A IA deve usada nas candidaturas a empregos? Especialistas de RH dão a resposta

Candidatar-se a um emprego é algo trabalhoso e demorado, já que a prática recomenda que o currículo e a carta de apresentação sejam personalizados para cada vaga de emprego. Com a ascensão da Inteligência Artificial (IA), há quem esteja a usá-la para agilizar os processos de candidatura. A Newsweek conversou com especialistas para descobrir se recorrer à IA numa candidatura a emprego é uma aposta ganha ou nem por isso.

 

E, como em quase tudo, as opiniões variam.

David Reed, Global head of Talent Acquisition da Sedgwick, empresa de gestão de sinistros, disse que é importante considerar os dois lados da moeda ao submeter uma candidatura de emprego usando IA Generativa (GenAI).

«Um bom uso da GenAI está por exemplo na construção de uma base sólida na procura de emprego, aproveitando esta tecnologia para ajudar a identificar empregos de interesse e gerar e personalizar currículos e cartas de apresentação para ter uma melhor possibilidade de a candidatura ser analisada», explica.

Contudo, acrescenta que esta tecnologia pode levar potencialmente a uma representação enganadora do candidato, se não houver uma revisão adequada dos documentos antes de os enviar.

«No geral, a GenAI tem benefícios para quem procura emprego, mas o elemento humano tem de estar sempre envolvido, especialmente na verificação de quaisquer materiais produzidos por IA antes de os partilhar com as empresas», realça.

Para Kyle Samuels, fundador e CEO da Creative Talent Endeavors, que está no mercado de recrutamento há duas décadas, «copiar cegamente» o que a IA gera como carta de apresentação e candidatura de emprego devia ser um «pecado capital no processo de contratação».

E garante que os responsáveis de recrutamento se tornaram «especialistas» em detectar onde a IA foi usada e observa que, a menos que o candidato treine muito bem a ferramenta de IA, «ela não reflectirá nenhum aspecto da sua personalidade que possa diferenciá-lo dos outros».

«Ainda há imenso valor em fazer a própria pesquisa sobre uma empresa e adoptar uma abordagem personalizada na organização do currículo e na composição de uma carta de apresentação que reflicta o conhecimento e interesse do candidato na função – e os recrutadores têm bom olho para detectar esse grau de autenticidade.»

Independentemente do cargo da vaga, «a IA ​​deve ser usada apenas como um ponto de referência. Deve ser o primeiro rascunho de um rascunho que o candidato depois moldará na sua própria voz e mostrará a sua dedicação à função».

Daniel Space, HR business partner, partilhou que, pela sua experiência do lado dos empregadores, a IA pode ser usada como uma ferramenta para ajudar nas candidaturas, currículos e cartas de apresentação, pois «cria conteúdo muito mais rapidamente e é muito mais fácil de reagir e ajustar algo do que criar tudo do zero».

Também pode ajudar profissionais com dificuldades em articular as suas conquistas a «adaptar e focar a sua mensagem», acrescenta, mas alerta que não deve «ser usada em demasia ou cegamente».

Embora os empregadores não estejam, a seu ver, a «penalizar» os candidatos que usam IA, irão «favorecer candidatos que garantem algo personalizado» em vez de copiar e colar um prompt do ChatGPT.

«O objectivo de um currículo é destacar-se, mas se 100 pessoas usarem o ChatGPT para escrever um currículo com a mesma descrição de cargo, aquele candidato será mais um no meio daqueles 100», argumentou.

«O melhor é ver a IA como uma ferramenta. Usá-la para fazer brainstorming, para dar um ponto de partida, mas certifique-se de editar, actualizar e personalizar os resultados», aconselha.

Justin Marcus, CEO da www.bigfourtalent.com, pergunta «Desde que seja honesto e verdadeiro, por que penalizar alguém por usar um serviço que o ajuda a articular melhor a sua experiência?». «O melhor caminho seria usar a IA para ajudar a articular melhor secções do CV, depois rever e garantir que pareça mais humano», explica.

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