A Euronews estava intrigada. E foi descobrir o que, afinal, tem o vinho produzido em Portugal de tão especial
Existem vários motivos que levam o vinho português a destacar-se entre os restantes produzidos em todo o mundo. As particularidades do clima e do solo português fazem com que a produção se diferencie da que existe em todos os outros países, avança a Euronews.
Ainda que o Porto seja conhecido pelas saborosas francesinhas e arquitectura com vestígios arqueológicos do período romano em diversos edifícios, existe outro motivo que o distingue das restantes cidades, tanto a nível nacional como mundial.
Não é segredo que a Europa produz alguns dos melhores vinhos do mundo, desde os de Bordéus aos planaltos do Piemonte, que fazem parte da história europeia e podem ser provados em território português. No entanto, mesmo perante o sucesso destes produtos, as exportações portuguesas representam apenas cerca de três por cento da quota do mercado global.
«O que distingue o vinho português é a sua cultura», salientou um professor da Wine School, no World of Wine (um quarteirão cultural em Vila Nova de Gaia), durante uma sessão sobre como “desmistificar o vinho”, segundo a Euronews. «Competimos globalmente tanto pela história que temos como pelos conhecimentos adquiridos ao longo de gerações que proporcionam a qualidade e carácter do nosso vinho», acrescentou.
Qual a razão de Portugal ter uma região vinícola tão boa?
Embora em termos geográficos Portugal seja um país relativamente pequeno, a sua área total de vinhas é a quarta maior da Europa, existindo cerca de 340 variedades de uva cultivadas em todo o país, das quais 240 são nativas.
Esta abundância deve-se a dois factores em particular: o clima, que é quente e seco e conta com temperaturas do Vale do Douro que podem atingir 50ºC de dia e descer até aos 10ºC durante a noite; e o solo, com propriedades que proporcionam uma boa produção.
As vinhas são protegidas do imprevisível clima costeiro e do vento pela Serra do Marão, uma montanha convenientemente posicionada que actua como barreira natural entre o vale e o mar. Já o solo tem bastante ardósia o que, apesar de o tornar desprovido de nutrientes, permite que aqueça durante o dia, mantenha o calor e o liberte à noite, fazendo com que as vinhas tenham uma temperatura apropriada. Esta característica proporciona ainda capacidade de absorção natural de muita água, o que contribui para o sabor do vinho.
A arte de cultivar uvas nestas condições tem vindo a ser aperfeiçoada ao longo dos anos através do conhecimento de vários produtores e entidades que exploram e testam diversos métodos sobre a vinificação na região.