Apenas três em cada 10 gestores se sentem entusiasmados no seu trabalho. E isso impacta o bem-estar e engagement daqueles que lideram

As novas exigências de flexibilidade e o aumento do risco de problemas de saúde mental dos trabalhadores contribuem para a já difícil tarefa de gestão. Em 2023, a Gallup revelou que um em cada cinco profissionais relatou sentir solidão, raiva ou tristeza durante grande parte do dia anterior, e quatro em cada 10 sentiram um elevado nível de stress.

 

Entre as várias responsabilidades assumidas pelos gestores, o seu papel de inspirar as suas equipas nunca foi tão urgente como agora. E estão numa posição única para conhecer as necessidades específicas, objectivos de carreira e situação de vida profissional de cada colaborador.

Mas há um problema: muitos gestores não estão completamente envolvidos nos seus trabalhos, o que significa que as probabilidades de promoverem o engagment e melhorarem o bem-estar daqueles que lideram são baixas.

Três em cada 10 gestores em todo o mundo sentem-se engaged e entusiasmados no seu trabalho. A análise da Gallup a mais de 200 mil equipas lideradas por gestores descobriu que gestores mais envolvidos têm equipas mais envolvidas. Isto é crucial porque equipas altamente engaged produzem resultados de maior qualidade, têm mais emoções positivas e menos experiências negativas diariamente, e taxas de sucesso muito mais elevadas nas suas vidas no geral.

O recente relatório da Gallup State of the Global Workplace concluiu que esta ligação entre o envolvimento dos gestores e dos colaboradores se estende a nível nacional. Os países com uma percentagem mais elevada de gestores envolvidos têm, no geral, uma percentagem mais elevada de trabalhadores envolvidos. Os países que se encontram na metade superior de manager engagement têm duas vezes mais probabilidades de ter não gestores envolvidos.

Embora o manager engagement seja baixo a nível global, ainda é superior ao envolvimento dos não gestores. Os gestores também relatam taxas mais elevadas de prosperidade nas suas vidas em geral, tendem a ter salários e status social mais elevados. No entanto, muitos deles relatam sentir diariamente raiva, tristeza e preocupação, e experimentam tanto stress e solidão como os não-gestores. Uma grande preocupação é o facto de os gestores terem maior probabilidade de procurar novas oportunidades de emprego do que aqueles que gerem.

Fica claro que a melhoria da saúde mental no local de trabalho começa pela saúde mental dos gestores.

Se uma empresa quer aumentar o engagement da força de trabalho, deve dar prioridade a tornar o trabalho dos gestores o mais simplificado, envolvente e gratificante possível. Uma forma de o fazer é identificar e promover os melhores métodos de selecção e desenvolvimento de gestores com talento e competências para formar eficazmente na nova realidade do local de trabalho. Outra é reformular algumas responsabilidades da gestão, passando do trabalho administrativo para o coaching através de diálogo constante com colaboradores e feedback.

A Gallup estudou inúmeras organizações globalmente que já implementaram práticas para resolver problemas relacionados com o engagement e bem-estar dos gestores. Estas organizações bem geridas existem em todas as geografias e sectores, com uma média impressionante de três quartos dos gestores e sete em cada 10 não gestores envolvidos. Os líderes destas organizações de topo priorizam intencionalmente a cultura da empresa, começando pela qualidade dos gestores. Colocam grande ênfase em:

  • processo de contratação e desenvolvimento de gestores para serem coaches eficazes que se concentram principalmente no estabelecimento de metas, feedback contínuo e accountability
  • adoptar uma abordagem estratégica integrando o envolvimento e o bem-estar em todas as fases do ciclo de vida do colaborador: atracção, contratação, integração, gestão de desempenho e desenvolvimento
  • tornar visível e consistente o seu apoio ao bem-estar dos colaboradores, com uma abordagem holística que integra benefícios e recursos em vários domínios do bem-estar

Organizações bem geridas demonstraram que líderes e gestores podem ter um impacto significativo na saúde mental da força de trabalho através das culturas que constroem.

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