Employee Experience: “quero” versus “preciso”
Apesar da complexidade que é gerir pessoas numa organização, é a junção dos factores culturais, físicos e tecnológicos que fazem a diferença na experiência proporcionada ao colaborador.
Por Cláudia Vicente, directora da Galileu
Afinal, o que é Employee Experience? Employee Experience, ou a experiência de um colaborador, não é mais do que o conjunto das experiências vividas por um colaborador durante o período em que está ligado a uma organização. Ou seja, engloba todos os factores, sejam eles culturais, físicos ou tecnológicos, que têm impacto na experiência do colaborador e que são fundamentais para a tomada de decisão de querer ficar ou partir para novos desafios.
Entre os factores culturais, físicos ou tecnológicos, historicamente, as organizações tendem a sobrevalorizar a cultura organizacional, em detrimento dos demais. Talvez por se tratar do factor menos tangível e também do mais emocional. Ou seja, é o sentimento que cada um tem em relação ao seu trabalho e ao local onde trabalha. É algo que se sente e se vive no dia-a-dia, embora não seja visível. É a identificação, a (auto) motivação, que leva cada um a fazer e dar um pouco mais.
Mas, o contrário também é verdade, e uma experiência negativa pode levar à quebra deste vínculo emocional. Normalmente, esta cultura é transmitida através do exemplo, hierarquicamente falando, dos valores, das atitudes, das práticas e da missão de cada organização.
Os factores físicos, ou o ambiente que nos rodeia, são tudo o que se pode ver, ouvir, cheirar, tocar ou provar, desde a cadeira, as luzes ou a copa até à planta murcha no canto da sala; factores fundamentais porque é neste espaço que se passa a maior parte do tempo útil de trabalho. Um espaço escuro, sujo, barulhento, com temperaturas desajustadas, má qualidade do ar ou iluminação desadequada vai, certamente, influenciar negativamente o trabalho de cada um e interferir com a concentração, bem-estar, desempenho ou produtividade. Por outro lado, colaboradores satisfeitos com seu ambiente físico estão mais propensos a fazer um trabalho melhor.
Por último, mas não menos importante, surgem os factores tecnológicos, ou seja, contempla todas as ferramentas úteis que um funcionário precisa para realizar a sua actividade, seja qual for a função ou a sua situação. Nos dias de hoje, tendo em conta as mudanças estruturais e mentais do mercado laboral, incluem-se nestes factores a muito valorizada possibilidade de se trabalhar remotamente, novas maneiras de comunicar, reunir e partilhar feedback e, talvez o mais importante, permitir a aplicação dos dados. Uma situação prática que confirma a teoria, verifica-se na América, onde mais de 43% dos funcionários realizaram trabalho remoto em 2016, uma realidade que só foi possível graças aos avanços da tecnologia móvel.
Apesar da complexidade que é gerir pessoas numa organização, é a junção dos factores culturais, físicos e tecnológicos que fazem a diferença na experiência proporcionada ao colaborador; que distinguem o sentimento de cada um de “querer” trabalhar numa organização ou de “precisar” de trabalhar naquela organização.
Também do ponto de vista da entidade empregadora esta situação se verifica. Quando as empresas assumem que as pessoas precisam de trabalhar, dão-lhes apenas os mínimos para desempenharem as suas funções (telefone, computador, uma mesa e uma cadeira). Quando querem captar o melhor talento, então as empresas esforçam-se por criar um ambiente onde as pessoas desejem, naturalmente, estar.
Contudo, quando se trabalha com pessoas, não existe apenas uma realidade ou uma solução que sirva a todos. Existem inúmeros pontos de vista, embora todos válidos e verdadeiros.
Para se conseguir proporcionar a melhor Employee Experience, cada líder deve saber “colocar-se nos sapatos do outro”. Deve conhecer todas as realidades da sua empresa e saber que necessidades cada uma tem para o melhor desempenho das suas pessoas, proporcionando a solução mais adequada a cada uma.
Cada líder deve saber fazer de cada colaborador o seu melhor embaixador e nunca, nunca, esquecer: só uma experiência positiva faz a diferença entre o “querer” ficar ou “precisar” de ficar.
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