APDC e XRSI estabelecem parceria para enfrentar «desafios do metaverso» em rápida evolução

A parceria entre a XRSI e a APDC-Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações visa enfrentar «os desafios do metaverso em rápida evolução», diz, em entrevista à Lusa, a fundadora e presidente executiva da fundação, Kavya Pearlman, que elenca ainda cinco estratégias para Portugal.

 

A X Reality Safety Intelligence (XRSI) é uma organização com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, e em Torino, Itália, que se dedica a fornecer serviços de inteligência e consultoria vitais para protecção e o bem-estar dos ecossistemas de tecnologias emergentes.

«A parceria entre a XRSI e a APDC foi criada para enfrentar os desafios do metaverso em rápida evolução, com foco em questões como a segurança cibernética, segurança e privacidade», afirma Kavya Pearlman.

Ao incentivar as organizações a abordar «estas questões com responsabilidade, pretendemos promover uma cultura de uso seguro e ético da Internet», assevera.

O metaverso é um universo virtual que tenta reproduzir a realidade e utiliza tecnologias como a realidade virtual e a realidade aumentada e onde é possível criar um avatar, falar com pessoas, jogar, fazer compras entre outros.

Kavya Pearlman, que participou no último congresso da APDC, salienta que esta colaboração «é voltada para a promoção de um futuro digital seguro, inclusivo, democrático» e dirigido para os direitos humanos, «com o objectivo de impactar positivamente a saúde socioeconómica das regiões e moldar as decisões políticas sobre segurança em XR, IA [inteligência artificial], computação espacial e outras tecnologias emergentes».

A chave da estratégia colectiva é copromover recursos educacionais, organizar eventos, criar programas de formação e ajudar as organizações na condução de atividades comerciais éticas e responsáveis no metaverso, diz.

Essencialmente, «a parceria XRSI-APDC é um apelo à ação para profissionais de media, tecnologias de informação e telecomunicações se unirem nos esforços de criar um metaverso mais seguro e positivo», sublinha.

Questionada sobre como pode Portugal promvoer a privacidade e segurança nas tecnologias em Portugal, Kavya Pearlman refere que «promover a privacidade e a segurança nas tecnologias é um desafio multifacetado que requer uma abordagem abrangente», apontando algumas estratégias que o país poderia considerar.

Entre elas está a legislação e regulamentação: «Portugal, como membro da UE, já é regido pelo RGPD para protecção de dados e privacidade, no entanto, o país pode desenvolver regulamentos adicionais localizados que atendam a necessidades específicas ou áreas não cobertas pela legislação em toda a UE», diz.

Esses regulamentos «podem definir padrões de privacidade e segurança no desenvolvimento e uso de tecnologia e fornecer mecanismos para aplicação e reparação em caso de violações», salienta aquela que é considerada cyber guardian [guardiã cibernética]. Outra das estratégias são as parcerias público-privadas.

«Portugal pode fomentar parcerias entre o Governo, a indústria e o meio académico para promover a investigação e inovação em tecnologias seguras e de preservação da privacidade. Essas parcerias podem levar ao desenvolvimento de tecnologias domésticas que priorizam a privacidade e a segurança do utilizador desde o início, atendendo às necessidades específicas do mercado profissional de onde provêm».

Depois, defende a necessidade de «aumentar a conscientização sobre a importância da privacidade e segurança entre o público em geral e dentro das organizações é crucial».

Isto pode ser feito através de eventos dedicados, programas de formação e educacionais, workshops e campanhas que alertem sobre tema e «garantir que os indivíduos e empresas entendam o valor da privacidade e da segurança», o que promove melhores práticas e impulsiona a procura por tecnologias mais seguras.

Outra estratégia para Portugal apontadas por Kavya Pearlman são incentivos para práticas seguras, em que o Governo os pode facultar «às empresas que demonstrem um forte compromisso com a privacidade e a segurança».

Estes incentivos, salienta, «podem ser na forma de isenções fiscais, subsídios ou programas de reconhecimento».

Por último, infraestruturas de cibersegurança: «Portugal deve investir em infraestruturas robustas de cibersegurança para protecção contra ameaças à segurança, incluindo as decorrentes da utilização de tecnologias relacionadas com o Metaverso».

De acordo com Kavya Pearlman, «isso inclui estabelecer agências de cibersegurança dedicadas, investir em tecnologias de ponta de defesa cibernética e criar uma força de trabalho qualificada capaz de se defender contra ataques cibernéticos sofisticados que utilizam essas tecnologias«.

Assim, ao implementar estas estratégias (cinco), «Portugal pode criar um ambiente onde a privacidade e a segurança são priorizadas no desenvolvimento e uso de tecnologias. Na verdade, é aqui que a XRSI espera ajudar a fornecer a orientação e o conhecimento necessários», remata.

 

É preciso ter cautela para evitar legislar muito cedo o metaverso
A fundadora e presidente executiva da organização X Reality Safety Intelligence (XRSI) considera, em entrevista à Lusa, que deve-se ter cautela para evitar legislar «muito cedo» e garantir a adaptabilidade à natureza evolutiva do metaverso, universo virtual que tenta reproduzir a realidade.

A X Reality Safety Intelligence (XRSI) é uma organização com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, e em Torino, Itália, dedicada a fornecer serviços de inteligência e consultoria vitais para proteção e o bem-estar dos ecossistemas de tecnologias emergentes.

Kavya Pearlman é apelidada de «guardiã cibernética», um rótulo que lhe foi atribuído quando as pessoas começaram a perceber que estava a proteger duas economias virtuais no Linden Lab, em 2018.

«Desde então, muita coisa mudou na indústria de tecnologia e muitos outros avanços estão a ocorrer numa taxa exponencial. Tudo isso me faz sentir um imenso senso de responsabilidade para encontrar todas as formas possíveis de salvaguardar o ecossistema tecnológico emergente», conta à Lusa.

«Mais especificamente, estamos passando da pós-verdade para a era da pós-realidade de captura constante da realidade e estou preocupada com Humans in the loop e Society in the loop, que tradicionalmente não tem sido uma parte abordada sobre os riscos associados às tecnologias. Como uma guardiã cibernética, isso é algo em que passo muito tempo a ajudar a descobrir como podemos consciencializar todas as partes interessadas, incluindo cidadãos globais, sobre os riscos e desafios que estão prestes a enfrentar devido aos novos avanços tecnológicos em ritmo acelerado ritmo».

Questionada como regular o metaverso, um universo que não existe, Kavya Pearlman refere que isso ainda «está no seu estágio inicial» e apresenta «desafios únicos».

O metaverso é um universo virtual que tenta reproduzir a realidade e utiliza tecnologias como a realidade virtual e a realidade aumentada e onde é possível criar um avatar, falar com pessoas, jogar, fazer compras entre outros.

Certas questões das vidas digitais, como a privacidade de dados, segurança e concorrência, «podem ser amplificadas no metaverso, tornando vitais» as considerações iniciais sobre regulação, prossegue.

«Os regulamentos digitais existentes da UE, como o Regulamento Geral de Protecção de Dados (RGPD), podem aplicar-se indiretamente ao metaverso, sugerindo que alguma infraestrutura regulatória já está em vigor», aponta.

No entanto, «deve-se ter cautela para evitar legislar muito cedo e garantir a adaptabilidade à natureza evolutiva do metaverso. A regulamentação também precisa considerar a colaboração internacional, dada a natureza global da tecnologia e a necessidade de proteção e privacidade do consumidor», defende Kavya Pearlman.

Assim, aprender com a regulamentação com tecnologias que se desenvolvem rapidamente como a inteligência artificial (IA) uma abordagem semelhante «pode ser benéfica para o metaverso», dedicando tempo para desenvolver regulamentações maduras que possam adaptar-se ao ritmo previsto de mudança.

No essencial, a questão «não é sobre a necessidade de regulamentação, mas sim sobre o seu tempo e metodologia».

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