A felicidade no trabalho…

Se pensarmos nas nossas atitudes altruístas, o que diríamos desta imagem? Ou antes, o que mudaríamos nesta imagem? Na sua empresa os Recursos Humanos são para os recursos humanos, ou são para a empresa? Como vê um departamento de Recursos Humanos?

Por Pedro Quaresma, coach e analista DISC

 

Existe uma enorme diferença de empresa para empresa, no que toca ao funcionamento deste departamento, que pode e deve ser vital numa empresa. Algumas empresas efectivamente vivem focadas nas suas pessoas, e são um exemplo para todos os empresários, e outras há em que as pessoas não passam de máquinas de produção, e por vezes servem também para manobras de marketing, cujos empresários têm uma necessidade absoluta de reavaliar conceitos, e alargar o seu leque de visão, por forma a entender uma nova realidade que começa a ser dominante: A felicidade no trabalho…

É já passado o tempo em que as pessoas saiam de casa todos os dias de manhã, com o objectivo único de ganhar dinheiro. No início, as pessoas tinham uma preocupação única, que era o sustento próprio, bem como das pessoas que compunham o seu agregado familiar; depois, começaram também a preocupar-se com os seus direitos, no que às condições de trabalho concerne, e nessa altura, os empresários perceberam que estas reclamações poderiam fazer sentido, e até tornar-se mais lucrativas…

Tendo os trabalhadores melhores condições para trabalhar, poderiam produzir melhor, e até mesmo produzir mais. Mais tarde, os mesmos trabalhadores, começaram a pensar em menos horas de trabalho, em ter mais tempo para recarregar energias, e o raciocínio dos
empresários foi exatamente o mesmo. Tendo os trabalhadores melhores condições para trabalhar, poderiam produzir melhor, e até mesmo produzir mais.

O lucro financeiro, era sempre o tópico principal.
Tudo isto, no mercado de trabalho tem vindo a crescer, e a evoluir, mas até aqui, nuca se viu como agora a preocupação com a felicidade dos trabalhadores. Foi muito longo o processo, até que a OMS aceitasse uma nova conceção de saúde; a saúde mental.
Neste momento, debate-se no universo laboral, não apenas a saúde mental, mas também a saúde emocional, o bem estar emocional, a felicidade no trabalho. É ainda prematuro dizer-se que essa preocupação está já enraizada nas mentalidades, tanto de empresários, como de lideres, como até mesmo dos próprios trabalhadores. É ainda muito comum ouvir-se expressões como “a
felicidade não me paga as contas”, ou ainda a “a felicidade no trabalho é uma utopia.”

Felizmente estas formas de pensar, caminham a passos muito largos para a extinção. Avizinha-se mais uma nuance super importante para a frase que tem acompanhado a evolução das condições de trabalho dos trabalhadores:
– Tendo os trabalhadores melhores condições para trabalhar, e ainda por cima com acesso a um plano de saúde, e ainda serem mais felizes no trabalho, poderiam produzir melhor, e até mesmo produzir mais.

E aqui chegamos ao início desta minha reflexão.
As pessoas cada vez menos saem de casa todos os dias de manhã, com o objectivo único de ganhar dinheiro, mas sim com o objectivo de serem felizes no que fazem, com o reconhecimento do seu valor, e consequentemente, com a remuneração que recebem por isso mesmo. As prioridades foram mudando ao longo dos tempos, paralelamente com a importância que se foi dando à inteligência emocional. Por
tudo isto, estamos então agora num momento de viragem, em que se equilibra a rentabilidade com a felicidade, num momento em que as empresas e seus trabalhadores estão a reaprender o ato de ir trabalhar num novo conceito. As pessoas querem ser felizes, e para isso temos de adoptar o pensamento nórdico.

Neste pensamento, as pessoas não dizem aos filhos que vão trabalhar com um ar insatisfeito, mas sim com um ar feliz. Essa felicidade vem da forma como vêm o trabalho. Não apenas como uma necessidade de rentabilidade, mas também como uma forma de serem úteis e de serem felizes porque assim conquistam os seus sonhos mais diversos. Veem o trabalho de uma forma proactiva, e que as completa como pessoas activas numa sociedade. Ao contrário disso, nós vemos o trabalho como uma obrigação… um peso.

Esta diferente forma de ver uma mesma coisa, altera a forma de a executar, e aqui, entra o trabalho dos departamentos de Recursos Humanos e dos empresários, ou seja, entra a forma de motivar e educar os nossos trabalhadores. Mais do que premiar um desempenho, o importante é o motivar para esse desemprenho, pelo que a questão está na ordem das coisas, e não nas coisas em si. A produtividade de um trabalhador, consegue-se pela sua felicidade e/ou motivação, e não pela forma de o premiar. Na emergente cultura laboral, o que pesa é a felicidade de um trabalhador, e não a forma de o premiar. Eu não posso dizer ao meu carro que se ele andar bem, o premeio com uma dose de combustível…

Não! É ao contrário. Primeiro dou-lhe a dose de combustível, e depois disso pratico uma condução de forma a tirar a melhor rentabilidade do carro com ela, enquanto paralelamente estou atento a todas as revisões e cuidados necessários, para garantir que está nas melhores condições para me garantir uma boa prestação. Depois de tudo isto, depois de estar certo de que fiz tudo bem, que agi proactivamente, aí sim avalio o meu carro, e decido que tipo de utilização lhe posso dar, em função das competências demonstradas.

Neste momento, neste momento de viragem, encontramos de tudo. Temos empresas no top da felicidade das suas equipas, temos empresas que usam isso para efeitos de marketing, mas que na realidade essa não é a sua prioridade, e temos ainda outras, que ainda não perceberam esta mudança universal, e que continuam a ver os seus colaboradores como máquinas de produção. Depois há também muitas outras, que querem entrar neste novo mundo laboral, e ainda não perceberam que há profissionais, nomeadamente na área do coaching, que estão a fazer coisas incríveis por estas mudanças, e que estão disponíveis para trabalhar com as empresas, no sentido de as tornar mais produtivas, com um trabalho de envolvência e motivação para as tornar mais felizes.

Vamos lá? Façamos com que hoje, seja cada vez mais isso o que acontece… fazer as nossas equipas felizes.

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