o que a Geração Z deve procurar no trabalho (e não é a felicidade)
Os êxitos numa carreira são, geralmente, resultado do engagement e não da busca constante pela felicidade imediata, diz Ben Granger, psicólogo doutorado, à Fast Company.
Quando se trata de trabalho, estar envolvido e feliz parece andar de mãos dadas e frases como “colaboradores felizes criam clientes felizes” tornaram-se chavões em inúmeras organizações. Embora relacionados, engagement e felicidade são significativamente diferentes e, para muitos colaboradores da Geração Z que estão a entrar no mundo do trabalho, o engagement pode realmente ser o melhor alvo, garante Ben Granger, psicólogo doutorado e head of Employee Experience Advisory Services da Qualtrics.
Por que razão as empresas se concentram no engagement
A American Psychological Association (APA) define felicidade como «uma emoção de alegria, contentamento, satisfação e bem-estar». Por outras palavras, a felicidade é um estado passageiro e de curto prazo. A APA sublinha, no entanto, que as pessoas utilizam frequentemente a palavra “felicidade” para se referirem a um estado mais estável; uma sensação duradoura de realização e contentamento.
Entre os dois, as organizações geralmente concentram-se mais no engagement, e por bons motivos. Quando os colaboradores estão envolvidos, têm um melhor desempenho, esforçam-se por ajudar os colegas e os clientes e tendem a permanecer na empresa durante mais tempo. Naturalmente, quando estão envolvidos, é mais provável que fiquem felizes do que insatisfeitos. Mas estar momentaneamente feliz no trabalho não significa que alguém se sinta engaged.
Quando as organizações medem o engagement, procuram medir o estado geral dos colaboradores, e não sentimentos passageiros. As emoções, como a felicidade, podem mudar subitamente, mas estar envolvido é uma atitude que se mantém relativamente estável por mais tempo.
Muito se tem falado sobre como gerir a Geração Z. Mas, apesar das manchetes predominantes sobre preguiça ou arrogância, um estudo com mais de 35 mil colaboradores globais mostrou que a faixa etária mais envolvida é a dos 18 aos 24 anos. Estão também altamente motivados para desafiar o status quo e introduzir novas ideias no local de trabalho. Embora estas novas ideias possam parecer aos líderes um reflexo de infelicidade ou direito adquirido, podem ser simplesmente uma forma de se envolverem e contribuírem.
A procura da felicidade no trabalho no longo prazo
Quando se enfrentam desafios ou a rotina diária, é muitas vezes tentador seguir o caminho mais fácil, adiando o trabalho árduo e participando em momentos de ócio com os colegas. É improvável que uma busca contínua pela felicidade momentânea no trabalho leve a um sentimento de realização ou contentamento duradouros.
Quando os profissionais com longas carreiras falam dos seus “dias de glória”, recordam os obstáculos que superaram, os amigos que fizeram e as suas maiores vitórias: conquistas alcançadas através de trabalho árduo e alimentadas pelo engagement.
Esta propensão tem raízes psicológicas bem conhecidas. Os desafios diários que surgem no trabalho são assoberbantes, mas, com o tempo, tornam-se irrelevantes, e o que se recorda são os triunfos conquistados com muito esforço e as pessoas que estiveram lá a apoiar.
Por isso, se procura sentir-se realizado e feliz no trabalho, Ben Granger aconselha a apostar no engagement e partilha quatro formas de o fazer.
Bloqueie um tempo de foco
Programe blocos de tempo para trabalho focado, concentrando-se num único projecto. Torne este momento sagrado e publicamente visível para os seus colegas de trabalho. Ajudá-lo-á responsabilizar-se e livre de culpa.
Ajude um colega quando ele menos espera
As surpresas positivas são poderosas e quando mostra a um colega que está disposto a partilhar desafios e emoções, inicia uma poderosa onda de reciprocidade. Isto é totalmente contra-intuitivo quando estamos ocupados no trabalho, mas funciona.
Reconheça publicamente um membro da equipa pelo trabalho excepcional
O reconhecimento de bom desempenho e comportamento é um motivador extremamente poderoso. Tal como ajudar os colegas, o reconhecimento tende a ser recíproco. Não seja avarento no reconhecimento dos colegas, mas também não o distribua de forma aleatória, para que não perca o brilho.
Partilhe as suas ideias, mas seja realista
Um dos grande pontos fortes da Geração Z será certamente a sua franqueza. As empresas de hoje precisam desse pensamento divergente, por isso, partilhe as suas ideias, mas quando o fizer, lembre-se de que há um panorama maior que ainda não consegue ver, e esteja pronto e disposto a aprender e a ajustar o seu mindset.
Se o seu objectivo é a felicidade profissional a longo prazo, o engagement pode ser a solução.