Projecto da EDP reconhecido pela Fundação Clinton

O projecto de electrificação da aldeia de Titimane, no norte de Moçambique, assumiu esta segunda-feira a forma de compromisso na reunião anual da Clinton Global Initiative, em Nova Iorque.

 

Sem acesso à rede eléctrica do país, a comunidade rural de Titimane passará a ter uma rede autónoma abastecida por energia renovável gerada por painéis solares e central de biomassa, alimentada pelo restolho do algodão cultivado pelos pequenos agricultores da região. A infraestrutura será complementada com um programa de desenvolvimento destinado a acelerar o impacto do acesso à energia na melhoria da qualidade de vida dos 4 mil habitantes de Titimane. Esta abordagem integrada e sustentável mereceu o reconhecimento da Fundação liderada pelo ex-presidente dos Estados Unidos da América, Bill Clinton.

O compromisso foi assumido esta segunda-feira pela EDP na Clinton Global Initiative, uma plataforma desenvolvida no âmbito da Fundação Clinton, para incentivar soluções que respondam a alguns dos maiores flagelos que afectam a humanidade.

A apresentação do projecto esteve a cargo do chief executive officer (CEO) da EDP, António Mexia, na sessão de abertura dos três dias da reunião anual da CGI em Nova Iorque, que decorre paralelamente à Assembleia Geral das Nações Unidas, reunindo centenas de personalidades ligadas à temática do desenvolvimento.

O projecto da EDP, nascido de uma parceria com a Agência das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), conta ainda com outros parceiros locais – Grupo João Ferreira dos Santos, FUNAE e EDM –, que pretendem promover o desenvolvimento das comunidades mais desfavorecidas criando condições para a electrificação a partir de energias renováveis.

O Governo de Moçambique reconheceu a importância, a inovação e a natureza social do projecto. No mundo, há ainda cerca de mil milhões de pessoas sem acesso à energia. Em Moçambique, esta realidade afecta 70% da população. Em Titimane, são as lanternas a pilhas e alguns geradores a diesel as únicas fontes energéticas disponíveis.

Programa de Desenvolvimento Rural Integrado
Os trabalhos de montagem das centrais e da rede deverão ter início até ao final do ano, estando a conclusão prevista para 2017. Em simultâneo, as Organizações não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) OIKOS e Leigos para o Desenvolvimento com o apoio da Cooperação Portuguesa, gerida pelo Instituto Camões, avançam com um conjunto de iniciativas de melhoria das condições de saúde, educação, promoção do empreendedorismo, formação, sensibilização ambiental e de eficiência energética. Um “Programa de Desenvolvimento Rural Integrado” que, ao acelerar os efeitos do acesso à energia na vida da comunidade, assegurará indiretamente a sustentabilidade da solução energética.

A infraestrutura será entregue a uma empresa a criar com os parceiros locais, futura concessionária do serviço de abastecimento eléctrico. A energia será cobrada aos consumidores, com base em diferentes tarifários, pretendendo-se com este modelo de mercado assegurar condições de viabilidade para manter e aumentar a capacidade de abastecimento de forma fiável e sustentável.

Para a EDP, o projecto consolida iniciativas já desenvolvidas noutros países, com destaque para a instalada em 2010 no campo de refugiados de Kakuma, no Quénia. Titimane servirá ainda para testar a viabilidade comercial deste modelo integrado de electrificação de comunidades sem acesso previsível a redes elétricas nacionais, no curto/ médio prazo.

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