Accenture: Encorajar o “verdadeiro eu” no local de trabalho

A Accenture promove uma cultura inclusiva e diversa, o que permite enriquecer a sua visão e gerar valor para o negócio.

 

Com mais de 4500 profissionais em Portugal, de 57 nacionalidades, a Accenture orgulha-se de ser líder global em transformação digital, graças ao talento dos seus mais de 710 mil colaboradores em 120 países. Mónica Rosendo, directora de Recursos Humanos da Accenture, fala-nos do propósito da organização de cumprir a promessa da tecnologia e da criatividade humana e o compromisso para com os clientes de acelerar uma cultura igualitária para todos. E isso passa, também, pela promoção de princípios de Diversidade e Inclusão (D&I).

 

Como se caracteriza a estratégia da Accenture no que diz respeito à diversidade, inclusão e igualdade de género?
Consideramos que uma cultura igualitária é fundamental não só para o bem-estar, engagement e sentimento de pertença das nossas pessoas, mas também para o nosso sucesso como empresa. Está provado que os colaboradores que se sentem respeitados e integrados, acabam por evoluir naturalmente em termos do seu desenvolvimento, performance e progressão profissional.

Esta preocupação é materializada sob diversas formas. A título de exemplo, com a adesão de Portugal ao iGen – Fórum Organizações para a Igualdade, a Accenture comprometeu-se com um conjunto de acções e metas a realizar, entre as quais, a elaboração de um Plano de Igualdade de Género, de actualização anual, que demonstra o que já foi alcançado e qual o caminho que pretendemos seguir – ressalvando assim a importância da igualdade para a nossa empresa. Com esta ambição em vista, a fim de dar visibilidade aos nossos esforços e compromisso com a igualdade entre homens e mulheres e com uma igualdade de oportunidades reais e efectivas dentro da empresa, estamos neste momento a trabalhar na próxima edição, com foco no desenvolvimento profissional e carreira das nossas colaboradoras e colaboradores.

 

Esta trata-se de uma estratégia global da Accenture, ou localizada? Quais são as especificidades?
Entendemos que existe um maior proveito na adaptação de uma estratégia global para uma mais localizada e adaptada que permita incorporar as boas práticas globais e, simultaneamente, alinhar os vários pontos à realidade de cada país e de cada cultura, procurando-se maximizar o potencial de cada colaborador.

No contexto português, as áreas de engenharia e mais tecnológicas foram, durante muitos anos, associadas a profissionais do género masculino. Por sua vez, as mulheres não tinham tantas qualificações ou oportunidades na área – uma realidade que felizmente tem sido manifestamente alterada. Neste nível, destacamos os objectivos da Accenture Portugal de recrutamento de mulheres com qualificações STEM – Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática.

Com o apoio da organização Women in Tech, temos ido mais longe e começamos a estar presentes em acções junto do ensino secundário e básico, porque o ideal é que o interesse comece desde muito cedo. Como resultado, temos trabalhado na consciencialização de que as mulheres podem ter carreiras de sucesso na área tecnológica.

 

Que programas se destacam habitualmente, ao longo do ano, neste âmbito?
Acima de tudo, procuramos que a inclusão parta de cada um de nós, promovendo uma cultura inclusiva em tudo o que fazemos no dia-a-dia, onde cada um se sinta aceite e encorajado a trazer o seu “verdadeiro eu” para o local de trabalho. Para desenvolver e fomentar esta cultura, contamos com programas e iniciativas desenvolvidas com esse intuito e com uma política de tolerância zero face à discriminação.

Este ano, dando continuidade à nossa estratégia e programas desenvolvidos, prosseguimos com acções como o evento do Dia Internacional da Mulher e programas como o FlexAbility, que oferece apoio económico aos colaboradores com deficiência e ou incapacidade permanente ou temporária, superior a 60%; o P2P Mentoring program, cujo objectivo é apoiar e acompanhar os nossos colaboradores no regresso pós-licença parental, através de colegas-mentores que já tenham enfrentado o mesmo desafio; e também, a Quinzena Truly Well-being, uma iniciativa anual inteiramente dedicada ao bem-estar.

Realizámos, entre muitas outras, uma sessão de “mental well-being”, onde foram abordados temas no âmbito do truly human, saúde mental e novos hábitos. Estes programas fazem parte do nosso funcionamento e são parte das ferramentas que disponibilizamos e que nos ajudam a alcançar um maior bem-estar e inclusão na Accenture.

 

Que tipo de envolvimento os colaboradores têm nestes programas e qual a taxa de participação?
Para impulsionar a diversidade dentro da organização, com a finalidade de enriquecer a nossa visão e gerar valor para o negócio, contamos com um Comité de Inclusão e Diversidade, integrado por profissionais das diferentes áreas corporativas e de negócio da empresa, representantes dos diversos pilares de Inclusão e Diversidade (género, LGBTI+, pessoas com deficiência e/ou incapacidade e saúde mental, multiculturalidade e gerações). Aliado a este Comité e aos seus pilares, temos uma rede constituída pelos seus respectivos Champions e Allies, colaboradores da Accenture que nos ajudam a promover a Inclusão e Diversidade e a cumprir os objectivos definidos no plano estratégico.

Por exemplo, a nossa rede de LGBTI+ Allies, integrada por mais de 15% dos nossos colaboradores assume um papel muito relevante no acompanhamento de profissionais pertencentes à comunidade, para que se sintam únicos, independentemente da sua orientação sexual ou expressão de género. Para além disso, em alguns programas, como na Quinzena Truly Well-Being, onde contámos com aproximadamente 40% de presenças face ao número do nosso headcount, os próprios colaboradores são parte integrante do evento, sendo que dinamizam algumas acções, partilhando com os colegas os seus talentos, ou algum hobbie ou actividade que dominam.

No P2P mentoring program, os colaboradores são quem constitui a rede de mentores e mentees. Estas estratégias permitem-nos atrair, desenvolver, inspirar e reconhecer os melhores talentos. Para além disso, cria um ambiente que promove a inovação, permite que as nossas pessoas tenham um melhor desempenho e sustenta uma cultura na qual todos sentem que têm as mesmas oportunidades.

 

Quais os desafios ou os obstáculos que ainda se apresentam no que diz respeito a estas temáticas?
Ainda existe muito estigma na sociedade no que respeita às características únicas de cada pessoa, não só consciente, mas também inconsciente, sendo necessário desconstruí-lo e quebrar esta barreira para que se viva uma maior, mais genuína e mais sentida inclusão. Para isso, acreditamos que cada um de nós tem um papel fundamental, pelo que se torna importante a sensibilização para estes temas, bem como a disponibilização de ferramentas e conhecimento neste sentido, como formação, canais de suporte e contactos de referência.

A nível organizacional é ainda fundamental que se aborde o tema da inclusão e diversidade de forma transversal. É necessário que este compromisso seja materializado através de um plano estratégico que evidencie medidas concretas para garantir as mesmas oportunidades para todos. Claro que este plano deve sempre derivar de um diagnóstico prévio. Nas empresas, a inclusão deve ser uma prioridade da liderança. As empresas devem partilhar externamente as suas metas e compromissos, sendo também essencial a comunicação, interna e externa, de quais são as metas, qual o plano de acção e que iniciativas vão ser colocadas em prática.

 

Apesar dos desafios, considera que existe um maior awareness e maior acção da sociedade em torno destes temas? Porquê?
De facto, temos assistido a um gradual aumento na preocupação com a Inclusão e Diversidade, a nível nacional – o que acompanha a tendência global. Para além do valor acrescentado evidente, promovido por um headcount diverso, em termos de inovação, criatividade e mesmo produtividade, este tema é também, na actualidade, um factor que impacta directamente a atracção e retenção das pessoas nas empresas.

De facto, temos vindo a assistir a um desenvolvimento de um certo grau de exigência por parte da actual geração de candidatos, no que toca aos critérios de selecção da empresa onde escolhem dar o seu contributo.

Esta selecção vai muito para além daquilo que são os aspectos remuneratórios, e passa pela procura de uma empresa atenta, que se preocupa verdadeiramente com a responsabilidade social e inclusão e diversidade, e que desperta genuinamente uma identificação por parte dos candidatos com os seus valores e missão. Assim, é do interesse das empresas investirem em planos estratégicos de I&D e responsabilidade social em conformidade com a realidade em que estamos inseridos e que possam responder a este nível de exigência.

 

Actualmente, quais é que são os aspectos a melhorar e as prioridades para o futuro próximo?
Há sempre margem para melhoria e aperfeiçoamento dos nossos programas, o que nos faz trabalhar continuamente nestes temas e adaptar os nossos KPI, para ir ao encontro das necessidades das nossas pessoas, e respondendo também à constante evolução daquela que é a nossa realidade.

 

Que boas práticas se destacaram no último ano?
A nossa Quinzena Truly Well-Being teve aproximadamente o dobro do alcance da edição do ano passado, o que consideramos ser um factor de destaque. Mais do que uma boa prática, consideramos que é o compromisso, consistência e coerência da nossa estratégia de Inclusão e Diversidade o que mais que se destaca.

 

Qual o impacto destes temas na área de negócio da Accenture?
Ao respeitar as culturas individuais e as origens únicas de todas as nossas pessoas, transcendemos geografias, impulsionamos a inovação e apoiamos melhor os nossos clientes em todo o mundo – o que tem um impacto óbvio e directo no nosso próprio negócio. Não apenas do ponto de vista reputacional, mas também na perspectiva de valorização do talento e inclusão.

É com uma comunidade diversa que melhor se criam e debatem ideias. Acreditamos que esta visão e políticas devem estar integradas no dia-a-dia das empresas e fazer parte dos códigos internos e projectos desenvolvidos.

Desta forma, a diversidade é, para nós, um imperativo do ponto de vista social e do negócio. Trata-se de um factor-chave não só para o sucesso, criatividade e capacidade de inovação da empresa, mas também como um reflexo da sociedade em que estamos inseridos.

Assim, procuramos que as nossas equipas sejam diversas em todos os sentidos, cientes de que este é o nosso mais valioso recurso. Ambicionamos que cada uma das nossas pessoas, com as suas diferenças, não só se sinta confortável na Accenture, mas sinta que o seu “verdadeiro eu” é bem-vindo e encorajado.

Acreditamos que de nenhuma outra forma é possível atingirem o seu potencial máximo e darem o seu melhor contributo, o que irá evidentemente ter um impacto directo e muito positivo no negócio.

 

No que diz respeito à igualdade de género, como está distribuída a população da Accenture Portugal?
Temos o compromisso global de atingir a paridade em 2025 e, a cada ano, aproximamo-nos cada vez mais de cumprir essa meta. Actualmente, as mulheres representam 44% da nossa força de trabalho e 33% da equipa de liderança.

 

Em termos gerais, o que considera importante mudar nas empresas para uma maior inclusão de todos?
É relevante começar pela cultura, pelo dia-a-dia. A verdade é que a inclusão, ou a falta dela, se sente na rotina, sendo importante trabalhar o sentimento de pertença e engagement dos colaboradores. É crucial ter-se também presente que não devemos querer mudar o que está mal sozinhos, pelo que não devemos ter medo de pedir ajuda e nós, orgulhosamente, contamos com o apoio de alguns parceiros que nos ajudam a atingir os nossos objectivos e que, através da partilha e experiência, nos guiam neste caminho.

 

Da experiência que a Accenture tem com outros países, Portugal está bem posicionado em matéria de diversidade/inclusão/ igualdade?
A Accenture é considerada uma das empresas mais diversas e inclusivas do mundo e assume a liderança em rankings altamente relevantes, sendo número 1 no Bloomberg Gender-Equality Index. Esta distinção resulta de uma atenção e de um compromisso muito fortes para com as nossas pessoas, cientes de que agimos alinhados com valores globais que se materializam em território nacional, guiando-nos pelo mindset “together, we are greater than ever”.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Igualdade, Diversidade e Inclusão” publicado na edição de Agosto (n.º 140) da Human Resources.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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