A mente portuguesa na robótica internacional

Partiu para os EUA depois da licenciatura e, volvidos mais de trinta anos , Manuela Veloso é uma referência mundial e investigadora de topo nas áreas de inteligência artificial, robótica, e machine learning.

Por Ana Leonor Martins e Diana Pedro Tavares | Fotos: Nuno Carrancho

 

Depois de se licenciar em Engenharia Electrotécnica no Instituto Superior Técnico (IST), Manuela Veloso atravessou o oceano e hoje lidera o departamento de Machine Learning, na Carnegie Mellon University (CMU), Nos Estados Unidos da América (EUA). Já foi presidente da Associação para o Avanço da Inteligência Artificial (AAAI), é co-fundadora do RoboCup, campeonato anual de futebol de robôs, e tem sido distinguida com vários prémios académicos. Não se assusta com a ideia de um mundo onde os robôs passem a desempenhar funções tipicamente humanas, pois acredita que «se evoluirmos, tendo em conta as tendências, desenhamos o futuro, em vez de sermos produto do mesmo». Assim, defende que, «num imaginário onde cada vez mais pessoas só façam aquilo de que gostam, um dia poderemos ter uma economia de talentos». Mas há algo que ainda lhe tira o sono: não conseguir que os robôs expliquem o que fazem.

 

Está na Carnegie Mellon desde 1986. Como surgiu esta oportunidade?

Desenvolvi uma grande apreciação em trabalhar em automação e inteligência artificial. Mas nos anos 80 era uma coisa que estava no seu início. Portanto fiz a licenciatura em Engenharia Electrotécnica e depois, por circunstâncias pessoais e familiares, fui para os Estados Unidos e acabei por fazer um doutoramento na Carnegie Mellon em inteligência artificial. Depois fiquei lá como professora. Houve sempre várias oportunidades de ir para outros sítios, mas acabei sempre por ficar, o que foi óptimo porque  a Carnegie Mellon é número um em computer science com optimos estudantes e colegas.

 

E que motivou esta escolha profissional, pouco usual para mulheres, ainda para mais na década de 80?

Desde pequena que gosto de Matemática e por isso procurei um curso que tivesse essa vertente. O meu pai, que é engenheiro, sugeriu que fizesse um curso do Técnico, com mais possibilidades, em vez tirar só Matemática. Segui o conselho e acabei por escolher Engenharia Electrotécnica. Nem sequer gostava de ficção científica, mas no fim do curso tive oportunidade de fazer um mestrado, em Portugal, que consistiu em automatizar uma fábrica de produtos. Na altura, por volta de 81/82, praticamente não existiam computadores em parte nenhuma, pôr os computadores nas empresas e depois automatizar era muito inovador. Comecei a pensar “Realmente poderia automatizar-se muito! Afinal os computadores não são só para fazer contas”.

Acabei por fazer uma tese em planeamento por analogia., em que se resolvem problemas através de um algoritmo que gera uma solução, mas depois quando há um problema novo, em vez de começar do princípio, começa-se naqueles que são semelhantes e só se adapta. Ou seja, o algoritmo usa soluções passadas, reconhece semelhanças, e adapta-as, diminuindo assim o tempo de processamento de uma solução nova. Se não fosse aquela tese de mestrado, teria feito outra coisa. Não tinha pensado em inteligência artificial como automação.

Leia a entrevista na íntegra na edição de Janeiro da Human Resources.

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