Alunos imigrantes nas escolas portuguesas aumentaram 160% em cinco anos
O número de alunos imigrantes nas escolas portuguesas aumentou 160% nos últimos cinco anos, estando o Ministério da Educação a preparar um conjunto de mecanismos para as escolas conseguirem integrar estas crianças e jovens, anunciou o ministro.
«Entre 2018/19 e 2023/24 temos um aumento de mais de 160% de imigrantes no ensino básico e secundário», revelou o ministro da Educação, Ciência e Inovação (MECI), Fernando Alexandre, durante a apresentação do relatório da OCDE «Education at a Glance 2024», que decorreu no Teatro Thalia, em Lisboa.
Se em 2019, havia cerca de 53 mil alunos estrangeiros nas escolas portuguesas, que representavam 5,3% do total de matriculados, no ano passado, eram já 140 mil e representavam 13,9% do total de alunos, segundo dados do relatório da OCDE.
«Este é um dos grandes desafios na Educação», anunciou o ministro, sublinhando que a tendência de diminuição de alunos nas escolas portuguesas foi interrompida com a chegada destas crianças e jovens estrangeiras.
Só nos últimos dois anos inscreveram-se mais de 70 mil novos alunos: 39.500 em 2022/2023 e 33.500 no ano passado.
«São mais de 30 mil alunos estrangeiros por ano a entrar no nosso sistema de ensino e estão no país todo. Isto coloca-nos imensos desafios», reconheceu o ministro que disse que «muito em breve» serão anunciadas medidas para que as escolas tenham instrumentos para lidar com esta nova realidade.
Actualmente, 14% dos alunos do ensino básico e secundário são estrangeiros e por detrás desta média nacional escondem-se realidades locais, como é o caso de Lisboa ou do Algarve, onde «a media é muito mais elevada», contou.
Entre os principais desafios para os professores está o facto de cerca de 25 a 30% destes novos alunos não falarem português, reconheceu o ministro, que defendeu que a chegada destes alunos deve ser vista como «um problema bom».
«Trágico e deprimente seria continuar a fechar salas e escolas», disse, sublinhando que Portugal não tem futuro sem imigração.
«A integração dos imigrantes é essencial para o funcionamento da nossa economia, mas sobretudo para que a nossa sociedade se mantenha coesa. A integração dessas pessoas passa pela educação e começa nos filhos desses imigrantes. Se falharmos na educação vamos falhar na nossa política de migração», concluiu o ministro, durante a apresentação do relatório anual da OCDE.
O estudo mostra ainda que também são cada vez mais os estudantes estrangeiros que escolhem instituições de ensino superior portuguesas para estudar.
A proporção de estudantes internacionais ou estrangeiros entre todas as inscrições no ensino superior aumentou em quase todos os países entre 2013 e 2022. «Em Portugal, aumentou de 4% para 12%», refere o estudo.
Mas o aumento mais substancial registou-se entre os inscritos em programas de mestrado ou equivalentes, que passaram de 10% em 2013 para 15% em 2022, em média, nos países da OCDE. Em Portugal, o aumento foi superior a 10 pontos percentuais: subindo de 5% para 15%.