Arquétipo de marca ou a definição de uma personalidade organizacional
Organizações que têm personalidade bem definida conquistam mais facilmente a confiança do mercado, posicionando-se mesmo enquanto a melhor escolha nas decisões. Obviamente que sabem comunicar melhor, alavancando os seus melhores atributos.
Por António Saraiva, Business Development manager na ISQ Academy
Nesta perspectiva, podemos falar de arquétipo de marca, numa perspectiva de se praticar a humanização e, em consequência, se gerarem estratégias precisas de marketing, a partir de alguns empurrões emocionais. Conhecemos o conceito de arquétipo enquanto padrão responsável pela modelagem de pessoas, conceitos e criações, e até objectos. O psiquiatra Carl Jung acreditava que os arquétipos representavam as principais motivações básicas do ser humano.
Na verdade, o que está aqui em causa, afine-se ou não pela teoria da psicologia analítica, o que é relevante para uma análise mais concreta do comportamento organizacional é equacionarmos o equilíbrio de valores, premissas, traços de personalidade e crenças que existem nas organizações, enquanto teia de relações sociais e profissionais. A relevância de uns em relação a outros, muitas vezes não se esgota tão só nas suas competências da execução operacional, tem muitas vezes a ver com a relevância de uma personalidade que se posiciona de forma mais assertiva e que, no fim da linha, trabalha muito bem o que se designa de personal branding.
Mas o importante é o contributo para o atingimento das metas organizacionais. A riqueza de uma organização está sempre na forma como equaciona a teia de relações internas, independentemente do estádio funcional em que as suas pessoas se encontram. Tal como nas equipas de alto rendimento, o importante é a articulação entre os diversos membros. Que interessa ter o melhor jogador do mundo, se a equipa não o sintoniza? Da mesma forma, nas organizações produtivas, em que proliferam gurus e os mesmos correm em pista própria, sem a capacidade de perceberem que existe uma visão, uma missão que devem ser o farol a perseguir.
Assim como a partilha e a vivência dos valores que posicionam a marca do mercado. Desta forma, mais do que a soma de todas as personalidades individuais, o que resulta em sucesso é a representação da personalidade de uma dada marca. Os arquétipos existem justamente para fortalecer a essência deste posicionamento e gerarem uma oferta que vai para além das respectivas soluções e produtos. Respondem sim às necessidades identificadas, mas também deverão responder às implicações sociais e aos tais empurrões emocionais, que irão resultar no atingimento de resultados.
Percepcionamos, até pelo impacto do desenvolvimento tecnológico, maiores exigências do mercado. Globalmente, a sociedade está cansada de discursos ocos e de disfarce da realidade. Cada vez mais exige-se uma proposta de valor, concreta e definida, com resultados reais. Por isso mesmo se exigem marcas que tenham um propósito.
Falar-se de arquétipos não é moldar-se pessoas (não se confunda com manipulação), conceitos e outras criações. Falar-se de arquétipos é entender-se que, mais do que o gerar lucro, é estruturar-se uma estratégia de criação de condições para o pleno do desenvolvimento da personalidade de cada um, na sua rede de relações sociais e profissionais. E contribui para um melhor entendimento da visão de uma organização e gera forte transparência em todos os processos. Logicamente, atrai a apropriação de maior satisfação e motivação.