Os 5 resets que é preciso fazer na forma como trabalhamos e vivemos
The Big Reset significa “A Grande Redefinição” da forma como trabalhamos, vivemos e criamos em um novo mundo pós-crise. A partir de estudos, pesquisas e artigos de Josh Bersin, referência global em Recursos Humanos, “The Big Reset” surge como um caminho para superar a pandemia e rever nossas prioridades e expectativas.
O site gupy reune as principais ideias.
The Big Reset: como tudo começou
A necessidade de um The Big Reset surgiu de forma brusca e, para a maioria de nós, inimaginável. Num dia a trabalhar, confraternizamos com os nossos familiares, encontramo-nos com os amigos ao fim-de-semana e levamos uma vida absolutamente normal. No outro já usamos máscaras, abrigamo-nos em nossas casas, fazemos videochamadas e mantemos uma distância de dois metros de qualquer pessoa que se cruze no nosso caminho.
Esse é o impacto da pandemia em todo o mundo todo e que nos levou a um momento paradoxal: ao mesmo tempo em que vivemos o distanciamento social, sentimo-nos mais próximos uns dos outros.
Parece que a pandemia, com apoio da tecnologia, acabou por aproximar as pessoas num momento em que estávamos tão distantes. Se qualquer pessoa pode ser contaminada, todos são vulneráveis, e isso cria uma atmosfera de solidariedade e de conexão humana.
No contexto corporativo, por exemplo, a única forma das empresas sobreviverem a esta crise foi garantindo a segurança dos seus colaboradores, reforçando a importância da humanização das relações de trabalho.
Contexto actual do The Big Reset
Para entender o contexto do The Big Reset, precisamos de considerar que a última grande crise que mobilizou a sociedade e as empresas a nível global ocorreu em 2008, a crise do subprime.
Desde então, experimentamos um crescimento constante, com crescimento do PIB e do empregos, com a transformação digital e futuro do trabalho.
Nos Recursos Humanos a prosperidade também foi notória nestes últimos anos: só nos EUA, mais de 4 mil HR Techs surgiram com soluções tecnológicas inovadoras para a área, segundo dados publicados por Josh Bersin em 2020.
Mas, surgiram muitos desafios a combater nos Recursos Humanos:
- Desigualdade crescente;
- Distância entre casa e empresa cada vez maior;
- Índices alarmantes de stress, ansiedade e síndrome de burnout;
- Queda brusca da taxa de fertilidade global.
Vemos então que as mudanças não tornaram as empresas e a sociedade verdadeiramente mais humanas — daí a necessidade de uma Grande Redefinição para seguir em frente.
The Big Reset e as 5 grandes redefinições
- Redefinir o trabalho
A primeira grande redefinição que temos pela frente é fazer com que o trabalho remoto prospere. Nos últimos anos, acreditámos que a transformação digital seria revolucionária, mas acabámos a lutar contra e-mails, reuniões, videoconferências e projectos intermináveis. Nesse ritmo intenso, nunca sabíamos a hora de parar, e esse excesso comprometeu a nossa produtividade, saúde e bem-estar.
Por isso, hoje não temos outra escolha senão estabelecer o trabalho remoto como novo padrão. Os benefícios são muitos: maior proximidade com a família, mais produtividade, trabalho mais significativo e altos níveis de engajamento.
O desafio é saber como conduzir essa transição para o home office, já que é preciso definir normas, práticas e comportamentos para que as pessoas atinjam o seu potencial máximo trabalhando à distância. - Simplificar processos
Um facto comum a todas as empresas neste momento é o corte nos orçamentos, considerando a recessão económica que ainda deve se estender durante o The Big Reset. Como consequência, muitas recorrem aos despedimentos e ajustes de colaboradores, acreditando que assim vão conseguir cortar custos. Mas, antes de tomar uma decisão drástica, é importante saber que as empresas sofrem uma perda de 20% da sua produtividade após despedir colaboradores, segundo um estudo da Harvard Business Review publicado em 2018 — fora os custos para contratar e treinar novas pessoas.
Por isso, o melhor caminho para fazer mais com menos na Grande Redefinição é reduzir o volume de processos e actividades, desburocratizando as empresas. A meta é livrar-se da carga de complexidade do passado e construir um futuro com negócios mais simples, objectivos e humanos. Uma dica para ajudar na tarefa é usar o design thinking como metodologia para entender as necessidades dos colaboradores na altura de simplificar processos. - Redefinir a liderança
A terceira grande redefinição é mudar radicalmente as lideranças para um modelo mais empático, positivo e transparente. Escuta activa, curiosidade, mentalidade aberta e valorização da diversidade são exemplos de requisitos indispensáveis para os líderes da nova realidade pós-crise, que devem ser capazes de pensar primeiro nas pessoas e depois nos resultados. É claro que vão continuar a ser orientados pela performance financeira, mas terão consciência de que é impossível prosperar sem garantir a segurança, o bem-estar e a satisfação dos colaboradores. - Redefinir a confiança
A quarta grande redefinição é sobre a confiança, que sofreu imenso desgaste nos últimos anos. De acordo com o Trust Barometer da Eldeman, apenas um terço dos colaboradores das empresas confiam no CEO, enquanto 56% das pessoas nem sequer confiam no próprio capitalismo. Para melhorar esse cenário é preciso implementar três pilares para recuperar a confiança:
Ética: priorizar sempre a verdade, mesmo que o futuro seja incerto;
Competência: não aceitar a mediocridade;
Voz: ouvir todas as pessoas de forma activa e frequente. - Redefinir o RH
É preciso posicionar definitivamente os Recursos Humanos no seu papel estratégico e transformador. Nunca a área esteve tão presente na tomada de decisões, e o The Big Reset exige um RH que crie valor para as organizações e que eleve o envolvimento.
É altura para o RH mostrar a sua principal função: ajudar as pessoas a prosperarem e os líderes a guiarem as equipas.